Cicatrizes invisíveis marcadas pelo passado: quando a criança interna ferida influencia o presente. Por Vanesa Bagio

Todos nós carregamos dentro de nós uma “criança interna” — a parte de nossa psique que é moldada pelas experiências da infância, sejam elas positivas ou negativas. Quando passamos por experiências dolorosas na infância, como traumas, abandono emocional, críticas constantes, ou falta de afeto, essas vivências podem deixar cicatrizes profundas, mesmo que invisíveis. Essas cicatrizes, ou seja, as emoções repreendidas, da criança interna podem influenciar de maneira significativa a vida adulta.

O que é a criança interna na visão da psicologia?

A criança interna refere-se à parte emocional e psicológica de nós que foi formada durante os primeiros anos de vida. É essa parte que carrega nossas primeiras experiências de amor, segurança, medo e dor. Quando uma criança passa por situações traumáticas ou negligentes, essas experiências podem se enraizar profundamente em sua psique, moldando como ela vê o mundo, os outros e a si mesma.

Cicatrizes invisíveis: o impacto dos traumas de infância

As cicatrizes invisíveis são as marcas emocionais deixadas por essas experiências infantis dolorosas. Elas são chamadas de invisíveis porque não são vistas fisicamente, mas seus efeitos podem ser sentidos ao longo de toda a vida. Por exemplo, uma pessoa que foi constantemente criticada na infância pode crescer com uma baixa autoestima, sempre duvidando de suas próprias capacidades, mesmo que externamente pareça confiante e bem-sucedida ou quando ouvia constantemente cobranças, que não podia falhar, que precisava estar sempre bem e no controle pode desenvolver ansiedade e outros transtornos de personalidade.

Essas cicatrizes invisíveis podem manifestar-se de várias formas:

  • Relacionamentos conturbados: A criança interna ferida pode levar a padrões de relacionamento disfuncionais. Alguém que sofreu abandono na infância pode se tornar excessivamente dependente ou, ao contrário, evitar intimidade para não reviver a dor do abandono.
  • Autoestima e Autovalor: Crianças que não foram valorizadas ou que sofreram abuso emocional podem crescer acreditando que não merecem amor ou sucesso, o que pode limitar suas conquistas e satisfação na vida adulta.
  • Comportamentos autossabotadores: Muitos adultos com uma criança interna ferida se envolvem em comportamentos autossabotadores, como procrastinação, autoisolamento, ou até mesmo dependência de substâncias, como uma forma de lidar com a dor não resolvida.
  • Reações emocionais intensas/impulsivas: Situações que lembram o trauma infantil podem desencadear reações emocionais desproporcionais, como explosões de raiva, ansiedade extrema, ou depressão, devido à ferida emocional não cicatrizada.

Como a criança interna influencia o presente?

Quando essas cicatrizes não são reconhecidas ou tratadas, elas podem governar silenciosamente nossas vidas. A criança interna ferida continua a operar sob os padrões e crenças formadas na infância, aquelas que limitam a seguir com os seus propósitos, muitas vezes nos levando a repetir comportamentos e escolhas que perpetuam nossa dor. Por exemplo, uma pessoa que se sentiu indesejada na infância pode inconscientemente buscar relacionamentos que reforcem esse sentimento de rejeição, perpetuando o ciclo de dor.

O caminho para entender e cicatrizar essas feridas

Reconhecer e curar a criança interna é um processo fundamental para quebrar esses ciclos negativos. Esse processo pode começar com a psicoterapia, levando ao autoconhecimento.

As cicatrizes invisíveis da criança interna ferida no passado podem influenciar profundamente o presente, moldando como nos relacionamos com o mundo e com nós mesmos. No entanto, ao reconhecer essas feridas e buscar cura, podemos libertar-nos dos padrões dolorosos do passado e criar uma vida mais plena e consciente. A cura da criança interna é um passo poderoso para viver de forma mais autêntica e com maior equilíbrio emocional.

 

Siga @vanesabagio.psi para buscar mais informações e lembre-se: “Sua saúde mental importa tanto quanto qualquer outra área da sua vida.”

 

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