Morre mulher baleada por ex-marido policial militar em boate: ‘Ela era feliz, uma pessoa excelente; queremos justiça”, diz irmã da vítima


Homem disparou cinco vezes contra Maria do Carmo de Oliveira, depois de vê-la com amigos numa casa de shows em Jaboatão dos Guararapes. Eles estavam separados há um ano e meio e tinham dois filhos. Maria do Carmo de Oliveira foi morta com quatro tiros pelo ex-marido policial militar dentro de uma boate no bairro de Piedade
Arquivo pessoal
A mulher que foi baleada pelo ex-marido dentro de uma boate no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na madrugada deste domingo (28), não resistiu aos ferimentos e morreu no final da manhã.
Maria do Carmo de Oliveira, de 34 anos, estava com amigos no camarote da boate Lounge Music, quando o cabo da Polícia Militar identificado como Lindinaldo Severino da Silva, de 39 anos, chegou armado ao local, por volta das 3h, e disparou cinco vezes contra ela. Quatro tiros atingiram a vítima.
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Imagens gravadas por pessoas que estavam na boate no momento dos tiros mostram a reação dos clientes ao barulho dos disparos (veja vídeo abaixo). As pessoas se assustam e se jogam no chão, enquanto noutras imagens é possível ver um tumulto no camarote da área do “open bar”.
Em entrevista à TV Globo, Maria do Socorro de Oliveira, irmã da vítima, disse que Maria do Carmo e Lindinaldo foram casados por 14 anos e estavam separados há um ano e meio. Eles são pais de dois filhos, de 14 e 3 anos.
Mulher é baleada por policial militar dentro de boate no Grande Recife
“Minha irmã era uma pessoa de bem, sempre alegre. Uma mãe de família que cuidava sempre dos filhos, a prioridade era os filhos. Ela estava desempregada e tinha o total apoio da minha família, enquanto ele dava R$ 300 para as duas crianças. Como ela curtia mesmo a vida dela, decidiu viver a vida dela e não queria se relacionar com ninguém, ele ficou seguindo ela”, contou Maria do Socorro.
De acordo com a irmã, apesar de receber orientação para registrar queixa contra o ex-marido sobre estar sendo seguida, Maria do Carmo não acreditava que Lindinaldo fosse capaz de ser violento com ela. Os dois tinham a guarda compartilhada dos filhos e, segundo Maria do Socorro, a irmã só tratava com o ex-marido sobre assuntos relacionados a eles.
“Sempre orientei ela a prestar queixa, mas ela tinha uma total confiança em si, porque morou 14 anos com ele. No final de semana que ela saiu para comemorar o aniversário com as amigas, voltou para casa e as amigas foram para um boteco; quando chegaram lá, ele estava esperando e perguntou diretamente por ela. Acho que ele já estava planejando ali”, falou Maria do Socorro de Oliveira.
A família de Maria do Carmo espera que Lindinalvo Severino seja julgado e condenado pelo crime. “Ela era feliz. Vivia, ria, brincava, era uma pessoa excelente. A gente quer justiça”, finalizou Maria do Socorro.
Como aconteceu o crime
O crime aconteceu por volta das 3h. Segundo informações da boate Lounge Music, o homem chegou neste horário à danceteria, se apresentou como policial e foi revistado pelos seguranças. Depois disso, ainda de acordo com a boate, Lindinaldo preencheu um formulário com as credenciais e o número da arma e optou por não deixar o revólver num espaço chamado de “armaria”, entrando com o objeto na boate.
A assessoria de imprensa da casa de shows disse que o PM comprou uma pulseira de acesso para a área do “open bar” e subiu para o local. Testemunhas disseram que, depois de ver a ex-companheira se divertindo com amigos, ele atirou cinco vezes contra ela; quatro tiros atingiram a mulher, e uma das balas travou (“pinou”).
Maria do Carmo de Oliveira recebeu os primeiros socorros dentro da boate e foi levada para o Hospital e Policlínica Jaboatão Prazeres, em Cajueiro Seco. Em seguida, foi transferida para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, no Recife. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no final da manhã deste domingo.
Após os disparos, o policial militar foi contido por seguranças da boate – que apreenderam a arma usada no crime e acionaram a polícia. O homem ainda conseguiu escapar, mas na saída do local foi espancado por clientes que estavam do lado de fora. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife, e depois transferido para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby.
Por meio de nota enviada à redação do g1, a Polícia Militar disse que os policiais militares têm direito de portar arma de fogo, de propriedade particular ou fornecida pela instituição, em todo o território nacional (veja abaixo).
O que dizem as polícias
A Polícia Civil informou que o 6º Batalhão de Polícia Militar foi acionado para atender a ocorrência e que o atirador foi preso em flagrante por “tentativa de feminicídio”. A arma foi apreendida e levada para a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife.
Segundo a Polícia Civil, a Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) já registrou a ocorrência e, após receber a documentação do flagrante, vai instaurar um processo disciplinar contra o militar.
Já a Polícia Militar disse que “policiais militares têm direito de portar arma de fogo, de propriedade particular ou fornecida pela instituição, em todo território nacional, mesmo estando fora de serviço, em conformidade com o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003), em seu artigo 6º, § 1º”.
Informou também que “adotará as medidas legais, submetendo-o ao processo administrativo disciplinar, de acordo com o que preconizam as normas internas da Corporação” e que a investigação ficará a cargo da Polícia Civil.
Clientes se agacharam assustados com tiros dentro de boate no Grande Recife
Reprodução/WhatsApp
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