Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica que atingiu Hiroshima, morre aos 100 anos


Ele era policial militar e sobreviveu à explosão que matou, instantaneamente, entre 60 mil e 80 mil pessoas. Morita se mudou para o Brasil aos 31 anos e, aos 60, se tornou ativista pela paz. Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica que atingiu Hiroshima, morre aos 100 anos
Reprodução/TV Globo
Morreu em São Paulo, aos 100 anos, o pacifista japonês Takashi Morita. Ele foi um sobrevivente da bomba atômica lançado pelos Estados Unidos sobre Hiroshima no último ano da Segunda Guerra Mundial.
Durante os últimos 40 anos, o Senhor Takashi Morita repetiu por onde foi um mesmo pedido:
“Nunca mais, neste mundo, bomba atômica”.
Foi na luta pela paz que ele encontrou a forma de lidar com o dia que mudou sua vida.
“Em Hiroshima, com 21 anos de idade, fui batizado pela bomba atômica. De repente, um grande clarão. E com o grande impacto, fui arremessado uns 10 metros. Um prédio de dois andares que estava na minha frente foi esmagado instantaneamente”, contou Takashi Morita.
Ele era policial militar e sobreviveu a uma explosão que matou, instantaneamente, entre 60 mil e 80 mil pessoas. Morita se mudou do Japão para o Brasil aos 31 anos, mas foi só aos 60 que ele se tornou um ativista pela paz. Ele fundou a Associação de Sobreviventes da Bomba Atômica e começou a percorrer o país.
“Até os seus 95 anos, nós viajávamos dando palestras em vários colégios pelo Brasil e lá fora. Então, uma grande quantidade de pessoas nos ouviu pelos quatro cantos do Brasil”, diz o professor de história André Lopes.
Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica que atingiu Hiroshima, morre aos 100 anos
Reprodução/TV Globo
A filha lembra que os jovens sempre foram o alvo principal de Morita e a maior esperança dele.
“Ele falava para muitos jovens nas escolas era: ‘Nós, velhos, estragamos o mundo. Vocês têm que consertar”, conta Yasuko Saito, filha Takashi Morita.
Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica que atingiu Hiroshima
Reprodução/TV Globo
A associação chegou a ter 270 pessoas. Junko Watanabe é uma delas. E para quem também foi batizada pela bomba nuclear, as guerras de hoje tocam de uma maneira diferente.
“Dias, a guerra está começando em muitos lugares da Terra. Todo dia, notícias… Ucrânia, Palestina, Gaza… O que vamos vivendo? Crianças morrendo, né? Não pode, não pode”, diz Junko Watanabe.
E foram essas guerras que, no final da vida, deixaram uma certa frustração para Morita.
“Ele falava: ‘A gente não fez o trabalho direito. Tinha que ter feito mais’. E assim foi uma tristeza que ele acabou levando, porque viu que a Ucrânia, Gaza, essas coisas assim, deixavam ele muito triste. Muito se faz para a guerra, né? E pouco se faz para a paz. Isso a gente tem que reverter”, afirma Yasuko Saito, filha Takashi Morita.
LEIA TAMBÉM
Sobrevivente de bomba atômica de Hiroshima, Takashi Morita morre aos 100 anos em SP
Sobrevivente de bomba atômica de Hiroshima comemora 100 anos e é homenageado por alunos de Etec que leva seu nome em SP
Adicionar aos favoritos o Link permanente.