Covid: Cinco anos após primeiro paciente confirmado, RN registra 604 mil casos e mais de 9 mil mortes pela doença


Redução do número de infecções desde 2022 é atribuído à vacinação da população brasileira, iniciada em 2021. Mais de 90% dos casos e óbitos registrados no estado ocorreram nos primeiros dois anos. Hospital de Campanha foi aberto em Natal durante a pandemia
Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
O Rio Grande do Norte teve o primeiro caso de covid-19 confirmado no dia 12 de março de 2020, um dia após a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a pandemia causada pelo coronavírus (Sars-Cov-2). A primeira paciente com a doença no estado era uma mulher de 24 anos que tinha feito uma viagem à Europa. Cinco anos depois, o estado registra 604 mil diagnósticos e mais de 9 mil mortes causadas pela doença.
Do total de casos registrados no estado, 582,6 mil (96,4%) ocorreram entre 2020 e 2022, segundo os dados do Ministério da Saúde. Dos óbitos, 8.689 (93%) ocorreram no mesmo período. Os especialistas ouvidos pelo g1 atribuem a redução da doença nos últimos anos à vacinação da população, iniciada em 2021.
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“O grande problema da Covid-19 não era a letalidade dela, porque é baixa. O problema é que, como ela é altamente contagiosa, contamina milhões de uma vez e vão morrer muitas pessoas desses milhões. A gente tinha uma população idosa, uma população com comorbidades, e essas pessoas iam procurar os hospitais, muitas precisavam ser internadas e nós não tínhamos leitos suficientes”, lembra Ricardo Valentim, professor da UFRN e diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais).
Rapidamente, o vírus que começou a se espalhar na China no final de 2019 já havia atravessado o mundo e chegado ao RN pouco após o carnaval.
Sem conhecimento científico sobre a nova doença, nem medicações ou vacinas disponíveis, os estados determinaram medidas de isolamento social para evitar contaminações em massa. Quem precisava sair de casa, era obrigado a usar máscara. E os estabelecimentos autorizados a abrir precisavam oferecer álcool em gel para higienização das mãos.
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Somente o governo do Rio Grande do Norte publicou 51 decretos determinando fechamentos periódicos de estabelecimentos comerciais, igrejas, escolas, entre outros, bem como regras para reabertura desses locais.
5 anos de pandemia: como a ciência evoluiu pós-Covid?
Passados cinco anos desde o início da pandemia, Valentim, que fez parte do comitê científico que aconselhava a gestão estadual sobre o assunto, defende que as medidas se comprovaram necessárias.
“Foi a medida que era possível se tomar naquele tempo de acordo com o conhecimento que nós tínhamos. Nós fizemos análises baseadas em dados, a gente analisou a curva de transmissão antes e depois dos decretos do governo. O que a gente comprovou, no período que não tinha vacina, é que sempre que teve intervenção do poder público, as ondas de transmissão e os óbitos diminuíam”, defendeu.
Porém, o ponto de virada para vencer a pandemia foi, de fato, a vacinação da população brasileira a partir de 2021. Ricardo Valentim ressalta que em 2022 o país ainda teve um número elevado de casos registrados, por causa da nova variante Ômicron, porém o número de mortes foi muito menor.
No estado, enquanto as mortes registradas em 2021 representaram cerca de 1,7% do número de casos confirmados, em 2022 esse percentual caiu para 0,57%.
Diana Rego, coordenadora de Vigilância em Saúde na Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Norte, concorda com Valentim e diz que atualmente, graças à vacinação, a covid-19 é considerada uma virose comum, como a influenza (gripe).
“É tratada como síndrome respiratória, assim como a influenza, com sintomas de gripe. Essa avaliação mudou com o passar dos anos, com a ciência de como o virus se comporta, com a imunização e com o desenvolvimento e aperfeiçoamento das vacinas, sempre com a adaptação para as novas cepas. Também houve um ganho com a inserção no calendário nacional de vacinação das crianças, o que gera uma imunização”, considerou.
Diana ainda aponta que a doença apresenta uma sazonalidade, com mais casos normalmente registrados localmente entre os meses de dezembro e janeiro, e entre março e abril, junto com outras doenças respiratórias.
“Pela história da pandemia, a covid sempre será estigmatizada. As pessoas terão medo de voltar a ser como antes, mas será, graças à imunização. E nós continuamos realizando a vigilância como fazemos com essas outras doenças”, pontuou.
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