Crime da Berrini: Viúva condenada por mandar matar o marido desiste de faculdade e pede redução de pena


Eliana Freitas Areco Barreto havia pedido autorização para estudar Enfermagem em uma faculdade de Taubaté (SP), mas desistiu da ideia. Agora, quer remir a pena por leitura de livro, horas de estudo e trabalho realizado na penitenciária em Tremembé (SP). Luiz Eduardo de Almeida Barreto e a mulher Eliana Freitas Areco Barreto; professora é acusada de planejar com seu amante o assassinato do marido
Reprodução/Arquivo pessoal
Condenada a 21 anos de prisão por mandar matar o marido no caso que ficou conhecido como ‘Crime da Berrini’, em São Paulo, a professora Eliana Freitas Areco Barreto desistiu de cursar faculdade.
Além da desistência, ela pediu à Justiça a remição de quase quatro meses da pena por trabalhos prestados, leitura de livro, além de horas de estudo (entenda mais abaixo).
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Tanto a desistência do curso quanto a remição da pena foram pedidas pela defesa de Eliana nesta terça-feira (30). Ainda não há uma decisão da Justiça sobre o pedido.
No documento, a defesa alega “motivos de foro íntimo” as causas para Eliana desistir de cursar a graduação. Há pouco menos de duas semanas, Eliana havia pedido autorização para cursar enfermagem em uma faculdade de Taubaté.
Remição
Apesar da desistência do curso, a defesa de Eliana solicitou à Justiça a remição de 144 dias da pena. Os motivos apontados pelas advogadas citam horas de estudos, tempo de trabalho carcerário e leitura de livro.
De acordo com a defesa, Eliana foi aprovada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado. As advogadas citam que a lei prevê que o detento aprovado no Enem ‘ganha’ 1.200 horas de estudo e que a Lei de Execução Penal prevê que, a cada 12 horas de estudo, o detento ganha 1 dia de remição.
Nesse caso, as 1.200 horas obtidas por Eliana com a aprovação no Enem resultam em 100 dias de remição – que foi um dos pedidos da defesa.
Outros 40 dias solicitados pelas advogadas fazem jus ao período trabalhado por Eliana na Penitenciária Feminina 1 “Santa Maria Eufrásia Pelletier”, em Tremembé, no interior de SP.
O tempo de serviço apontado no pedido cita o trabalho realizado pela viúva entre os dias 1º de janeiro e 30 de junho deste ano.
Os outros quatro dias solicitados pela defesa são por causa da leitura de um livro feita por Eliana. Segundo o pedido, ela leu, no fim do mês passado, o livro “As Últimas Testemunhas”, de Svetlana Aleksiévitch.
Procurada pelo g1, a defesa de Eliana disse que não irá comentar o pedido.
Progressão ao regime semiaberto
Eliana Freitas Areco Barreto conseguiu progredir para o regime semiaberto após decisão assinada pelo juiz José Loureiro Sobrinho no dia 12 de julho. No documento, o magistrado citou a comprovação de lapso temporal necessário e a boa conduta carcerária de Eliana. O juiz também apontou parecer favorável do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
A Secretaria da Administração Penitenciária informou que Eliana foi transferida para ala de progressão ainda no dia 12 de julho.
A vítima Eduardo Barreto e a mulher dele, Eliana Barreto, condenada por participar da morte do marido
Reprodução/Facebook
No início deste mês, o exame criminológico feito por Eliana foi anexado ao processo em que ela pedia a progressão ao regime semiaberto. O relatório apontava que Eliana apresenta comportamento condizente com as regras da instituição e não tem envolvimento em faltas disciplinares ou atitudes agressivas.
O exame apontou que a detenta tem inteligência acima da média, demonstrou amadurecimento e que assume sua responsabilidade pelo ocorrido. O documento ainda cita que ela atua como monitora de educação e que ela afirmou “que seu testemunho de vida pode auxiliar muitas reeducandas”.
O relatório da assistente social Daniele Couto de Oliveira apontou algumas características de Eliana, como:
calma;
demonstra possuir futuros sólidos e condizentes à sua realidade;
apresenta discurso lógico, coerente e sequencial;
autocrítica delitiva expressiva, reconhecendo os danos causados a terceiros e principalmente de não permitir o convívio dos filhos com o pai.
Já o relatório psicológico, assinado por Monique Zacharia Chagas, cita que a condenada se arrepende de “ter se envolvido com a pessoa errada”.
“No que se refere ao delito, refere arrependimento por ter se envolvido com a pessoa errada, assume sua responsabilidade frente ao ocorrido. Diz que embora não tenha cometido o ato, não fez nada para impedir que ocorresse”, diz o relatório.
O documento ainda cita que Eliana afirmou que, caso seja concedida a progressão ao regime semiaberto, “pretende iniciar uma faculdade de enfermagem, vislumbrando trabalhar com seus irmãos médicos no hospital que eles administram”.
A diretora técnica I do Núcleo de Trabalho e Educação do presídio destacou as atividades realizadas por Eliana na prisão, como serviços gerais de limpeza, artesanato, monitoria e o trabalho na unidade de confecção da Funap. Na avaliação da profissional, a detenta tem classificação “muito boa”.
Acusada de matar marido em SP diz que não planejou o crime
“Trata-se, ainda, de uma reeducanda muito educada, que desempenha suas tarefas de forma satisfatória e mantém um bom relacionamento no ambiente ocupacional […]. Desta feita, o rendimento da reeducanda fica classificado como muito bom”, diz o documento, datado do último dia 20 de junho.
A diretora técnica II, Ludimila Martins Pombo Albanese conclui que Eliana “apresenta bom processo de amadurecimento, estando apta para o regime mais brando”.
Após o relatório, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), em documento assinado pelo promotor Silvio Brandini Barbagalo, emitiu parecer favorável à progressão de Eliana ao regime semiaberto.
Imagem de arquivo – Corpo de homem assassinado ao voltar do almoço na região da Avenida Luís Carlos Berrini
Glauco Araújo/g1
Condenação
Inicialmente, a professora Eliana foi condenada a 24 anos de prisão, por homicídio doloso triplamente qualificado: pagar pelo crime, motivo torpe e dissimulação. Além disso, foi considerado o agravante do crime ter sido cometido contra o marido. O julgamento aconteceu em dezembro de 2020.
Em 2022, porém, a Justiça acatou um pedido da defesa da professora e reduziu a pena para 21 anos, 4 meses e 15 dias de prisão.
Gerente de empresa é executado durante um assalto na zona sul da capital
O crime
O Ministério Público (MP) acusou Eliana e o amante dela, o inspetor de segurança Marcos Fábio Zeitunsian, de contratarem o pistoleiro Eliezer Aragão da Silva por R$ 5 mil para simular um assalto e matar Luiz Eduardo.
A vítima foi morta a tiros na tarde do dia 1º de junho de 2015, quando voltava do almoço com um colega de trabalho, na rua James Watt, uma travessa da Avenida Luis Carlos Berrini, no Brooklin, área nobre da Zona Sul. O caso ficou conhecido como “crime da Berrini” numa referência à avenida.
Câmera gravou momento em que Eliezer Silva (à direita) atira em Luiz Eduardo (à esquerda).
Reprodução/Arquivo/TV Globo
De acordo com a Promotoria, o casal de amantes Eliana e Marcos decidiu mandar matar Luiz Eduardo porque a mulher queria se separar do empresário. Os dois planejavam se casar, morar juntos e ficar com o dinheiro da herança da vítima para abrir um negócio para o inspetor, segundo a acusação.
A professora e o empresário moravam em Aparecida, no Vale do Paraíba, mas ele trabalhava na capital. O casal teve dois filhos. Após o crime, a vítima foi enterrada em Guaratinguetá.
Confira aqui a condenação do amante de Eliana e do homem contratado para executar o crime
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