Médica que bateu em motorista de transporte por app em Salvador é intimada a depor; passageira xingou e deu tapas no homem


Caso aconteceu em Salvador, no fim de 2024, e repercutiu nas redes sociais na terça-feira (7). Video mostra momento em que trabalhador foi agredido pela passageira. Médica que agrediu motorista por aplicativo é intimada pela polícia
A médica que agrediu um motorista de transporte por aplicativo em Salvador foi intimada a prestar depoimento na Polícia Civil. A intimação foi feita nesta quarta-feira (8) após a vítima depor na 6ª Delegacia Territorial (DT/Brotas).
O caso em questão ocorreu no dia 26 de dezembro, mas repercutiu na terça (7) com a divulgação do vídeo que mostra as agressões. As imagens foram gravadas pelo próprio motorista, Luan Felipe de Araújo.
Na filmagem, a médica Fedra Emanuela Aquino Barreto desfere tapas no homem e o chama de “imbecil” repetidas vezes porque ele se recusou a entrar em um condomínio no bairro Horto Florestal, área nobre da capital baiana. O g1 não conseguiu contato com ela até a publicação desta reportagem. [Veja mais abaixo]
Em entrevista ao portal, Luan Felipe disse que prestou queixa no mesmo dia. A Polícia Civil instaurou uma investigação e colheu o relato formal dele nesta quarta.
“Assim que a gente ouviu o Luan, a gente expediu uma intimação pra que essa pessoa compareça pra poder prestar também esclarecimentos, a versão dos fatos sobre a ótica dessa pessoa”, disse o delegado Ramon Costa em entrevista à TV Bahia. A unidade policial manteve a data do depoimento de Fedra em sigilo.
Em meio a isso, o motorista move duas ações contra a médica. De acordo com o advogado dele, Josenor Costa:
um processo é por injúria, na vara criminal;
e o outro por danos morais, na vara cível.
Frada Emanuela é médica clínica, registrada desde 1994 no Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA) e é especialista em gastroenterologia. Procurado pelo g1, o Cremeb-BA informou que a médica responde por seus atos da vida civil nas instâncias competentes.
O órgão afirmou que fiscaliza o exercício da Medicina e julga eventuais desvios dentro do exercício profissional dos médicos da sua jurisdição. No entanto, lamentou os fatos e disse que espera que o processo legal seja obedecido.
“Eu não desço porque eu tenho medo de descer, eu tô cheia de joia”
O motorista Luan Felipe contou ao g1 que aceitou a corrida de Freda Emanuela pela Uber, no início da manhã do dia 26 de dezembro. Ele pegou a passageira no bairro do Canela e a levou à Rua Waldemar Falcão, no Horto Florestal, área nobre na capital baiana. Ao chegar no ponto de destino, em frente a um condomínio, o motorista e a passageira começaram a discutir porque ela exigia que ele entrasse no local.
Passageira agride motorista por aplicativo após homem recusar a entrar em condomínio
“Ela me pediu pra entrar no condomínio de uma forma agressiva. Ela foi super mal educada como se eu tivesse obrigação”, relatou o trabalhador.
O motorista afirmou que decidiu começar a gravar a conversa ao perceber que a mulher estava exaltada, proferindo insultos a ele. O vídeo mostra o momento em que ela o xinga, avança para a frente do carro e bate no homem. [Assista acima]
👉 “Eu nunca ouvi ninguém dizer uma coisa dessa pra mim. Nenhum uber, nenhum táxi, ninguém”, disse a mulher, ouvindo de Luan que não tinha “necessidade de entrar” [no condomínio]. O motorista avisou que já estava com outra corrida em espera e, então, a mulher começou a gritar:
“Não, eu não desço porque eu tenho medo de descer, eu estou cheia de joia. (…) Por favor, entre! O senhor vai entrar sim porque eu não vou ficar na rua”.
👉 Ela tentou tomar o controle do volante e desferiu diversos tapas no rosto e no braço de Luan Felipe enquanto repetia: “você vai entrar sim”.
👉 Depois disso, o motorista avisou que ela iria sair do carro imediatamente. Foi aí que os dois saíram do veículo e é possível ouvi-lo dizer que “está gravado”.
Passageira bate em motorista de Uber em Salvador
Reprodução/Redes Sociais
Apesar das agressões, Luan demonstrou calma durante o vídeo. Ele trabalha como motorista por app há cerca de um ano e meio e nunca tinha enfrentado situação semelhante.
“Um pouco mais à frente [do condomínio], tem uma farmácia. Eu parei pra espairecer porque a ficha só cai depois do ocorrido. Fiquei sem rodar o resto do dia 26, só voltei no dia 28”.
O trabalhador disse que logo entrou em contato com um advogado, prestou queixa contra a passageira e acionou o suporte da Uber. A plataforma se desculpou pela situação, apagou a avaliação negativa feita pela mulher e informou a ele que iria bloqueá-la.
Procurada pelo g1, a Polícia Civil confirmou o registro da ocorrência na 6ª Delegacia Territorial (DT/Brotas). A unidade trata o caso como injúria e vai colher depoimentos para esclarecer os detalhes do caso.
O portal também procurou a assessoria de comunicação da Uber, que lamentou a situação e ressaltou que “considera inaceitável o uso de violência”. A conta da usuária foi banida da plataforma.
Além disso, a Uber informou que conta com um canal de suporte psicológico, desenvolvido em parceria com o movimento MeToo, que foi disponibilizado ao motorista. A empresa acrescentou que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação.
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