Horário de votação se encerra na Venezuela; comparecimento supera os 50%, segundo oposição


Órgão que realiza as eleições não divulgou número oficiais. Voto não é obrigatório no país. Postos de votação com filas poderão continuar abertos. O horário de votação nas eleições presidenciais da Venezuela se encerrou às 19h deste domingo (28), no horário de Brasília (18h em Caracas) com grande comparecimento, de acordo com a oposição — o CNE, órgão que realiza as eleições, não divulgou número oficiais.
Caso ainda haja grandes filas, os postos de votação poderão continuar abertos.
De acordo com a campanha do opositor Edmundo González, o comparecimento às urnas era de 54,8% até 2 horas antes do encerramento da votação. Caso esse núnero se confirme, ele estaria 12 pontos percentuais acima da eleição anterior, de 2018.
O voto não é obrigatório na Venezuela.
Cédula mostra foto de Maduro 13 vezes antes de voto eletrônico
Voto é obrigatório? Veja como funciona a eleição venezuelana
Em 2018, Maduro havia recebido 6.248.864 votos, sendo eleito com 67,85% dos votos válidos. A votação teve a participação de 46% do eleitorado. Os resultados foram contestados pela oposição e por entidades internacionais.
Maduro entrou na disputa em um contexto de profunda crise econômica e humanitária na Venezuela. Em 10 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano teve uma queda de 80%, levando mais de 7 milhões de pessoas a deixarem o país.
A eleição contou com ampla mobilização da oposição, que, pela primeira vez em muitos anos, vê chances reais de derrotar o chavismo. Cerca de 21 milhões de pessoas se registraram para votar.
Pela manhã, após votar, Maduro afirmou que reconheceria o árbitro eleitoral e garantiria que os resultados fossem respeitados. Em 17 de julho, ele declarou que o país poderia enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” se não fosse reeleito.
Por sua vez, ao deixar o local de votação, González disse acreditar que as Forças Armadas venezuelanas respeitarão o resultado. Ele foi escolhido para encabeçar a chapa depois que as opositoras María Corina Machado e Corina Yoris foram impedidas pelo regime de Maduro de concorrer.
Cédula com 13 fotos de Maduro
A eleição da Venezuela usa urnas eletrônicas com cédulas virtuais que mostram campos para os 38 partidos habilitados a participar da disputa. O espaço de cada legenda mostra o candidato apoiado por ela.
Por conta deste formato, Maduro teve sua foto apresentada 13 vezes na tela, o que foi feito para confundir eleitores, segundo opositores e analistas. A foto de González, por exemplo, aparecia três vezes na cédula.
Cédula de demonstração para votação na eleição presidencial na embaixada da Venezuela, na Cidade do Panamá.
ARNULFO FRANCO/AFP
‘Banho de sangue’
Maduro havia dito há alguns dias que a Venezuela poderia enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não fosse reconduzido ao cargo.
“Se não quiserem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantamos o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo”, afirmou, em 17 de julho.
A declaração enfrentou reação de outras autoridades. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que ficou assustado com a declaração e que “a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo o mundo”.
Um dia depois, Maduro alegou que não disse nenhuma mentira, apenas uma reflexão, e rebateu: “Quem se assustou que tome um chá de camomila”.
Filas e confusão
O dia foi marcado por longas filas em algumas seções eleitorais. Os pontos de votação deveriam abrir às 6h, no horário local (7h, de Brasília), mas, cerca de 2h40 depois, 5% deles ainda não tinham sido abertos, segundo o CNE.
Em um ponto de votação em Caracas, houve confusão com empurrões e tapa na fila de eleitores antes da abertura dos portões.
VÍDEO: confusão entre eleitores venezuelanos
“Eles não nos deixam entrar, por quê? Queremos votar, queremos ser uma nação venezuelana livre e não chavista nem madurista, para que estejamos todos juntos”, disse o eleitor Oscar Marquina, segundo a Reuters.
No mesmo local, a polícia chegou a impedir a entrada de ao menos oito representantes partidários autorizados pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (CNE), informou a agência de notícias AP.
Voluntários dos partidos de oposição e pró-governo enfrentam a segurança exigindo entrar no centro eleitoral Andrés Bello, em Caracas, Venezuela, 28 de julho de 2024
Reuters/Leonardo Fernandez Viloria
Eleição na Venezuela
Juan Silva/g1
Adicionar aos favoritos o Link permanente.