Golpe da falsa facção criminosa deixa população em alerta

“Era um sábado como outro qualquer, família chegando em casa. Almoçamos. Pouco depois, comecei a receber mensagens, áudios e ligações ameaçadoras. Perguntei o que devia a eles, que se apresentaram como integrantes do PCC [Primeiro Comando da Capital]. Disseram que eu tinha deixado eles no prejuízo, sem especificar qual, e que eu teria que arcar. Muitas das pessoas se desesperam nessas horas”. 

O relato acima é do comerciante Jonas Marques*, de 30 anos, que contou ao LeiaJá um episódio que viveu há algumas semanas. Jonas sofreu uma tentativa de golpe conhecido como o a “falsa facção criminosa”. 

Mas ele não é o primeiro, muito menos o único a sofrer com esse tipo de contato. De acordo com o delegado de Polícia Civil, Eronides Meneses, a Delegacia de Crimes Cibernéticos de Pernambuco, no centro do Recife, registra por ano entre de 1,8 mil a 2 mil boletins de ocorrência de crimes como extorsão ou estelionato. 

“É uma prática bem comum, que tá sendo divulgada em presídios, onde o pessoal pratica diversas modalidades desse crime”, explicou. O delegado ainda conta como é a ação, e onde os criminosos têm acesso às informações dos alvos. 

“Uma delas é ir atrás de CNPJs aleatórios. Eles buscam as informações em bancos de dados da criminalidade. Existem bancos de dados, existem chat bot, que são bots no Telegram. Funciona como um bate papo, e você coloca um CPF ou um CNPJ, e vai saber as empresas da pessoa, os contatos, Whatsapp, nome de familiares”, listou. 

O delegado explica ainda que vazamentos de informações sensíveis, como dados pessoas, acontecem semanalmente, de empresas, bancos, companhias de telefonia, entre outros. Desse modo, não há muito o que fazer para garantir a proteção total dos próprios dados, mas existem meios de evitar ser vítima de um golpe real. 

Se proteger exige cautela 

O caso de Jonas, relatado no início da matéria, é um exemplo de como proceder, mas é preciso ter cautela. Ele chegou a ir em uma delegacia e registrou o boletim de ocorrência, e após bloquear vários números seguidos, as mensagens pararam. O alvo deve ter passado a ser outra pessoa. 

No entanto, Jonas contou que antes de se esquivar dessa forma, ele chegou a interagir com o primeiro contato que recebeu. Ele queria saber com quem estava falando, de fato, o que o tornou vítima de assédio moral em seu próprio celular. 

“Não deveria nem ter respondido e bloqueado de imediato. A partir daí, foi se agravando: cinco números diferentes entraram em contato comigo. O teor das mensagens era ‘Se você não resolver vamos tocar fogo na sua casa com todo mundo dentro, desgraçado!’ e ‘você deixou o comando na mão, os irmãos já traçaram sua caminhada’”, adiciona a vítima. 

Como evitar cair no golpe da falsa facção criminosa 

A primeira dica que o delegado Eronides dá para evitar ser vítima de qualquer tipo de extorsão é, a princípio, de não responder nem interagir com nenhum tipo de contato recebido. “Mas dificilmente as pessoas vão fazer isso, vão lá na curiosidade, e aí acabam se envolvendo. É como eu digo, 5 minutos de conversa no Whatsapp, ou 10 segundos de ligação, você vai ser envolvido e vai acreditar. Se você não tá preparado, e a maioria das pessoas não está, você pode ficar hipnotizado e envolvido naquela situação”, contou. 

“A orientação é: tira um print e não dá conversa nenhuma. Ou você simplesmente bloqueia e denuncia o número ao Whatsapp, porque as últimas cinco mensagens da conversa vão ser reportadas à plataforma”, continuou. 

O oficial orienta, por fim, que se uma pessoa quiser registrar boletim de ocorrência denunciando alguém, ela pode tentar obter qualquer dado bancário fornecido pelo criminoso. Assim, o proprietário da conta, mesmo que seja um laranja, sem envolvimento real no crime, pode ser indiciado como suspeito, e pode ajudar nas investigações. 

*Nome foi alterado para preservar identidade da vítima.

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