Investigados em venda de sentenças usaram dinheiro para compra de imóveis e veículos, diz PF


Em agosto, desembargadores foram afastados das funções no TJMT por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais. A PF não divulgou os nomes dos alvos nessa nova fase. Polícia Federal faz buscas e apreensões em investigação sobre venda de sentenças em MT
Os investigados por venda de sentenças na Justiça em Mato Grosso usaram o dinheiro do esquema para comprar casas e veículos para dissimular a origem ilícita dos valores, segundo a Polícia Federal. As investigações identificaram sucessivas operações imobiliárias suspeitas promovidas pelos investigados. Nesta sexta-feira (20), foi deflagrada a 2ª Fase da Operação Sisamnes.
Por determinação do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), são cumpridos mandados de busca e apreensão, afastamento das funções públicas de servidores do Poder Judiciário, proibição de contato e saída do país, recolhimento de passaportes, além do bloqueio de R$ 1,8 milhão dos investigados e o sequestro dos imóveis adquiridos por um magistrado.
De acordo com a PF, um dos mandados foi cumprido em um endereço ligado à assessora do desembargador João Ferreira, investigado no caso. Embora não haja mandados contra o magistrado nesta fase da Operação Sisamnes, ele foi alvo de busca em uma etapa anterior.
Ainda segundo a polícia, na casa da assessora, os agentes encontram um “pó branco”, o que levantou suspeita. A mulher foi encaminhada à sede da PF para prestar esclarecimentos. Já o material encontrado foi levado para perícia.
Até a última atualização desta reportagem, a PF não havia divulgado oficialmente os nomes dos alvos.
Venda de sentenças em MT
Em agosto, os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados das funções no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais.
Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados
Reprodução
Em 26 de novembro, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos dois desembargadores, durante a primeira fase da Operação Sisamnes, em Cuiabá. Na ação, a PF também prendeu o lobista Andreson Gonçalves, apontado como intermediário das vendas.
Segundo a polícia, a operação investiga os crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e vazamento de informações sigilosas.
Desde então, os dois magistrados estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica, informou a PF. Eles também tiveram os passaportes apreendidos, além de bloqueio de bens e valores.
Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) informou que está ciente do caso e se colocou à disposição para o fornecimento de informações necessárias ao andamento das investigações.
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Investigações
As investigações começaram quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) descobriu que os dois desembargadores mantinham uma amizade com o advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro do ano passado, e recebiam vantagens financeiras para julgarem recursos de acordo com os interesses do advogado.
O grupo pedia dinheiro para beneficiar partes de processos judiciais ilegalmente. Em seguida, emitia decisões favoráveis a esses “clientes”, ainda conforme investigações.
A Polícia Federal também investiga negociações ligadas ao vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais.
Caso Zampieri
Roberto Zampieri, de 57 anos, foi assassinado no dia 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá
Reprodução
O advogado Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros dentro do próprio carro em frente ao escritório. Ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro, e fugiu em seguida. Segundo a Polícia Militar, o advogado saía do escritório que trabalhava quando o crime aconteceu.
O delegado da Polícia Civil, Nilson Farias, disse que o atirador aguardava o advogado na frente do escritório e que a vítima tinha um veículo blindado há mais de 5 anos.
Conforme as investigações, foi verificado que existe uma demanda de duas fazendas em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões, e que a perda dessas propriedades na Justiça teria levado Aníbal a mandar matar o advogado. Além disso, o mandante desconfiava de uma suposta aproximação de Zampieri com o desembargador do caso.
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