Justiça decreta prisão de empresário acusado de criar pirâmide financeira com prejuízo de R$ 300 milhões em Lorena


Samuel Fradique de Oliveira, de 72 anos, é acusado pelo Ministério Público por envolvimento em um esquema de pirâmide financeira que atraiu centenas de vítimas. Samuel, Pedro e Murilo são acusados de esquema de pirâmide financeira no interior de SP
Reprodução
A Justiça decretou a prisão preventiva do empresário Samuel Fradique de Oliveira, de 72 anos, acusado de criar um esquema de pirâmide financeira que atraiu centenas de vítimas e gerou prejuízo de aproximadamente R$ 300 milhões em Lorena, no interior de São Paulo.
Samuel Fradique de Oliveira é o fundador da SFO Holding, grupo que atuou entre 2017 e 2020 no ramo de investimentos financeiros. Desde 2020, quando a empresa suspendeu os pagamentos e alegou profunda crise nos negócios, centenas de investidores moveram ações judiciais contra o grupo.
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A decisão do juiz Daniel Otero Pereira da Costa, da Vara de Lorena, é de sexta-feira (9) e atende a um pedido do Ministério Público. Além de Samuel, o juiz tornou réus pelo esquema fraudulento o irmão dele, Pedro Fradique de Oliveira, de 65 anos, e o sobrinho Murilo Gonçalves Fradique de Oliveira, de 45 anos.
Para justificar a decretação da prisão preventiva de Samuel, o juiz afirmou na decisão que “os indícios de autoria e materialidade são claros”. Além disso, o magistrado citou que Samuel Fradique não é visto desde a época em que a empresa deixou de repassar os pagamentos aos investidores.
“O acusado fugiu para evitar suas responsabilidades criminais, causando caos financeiro na vida de várias pessoas e famílias.”
“Portanto, tudo indica que o réu pretende escapar à aplicação da lei penal, enquanto desfruta das quantias milionárias, ao que parece, ilicitamente angariadas da economia popular e da lavagem de capitais”, completou Daniel Otero Pereira da Costa.
O g1 tenta contato com a defesa de Samuel, mas não obteve retorno até a publicação. A reportagem também tenta contato com Pedro Fradique, mas não conseguiu localizar ele ou alguém responsável pela defesa.
O advogado Luiz Gustavo, que representa Murilo, afirmou não ter sido intimado da decisão. Acrescentou ainda que “Murilo é inocente e não há nenhuma prova que demonstre que tenha praticado o ilícito narrado na peça acusatória”.
Fila de pessoas que investiram na SFO Holding, em Lorena, em 2020
Arquivo pessoal
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Denúncia do Ministério Público
O Ministério Público de São Paulo denunciou três homens da mesma família por envolvimento em um esquema de pirâmide financeira que atraiu centenas de vítimas e gerou prejuízo de aproximadamente R$ 300 milhões em Lorena, no interior de São Paulo.
Os três são ligados à SFO Holding, grupo que atuou entre 2017 e 2020 no ramo de investimentos financeiros. Desde 2020, quando a empresa suspendeu os pagamentos e alegou profunda crise nos negócios, centenas de investidores moveram ações judiciais contra o grupo.
A denúncia foi protocolada na Justiça no dia 2 de agosto e acusa os irmãos Samuel Fradique de Oliveira, de 72 anos, e Pedro Fradique de Oliveira, de 65, além do sobrinho Murilo Gonçalves Fradique de Oliveira, de 45 anos, pelo esquema fraudulento.
MP denuncia três da mesma família por esquema de pirâmide com prejuízo de R$ 300 milhões
No documento, o MP denuncia que os irmãos Fradique abriram uma empresa e passaram a realizar ofertas de investimentos com promessa de retornos financeiros incompatíveis com o mercado, atraindo centenas de investidores.
A denúncia narra que os irmãos distribuíam os recursos para contas pessoais e para a pessoa jurídica, além de utilizar uma empresa de financiamento composta pelo sobrinho, que atuava nas movimentações bancárias do grupo.
O Ministério Público cita que, através da empresa SFO Holding – fundada por Samuel –, os três montaram um esquema de pirâmide financeira. Por ela, eram ofertados investimentos com remuneração em 7 modalidades, com prazos que variavam entre 6 e 24 meses.
“O negócio, na medida em que os retornos prometidos aos primeiros investidores eram realmente concretizados, serviu de mola propulsora para a atração de novos ‘investidores’, alargando-se, com o tempo, a base da ‘pirâmide’, ao mesmo tempo em que se avolumavam os ganhos dos idealizadores da manobra financeira”, diz trecho do documento.
O Ministério Público denunciou o trio por associação criminosa e lavagem de dinheiro. Samuel Fradique, fundador da empresa, também foi denunciado por estelionato e teve a prisão preventiva pedida pelo órgão.
O MP ainda pediu que que a sentença imponha ao trio o dever de indenizar as vítimas e o pagamento de R$ 1 milhão cada por danos coletivos. Ainda não há resposta da Justiça.
Calote e sumiço
Entre abril e maio de 2020, Samuel emitiu comunicados aos investidores, alegando crise causada pela pandemia da Covid-19. No fim de maio daquele ano, um grupo de investidores acusou o empresário de calote e cobrou a devolução de R$ 16 milhões.
Pela proposta de Samuel, o dinheiro dos investidores era aplicado em empresas do grupo e retornava em lucros de até de 7% ao mês, além do retorno do valor investido ao fim do contrato.
O alto retorno atraiu milhares de investidores de Lorena e cidades vizinhas até o início da pandemia de coronavírus, quando ele alegou crise para paralisar os pagamentos.
Investidores alegam calote de empresário de Lorena e cobram mais de R$ 10 milhões em ações na Justiça
Reprodução
Em abril de 2020, o empresário suspendeu os pagamentos e alegou profunda crise nos negócios. Mesmo assim, ele afirmou que retomaria os pagamentos e chegou a fazer atendimentos na sede da empresa, o que provocou filas de investidores que cobravam explicações.
No começo de maio daquele ano, o empresário pediu paciência aos investidores e reafirmou que honraria os compromissos, mas manteve a suspensão temporária. Desde aquela época, Samuel não é visto na cidade ou localizado.
As incertezas sobre o retorno do valor investido provocaram uma enxurrada de ações contra a empresa na Justiça. São centenas de ações movidas contra o empresário.
Investidores alegam calote de empresário de Lorena e cobram mais de R$ 10 milhões em ações na Justiça
Reprodução/Redes Sociais
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