Advogada acusada de racismo e agressão a funcionários de fast-food pede desculpas a ‘quem possa ter sido atingido por qualquer ato ofensivo’


Fabiani Marques Zouki enviou nota à imprensa nesta terça (30) por meio de sua defesa. Ela chegou a ser presa em flagrante pela polícia por injúria racial e dirigir veículo embriagada na noite de quinta (25) no Burger King de Moema, Zona Sul. E foi solta pela Justiça no dia seguinte. Funcionário Pablo Ferreira acusa a advogada Fabiani Marques de racismo no Burger King da Zona Sul de São Paulo
Reprodução/Redes sociais
A advogada Fabiani Marques Zouki, de 46 anos, que foi acusada de ser racista e de ter agredido na semana passada cinco funcionários de uma rede de fast food na Zona Sul de São Paulo, divulgou uma nota à imprensa nesta terça-feira (30) para “desculpar-se com quem possa ter sido atingido por qualquer ato ofensivo” (leia mais abaixo).
O caso foi gravado por celulares de testemunhas e vítimas e repercutiu nas redes sociais (veja vídeo abaixo). Por meio de nota encaminhada por seu advogado, Carlos Eduardo Lucera, a mulher declarou que:
“Lamenta profundamente tudo o que aconteceu” e “deixa claro, apenas para que a informação seja completa, que no momento dos fatos foram dirigidas ofensas e xingamentos contra si.”
Segundo a nota, ela “reconhece que ao ver o retrovisor danificado e as portas do seu carro amassadas, ficou revoltada. Desde o evento, está sendo bombardeada por mensagens de ódio vinda [sic] de todos os cantos”.
A advogada chegou a ser presa em flagrante pela Polícia Militar (PM) na última quinta-feira (25), quando foi acusada de ofender e bater num supervisor e em quatro atendentes do Burger King de Moema.
‘Macaco sujo’
Mulher é presa acusada de racismo contra funcionário de lanchonete em SP
Pablo Ramon da Silva Ferreira, de 25 anos, supervisor da lanchonete, falou que Fabiani o chamou de “macaco sujo”. Segundo ele disse à TV Globo, a cliente exigiu que fosse atendida com urgência em cabines que estavam fechadas.
“Já no carro, ela gesticulou novamente e me chamou de ‘macaco’ e ‘macaco sujo’. Aí eu me revoltei. eu não ia agredi-la, mas foi aí que eu desferi um soco no retrovisor do carro”, contou Pablo.
“Quem é o macaco agora? Quem é o preto agora? Você tem sorte que eu não quebrei a sua cara…”, diz Pablo no vídeo gravado por ele mesmo no qual mostra Fabiani. O supervisor contou ainda que a mulher o agrediu com um tapa no ouvido, quebrando o fone do Burger King.
Vídeos que circulam nas redes sociais também mostram a mulher alterada.
“Falou que eu chamei de ‘preto’ de ‘macaco’… viajou na maionese. E daí, se eu tivesse chamado? Isso não é justificativa para quebrar meu carro. Não é”, diz Fabiani, num vídeo gravado por outra testemunha.
Agressões
Pablo Ferreira disse que Fabiani Marques o chamou de ‘macaco sujo’
Reprodução/Redes sociais
Além de Pablo, outros quatro funcionários do Burger King (um homem e três mulheres) também aparecem como vítimas de Fabiani. Duas atendentes contaram que foram agredidas pela mulher. Uma delas falou que levou um tapa na boca e outra um soco no rosto.
De acordo com o boletim de ocorrência do caso, a delegacia não conseguiu fazer o interrogatório de Fabiani porque ela estava “transtornada e agressiva”. Chegando até a tentar morder um policial.
Fabiani foi levada presa para o 27º Distrito Policial (DP), Campo Belo, que registrou o caso como “injúria racial” e “embriaguez ao volante” . A Polícia Civil indiciou a mulher pelos crimes. O crime de injúria racial é inafiançável e não prescreve. Ele é equiparado ao crime de racismo.
Justiça solta advogada
Advogada é presa acusada de racismo em lanchonete da capital
A Justiça de São Paulo decidiu soltar na sexta-feira (26) a advogada. Apesar de poder responder aos crimes de injúria racial e embriaguez ao volante em liberdade, Fabiani terá de cumprir medidas cautelares, entre elas, ficar 300 metros distante das cinco vítimas e do Burger King de Moema.
As outras obrigações que a advogada terá de cumprir para não voltar a ser presa são: comparecer mensalmente ao fórum para informar suas atividades profissionais e sempre informar e atualizar o endereço onde mora.
O pedido de liberdade provisória foi feito pela defesa de Fabiani.
Segundo o Cadastro Nacional de Advogados (CNA) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o registro de Fabiani como advogada em São Paulo está “cancelado”. A reportagem procurou a OAB para comentar o assunto, e a entidade alegou que foi a própria advogada quem pediu o cancelamento, mas não informou o motivo.
Questionado pelo g1, a defesa de Fabiani informou que ela não trabalha e que a sua “única fonte de renda” é um “valor modesto do aluguel de um imóvel”.
Em suas redes sociais, Fabiani exibe fotos pessoais e mensagens como: “E se a felicidade bater, apanhe”. Ela também se mostra a favor do voto impresso nas eleições.
O g1 procurou o Burger King para comentar o assunto e aguarda um retorno.
Advogada foi levada presa para o 27º DP, Campo Belo, na Zona Sul de São Paulo
Eliezer dos Santos/TV Globo
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