Ativista acusado de oferecer sexo oral a adolescente em banheiro de shopping no litoral de SP é indiciado


Adolescente acusou homem de ter perguntado se poderia fazer um boq*** dentro de banheiro em shopping em Santos (SP). Homem foi detido por seguranças dentro de shopping de Santos (SP) após denúncia de menino
Arquivo pessoal
O ativista da causa LGBT+, acusado de ter assediado sexualmente um garoto de 13 anos no banheiro de um shopping de Santos (SP), foi indiciado por tentativa de estupro de vulnerável pela Polícia Civil. Na ocasião, o homem, de 24, perguntou ao adolescente se poderia fazer um ‘bo***’ [sexo oral]. De acordo com o apurado pelo g1, o inquérito policial foi encerrado e relatado ao Poder Judiciário.
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A mãe do adolescente, Talita Santos, de 31 anos, contou que o filho relatou ter entrado na cabine do banheiro e que a porta bateu com força. O próprio adolescente reagiu dizendo: ‘Eita’, momento em que o homem repetiu a palavra. Em seguida, fez a pergunta de cunho sexual ao garoto.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi investigado, por meio de inquérito policial, instaurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade e relatado à Justiça, com um indiciamento.
A delegada Deborah Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, afirmou que, antes do indiciamento, o ativista foi chamado para prestar depoimento e negou o assédio.
“Ele negou os fatos. Disse que estava no banheiro, não viu o menino, apenas ouviu o barulho de porta batendo e ele fez um comentário, uma brincadeira, mas nada de cunho sexual, e quando ele saiu do banheiro já tinham chamado a Polícia Militar”, disse.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) informou que processos envolvendo crimes contra crianças e adolescentes tramitam em segredo de justiça, portanto as informações nos autos são de acesso restrito às partes e advogados.
O caso
A mãe da vítima contou à equipe de reportagem querer justiça para o filho. Segundo ela, a abordagem aconteceu no banheiro do espaço comercial no bairro Gonzaga.
“Ele [adolescente] já falou que não vai entrar mais no banheiro sozinho. Eu não sei como vai ficar o psicológico dele”, desabafou a mãe, que registrou um boletim de ocorrência após o ocorrido em 6 de junho.
Abordagem após o assédio
Homem foi escoltado por seguranças dentro de shopping em Santos (SP)
Arquivo pessoal
Segundo Talita, o homem demorou para deixar o banheiro, mas ao deixar o local disse: “Não, não falei nada, não. Quantos anos teu filho tem?”. A mãe contou que, enquanto a polícia era acionada, o homem demonstrava o que ela chamou de “poder de persuasão”.
Com a chegada dos policiais, os envolvidos foram encaminhados para o 7º Distrito Policial (DP), onde o menino foi ouvido e a mãe registrou um boletim de ocorrência.
Revoltada com a situação, a autônoma gravou o rosto do homem e conversou com funcionários de lojas no shopping, que disseram que ele já é conhecido por assediar pessoas dentro do banheiro.
A indignação de Talita é ainda maior devido ao fato do homem ser um militante e ativista político. “Ele ouviu a voz do meu filho. E meu filho tem voz de criança, não tem nem voz de adulto […] Eu estou aliviada de saber que não foi mentira o que meu filho relatou”, afirmou.
O que disse o suspeito?
Ao g1, o homem acusado de assédio contra o adolescente disse que compreende a angústia da mãe pelo medo da impunidade, vontade de fazer justiça e defender o filho dela. Apesar disso, negou que teve a intenção de causar constrangimentos a alguém.
“Eu fiz uma piada idiota, dentro da minha cabine e sem ver o rapaz [como foi confirmado pela própria mãe]. Não faz nem sentido eu oferecer ou pedir o que quer que seja para alguém que eu nem vi”, afirmou.
O que diz o ConLGBT?
Nota do ConLGBT
Reprodução/Instagram
Em nota divulgada no Instagram, o Conselho Municipal de Políticas LGBT+ de Santos (ConLGBT) disse que repudia veementemente qualquer forma de comportamento ilícito ou desrespeitoso, seja LGBTQIA+ ou não. O homem solicitou o afastamento do movimento, o que logo foi aprovado.
De acordo com o ConLGBT, há um compromisso em ajudar as autoridades no que for preciso para que se realize uma investigação minuciosa e imparcial. Além disso, o movimento ressaltou a importância de garantir o processo legal, o direito à ampla defesa e ao contraditório para apuração.
“Por fim, é necessário apontar que é descabido relacionar o suposto comportamento criminoso com a orientação sexual do seu eventual autor e, muito menos, com toda comunidade LGBTQIA+”, afirmou.
Cuidados 🚨
Violência e abuso sexual infantil: saiba como denunciar
Para a delegada Deborah Lázaro, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, o ideal é que as crianças e adolescentes evitem usar esse tipo de banheiro por questões de segurança.
Ao citar o caso do adolescente de 13 anos, a delegada disse que o ideal é que seguranças fiquem perto da entrada dos banheiros para inibir esse tipo de prática ilícita.
“O menino de 13, infelizmente, não vai poder ir ao banheiro feminino. Tanto que a mãe não quis levá-lo. É um rapazinho, um menino. [Mas] acho que todo cuidado é pouco”, afirmou.
A Conselheira tutelar em São Vicente (SP), Andrea Moraes concorda com a chefe de polícia. Segundo ela, o segredo para os pais é estabelecer uma relação de confiança com seus filhos. Dessa maneira, a criança ou adolescente sentirá abertura para relatar possíveis abordagens criminosas.
“É importante sempre os pais conversarem com os filhos, pedir para não deixarem colocar nada em seu corpo. E, caso aconteça, falar para o responsável. Sempre ganhar a confiança do seu filho, orientando”, disse ela.
Dicas para os responsáveis
Evitar o uso dos banheiros sem adultos;
Manter uma relação de confiança com a criança ou adolescente;
Orientar sobre a privacidade do próprio corpo;
Pedir que o menor relate o ocorrido, caso aconteça.
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