Vereador Murilo Hoffmann explica lei que proíbe inauguração de obras inacabadas em Orleans

A Câmara de Vereadores de Orleans aprovou, por unanimidade, um projeto de lei que proíbe a inauguração de obras públicas que não estejam totalmente concluídas. A proposta foi apresentada pelo vereador Murilo Hoffmann (Novo), que explicou ao Jornal da Guarujá as razões que o levaram a elaborar o projeto.

“A população espera anos por uma obra e, quando ela chega, não pode ser usada”. Hoffmann lembrou que a prática de inaugurar obras sem estarem finalizadas não é nova na cidade. Ele citou, como exemplo, a inauguração do Centro de Eventos Galiano Zomer. “Na época, questionei o prefeito nos grupos da cidade sobre como ficaria essa situação e recebi uma resposta grosseira. Algo do tipo: ‘Ganhe a eleição e faça melhor’”, afirmou o vereador.

Ele também chamou a atenção para os gastos com as placas de inauguração, que são instaladas mesmo quando a obra não pode ser utilizada. “Pesquisei no Portal da Transparência e vi que cada placa custava entre R$ 3 mil e R$ 3,5 mil. E agora, nas últimas obras, esses valores subiram ainda mais”, disse.

O vereador destacou que esse tipo de atitude gera frustração na população. “A comunidade espera anos por uma obra, e quando ela é inaugurada, não pode ser utilizada. Isso aconteceu com a ponte de Brusque do Sul, que custou cerca de R$ 2,3 milhões. Foi inaugurada, colocaram a placa, mas ninguém pode passar por ela, porque senão a garantia da obra se perde. Além disso, está faltando recurso do Estado para finalizar a estrutura”, explicou.

A justificativa para essa lei é simples. “Obras públicas incompletas ou inoperantes não beneficiam a população e podem até mesmo causar prejuízos. Além disso, a inauguração de obras incompletas pode ser vista como uma medida política para ganhar visibilidade, em vez de uma ação genuína para melhorar a vida dos cidadãos”.

Hoffmann afirmou que visitou algumas dessas obras junto com a vereadora Genaína, incluindo o Centro de Educação Infantil Genésio Mazon no bairro Barro Vermelho. “Por fora, a estrutura está bem bonita, mas quando entramos, percebemos os problemas. As crianças, de três meses até três ou quatro anos, estão em salas sem cortinas. Num calor de rachar, os professores têm que cobrir as janelas com papel pardo”, relatou.

Além disso, ele apontou riscos à segurança. “Tem uma rampa com uma grade que uma criança pode passar por dentro. Imagina o perigo de uma criança fugir e sofrer um acidente? Faltam redes de proteção nessas grades”, alertou. Na cozinha, a situação também é precária. “Tem o fogão, tem a pia, mas não tem os armários para armazenar os alimentos. Tá tudo em cima da mesa, organizado como dá”, descreveu.

Outros exemplos citados pelo vereador foram a Praça Coberta, que foi inaugurada sem os quiosques laterais, e a Ponte da Coloninha, que começou a ser utilizada sem iluminação.

Ainda durante a entrevista, o vereador agradeceu a todos os seus colegas do legislativo. “Todos, independente de partido, votaram a favor. Isso mostra que há um consenso de que essa prática precisa acabar”, reforçou.

Sobre a sanção do projeto, Hoffmann disse que já conversou com o prefeito Fernando Cruzetta que se dispôs a aprovar a lei caso  o projeto fosse aprovado pela Câmara de Vereadores.

O vereador destacou que a Ponte de Brusque do Sul é um dos exemplos mais emblemáticos de inauguração de obra inacabada. “O prefeito Fernando Cruzetta disse que essa é uma das situações que mais incomodam ele. A ponte foi inaugurada, mas não pode ser usada, e agora ele tem que correr atrás de recurso para terminar”, comentou Hoffmann.

A insatisfação da comunidade foi expressa de forma inusitada. “Colocaram uma cruz na frente da placa de inauguração. Foi a própria comunidade. O pessoal de Brusque do Sul tá sofrendo demais com essa situação”, contou.

Por fim, Hoffmann afirmou que a aprovação do projeto representa um avanço no combate ao que ele chama de “velha política”.

Confira entrevista completa

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