“O desespero na prisão me levou a tentar o suicídio”, afirma Fernando de Faveri, em entrevista ao Jornal da Guarujá

O Jornal da Guarujá teve a oportunidade de conversar na manhã desta segunda-feira, 29, com Fernando de Faveri, prefeito de Cocal do Sul. Recentemente, o prefeito passou 29 dias na prisão.

“Eu ainda não consigo compreender o que aconteceu. Recebi de forma tranquila, a equipe do GAECO em minha casa. Mostrei minhas armas e expliquei sobre munições antigas que pertenciam ao meu pai, já falecido. Depois, fomos à prefeitura onde mostrei todos os documentos necessários. No entanto, fui levado à delegacia e, posteriormente, para a penitenciária, sem uma explicação plausível”, relatou.

Ele destacou a falta de uma audiência de custódia adequada e a confusão que se seguiu. “Os três primeiros dias foram particularmente difíceis. Pensava em suicídio, pois não entendia o motivo da prisão e sentia que minha vida estava desmoronando. Fiquei em uma cela com 12 pessoas, quatro dormindo no chão, sem ver o sol por 29 dias. Foi um período de sofrimento intenso e inexplicável”, descreveu.

Investigação

A investigação que levou à prisão de Faveri envolvia um contrato com uma empresa de Brasília. A empresa em questão oferecia o trabalho de agendamento para reuniões com os ministérios, entrega de documentos para captação de recursos. “O contrato foi para assessoria na captação de recursos federais. O valor de R$ 48 mil era para manter uma base em Brasília, algo comum entre prefeituras. Não houve qualquer irregularidade”, afirmou.

“Fiquei sabendo que o contrato estava sendo investigado e, somente após quatro dias de detenção, fui informado. O desembargador que concedeu a liminar da prisão estava de férias e, por isso, fiquei detido por um período prolongado até a sua volta”, acrescentou.

Tentativa de suicídio

Durante a entrevista, o prefeito de Cocal revelou o impacto devastador da prisão em sua saúde mental. “Nos primeiros dias, eu estava em estado de desespero absoluto. A sensação de vergonha e a impossibilidade de me defender foram esmagadoras. Eu estava tão desesperado que cheguei a tentar me enforcar”, contou.

Ele descreveu como a tentativa de suicídio foi interrompida por um colega de cela. “No quarto dia, um dos presos me mostrou como outra pessoa havia se enforcado. Eu estava tentando fazer o mesmo, mas algo me fez parar. Percebi que, se eu seguisse por esse caminho, deixaria minha família em sofrimento”, disse.

O prefeito falou sobre o impacto emocional profundo da experiência. “As orações e o apoio de amigos e líderes religiosos foram importantes. Eu estava completamente perdido e achava que Deus havia me abandonado, mas a ajuda espiritual e o carinho recebido me ajudaram a superar esse período sombrio”, explicou Faveri.

Ele mencionou uma experiência particularmente significativa. “Uma pessoa na cela me mostrou como alguém havia se enforcado, e eu estava pensando em fazer o mesmo. No entanto, uma conversa com um companheiro de cela me fez refletir sobre a minha família e a dor que causaria a eles. Isso foi fundamental para eu decidir mudar minha atitude e buscar ajuda”, contou.

Reeleição

Sobre seu futuro político, Faveri  está considerando cuidadosamente sua próxima decisão. “Meu partido (MDB) e aliados estão me apoiando e pedindo que eu continue. Na última semana, tivemos uma reunião com os pré-candidatos  a vereadores, presidente estadual do partido, Chiodini, e os deputados estaduais. O partido e diversos apoiadores pediram que eu continue. No entanto, preciso estar bem comigo mesmo antes de tomar qualquer decisão sobre minha candidatura. Estou fazendo tratamento psiquiátrico e avaliando o impacto de continuar na política”, disse.

“Recebi um imenso apoio de pessoas e líderes religiosos. O carinho que tenho recebido me ajudou a superar esse momento difícil. Vou voltar e mostrar que a justiça que me prendeu é a mesma que vai me inocentar”, finalizou.

Confira entrevista completa

 

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