Pesquisadores instalam transmissores em tubarões em Fernando de Noronha para monitorar rotas e comportamento


Vídeo mostra como tubarões são capturados. Estudo feito por instituições do Brasil e internacionais quer desvendar espécies que ocorrem na ilha, em especial o tubarão-tigre. Imagens de Bruno Galvão mostram pesquisadores com tubarão-tigre
Pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Arábia Saudita estão em Fernando de Noronha numa expedição para estudar tubarões. O objetivo é entender o comportamento dos animais, incluindo a análise de sangue e a movimentação na ilha. Como parte do estudo, os tubarões são capturados para marcação com transmissores (tags), para rastreamento acústico e via satélite, e têm amostras de sangue e tecido coletados para análises laboratoriais.
Os equipamentos são colocados nos animais e em locais estratégicos de Fernando de Noronha para monitorar os animais. Imagens feitas pelo voluntário do Projeto Tubarões e Raias, Bruno Galvão, mostram como o trabalho é feito (veja vídeo acima). O foco principal é a espécie tigre.
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“Vamos instalar 20 receptores. Esses equipamentos vão detectar tubarões marcados ao redor da ilha inteira”, contou a coordenadora do Projeto Tubarões e Raias de Noronha, Bianca Rangel, que também pesquisadora da USP.
Os cientistas vão analisar o comportamento dos animais na região do Porto de Santo Antônio, nas proximidades da sede da Associação de Pescadores de Noronha (Anpesca).
“Queremos ter resposta dos tubarões perto das pessoas. O objetivo é instalar mais de 50 transmissores”, contou Bianca Rangel. Até domingo (28) foram instalados 30 transmissores, dos quais 21, em animais da espécie tigre.
A equipe é coordenada pelos pesquisadores do Projeto Tubarões e Raias de Noronha e conta com a participação de integrantes do Instituto Federal do Espírito Santo, do King Abdullah University of Science and Technology (KAUST), da Arábia Saudita, da Universidade de São Paulo (USP) e da Florida International University.
O coordenador do Projeto Tubarões e Raias de Noronha, Fábio Borges, detalhou como funcionam os equipamentos.
“Cada tubarão com um transmissor recebe um código único. Quando o animal passa próximo aos receptores o sinal é emitido e registrado. É uma forma de monitorar o deslocamento dos animais”, disse Fábio Borges.
A pesquisadora Raquel Lubambo, que realiza pesquisa para o doutorado em Fernando de Noronha para a KAUST (Arabia Saudita), revelou que os dados de GPS também podem unificados a informações fisiológicas de cada animal, como questões de saúde, estresse, alimentação e reprodução.
Essas informações podem ajudar na interpretação de cada comportamento ou decisão de migração do tubarão.
Bianca Rangel contou que receptores instalados nesse trabalho vão se somar aos equipamentos que foram colocados anteriormente pelos pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
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Sueste
Tubarão-tigre é monitorado em Noronha para estudo
Bruno Galvão/Projeto Tubarões e Raias de Noronha
A Praia do Sueste, que faz parte do Parque Nacional Marinho, tem atenção especial. Esse é o local onde ocorreram os dois acidentes com tubarões e turistas na ilha. A área teve a visitação fechada.
“Queremos entender, por exemplo, por qual motivo os tubarões usam a Baía do Sueste. Nosso monitoramento com drone já identificou que a espécie entra no Sueste com o comportamento de caça. Isso não acontece em outras interações com o tubarão-tigre em outros pontos de mergulho”, declarou a coordenadora do Projeto Tubarões.
Bianca Rangel analisa que o comportamento dos tubarões-tigre no Sueste pode ser o motivo dos dois ataques registrados. Em Fernando de Noronha não houve vítima fatal de incidente com tubarão.
“Provavelmente o tubarão-tigre foi na área para se alimentar. O tubarão encontrou outros animais e pessoas na área e acabou se confundindo”, avaliou a estudiosa.
Os incidentes fizeram a Praia do Sueste ser fechada para banhos de mar e mergulhos. Bianca Rangel explicou que é preciso avaliar se o Instituto Chico Mendes da Biodiversidades (ICMBio), responsável pela área, deve liberar o local para uso público.
A expedição foi financiada pelas instituições nacionais e internacionais. O bilionário brasileiro Henrique Dubugras, que casou em Fernando de Noronha em outubro do ano passado, também fez uma doação que tem ajudado o monitoramento dos tubarões.
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