Gleisi assume articulação política do governo sem pacificar o próprio PT


Nova ministra da articulação política toma posse após evidenciar a Lula, em reunião dentro de sua casa, que deixará a presidência do PT sem construir consensos. O vice-presidente Geraldo Alckimin, ao lado de Gleisi Hoffmann, anuncia no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília (DF), nesta quarta-feira (16), novos nomes do Governo de Transição.
FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Gleisi Hoffmann assume nesta segunda (10) o ministério responsável pela articulação política do governo Lula, o das Relações Institucionais, sem ter conseguido construir consensos em torno de sua sucessão dentro do próprio partido, o PT.
Obrigada a deixar a chefia da sigla por conta do cargo que vai ganhar no governo, Gleisi acabou sendo protagonista, na antevéspera da posse, de uma reunião, em sua própria casa, na qual correntes divergentes do PT fizeram duras críticas ao nome apontado como favorito pelo presidente Lula para sucedê-la na sigla, o ex-ministro e prefeito Edinho Silva (PT-SP).
Alas associadas aos Tatto, políticos de São Paulo, e que hoje detêm o controle do caixa da sigla, se uniram para atacar Edinho e apontar outros nomes para presidir o partido. Lula, que foi chamado à reunião e compareceu, em um gesto para a própria sigla, presenciou o bate-boca.
Há versões divergentes sobre o motivo da discussão. O grupo mais chegado a Gleisi diz que Edinho costurou a candidatura por cima, sem dialogar com as correntes que hoje estão no comando do partido. O grupo que dá suporte ao ex-prefeito é mais pragmático na avaliação: os que estão no comando do caixa do PT hoje simplesmente não querem abrir espaço, não querem sair.
“A verdade é que Gleisi acaba agora quase refém desse grupo. O fato de a reunião ter sido como foi e dentro da casa dela é horroroso. A indicação para o ministério tinha, claro, como pano de fundo, a construção de uma nova presidência para o PT de maneira amena. De certa forma, o que aconteceu compromete o próprio trabalho dela”, diz um deputado petista próximo a Lula.
Na reunião, o grupo mais próximo a Gleisi apresentou alternativas a Edinho para a presidência do PT.
Para além da contenda interna, menos importante para o país, está a sinalização explorada pela oposição. “Como alguém que não consegue construir consensos no próprio partido vai fazer pontes com outras legendas, que pensam diferente do PT?”, essa é a pergunta que circula em grupos de centro-direita.
A nova ministra, portanto, vê sua sigla e seu grupo ampliarem as desconfianças sobre sua capacidade de solidificar uma base para Lula, que atraia e fidelize votos para além da esquerda.
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