Sofre de ‘dezembrite’? Saiba como evitar ansiedade no fim de ano


Psiquiatra dá dicas de como evitar o agravamento ou o surgimento de quadros de doenças mentais nesse período. Ansiedade
G1
Com 2024 chegando ao fim e em meio às festas de Natal e Réveillon, aumenta a possibilidade de ocorrência da chamada “dezembrite”. O termo é usado popularmente para apontar sentimentos de tristeza, ansiedade e angústia no último mês do ano, período em que alguns gatilhos psicológicos podem ser acionados.
A causa está relacionada a situações comuns da época e, segundo o psiquiatra e diretor médico do de Instituto de Neuromodulação de Piracicaba (SP), Arthur Cardoso, pode gerar aumento da incidência de transtornos mentais, ao provocar piora de quadros ou até o surgimento de novas situações.
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“Alguns dos motivos que podem motivar esse tipo de manifestação ocorrem quando a pessoa se cobra, se compara com outros indivíduos, se compara com planos que ela estabeleceu para ela mesma e não conseguiu concretizar e também quando essa pessoa recebe uma cobrança do meio social”, afirma o dr. Arthur, ao mencionar reuniões familiares e de amigos, comuns nesse período.
O médico observa ainda que é muito comum que nessas reuniões se toque em assuntos particulares, como projetos pessoais, relacionamentos e outros que podem gerar gatilhos para quadros ansiosos e depressivos.
Fazer algo que não queremos por necessidade de aprovação externa — ou medo de dizer ‘basta’ — pode gerar sobrecarga, estresse e ansiedade
GETTY IMAGES via BBC
Dados estaduais
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que, de janeiro a outubro deste ano, foram registrados 99.952 atendimentos ambulatoriais e 303 internações por ansiedade no estado de São Paulo. No mesmo período do ano passado, foram 73.890 atendimentos ambulatoriais e 162 internações.
Rede de Atendimento para Saúde Mental
A pasta também informou que a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) para a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) é pela Atenção Básica, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), administradas pelos municípios e fortalecidos pela SES, por meio de cursos, palestras, eventos, apoio técnico em programas, projetos e ações.
A Raps é instalada em todo o estado sob responsabilidade dos municípios, cabendo ao Estado o apoio e fortalecimento à rede.
“É importante ressaltar que os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) podem ser procurados para avaliação e acompanhamento, quando necessário. Entretanto, desde as UBSs, até a urgência/emergência nos hospitais gerais possuem condições para atendimento em saúde mental e o devido encaminhamento para especialistas da rede”, finalizou.
Prevenção
Para prevenir situações como essa, o médico psiquiatra aponta algumas atitudes a serem tomadas no período de festas e também ao longo de todo o ano. Confira:
Organização e planejamento: é importante organizar e planejar as atividades que pretende realizar e estabelecer um cronograma para que os objetivos sejam cumpridos dentro dos limites físicos, emocionais, financeiros e de tempo de cada pessoa.
Determinar prazos possíveis de serem cumpridos: não estabelecer prazos curtos para atingir uma meta mais complexa, como, por exemplo, atingir alguma posição na carreira, alguma posição social, algo sobre relacionamento. Isso é válido também para aspectos relacionados ao corpo.
“A pessoa deve se cuidar no dia a dia e não estabelecer uma meta a partir de uma urgência, como, por exemplo uma festa, uma confraternização do final de ano e outros parâmetros que caracterizem uma urgência para conseguir mudanças na vida. Porque isso pode causar ansiedade e uma sensação de frustração e inadequação, que são gatilhos para quadros depressivos”, afirma o médico.
Estabelecer limites: é preciso estabelecer limites às outras pessoas e não permitir que toquem em assuntos polêmicos ou delicados sobre a própria intimidade, principalmente em ambientes públicos, em que muitas pessoas vão ter acesso a essas informações.
“A pessoa não precisa expor sua intimidade, nem se sentir na obrigação de dar satisfação sobre o que está fazendo e o que planeja fazer e também sobre suas dificuldades com seus projetos”, aponta.
Ter um hobby: é importante encontrar hobbies e atividades prazerosas, que possam gerar saúde mental e oportunidades de socialização, o que também evita a solidão edificuldades no final do ano, por não ter com quem contar. O hobby pode ser também uma maneira de prevenir problemas de saúde mental e de aumentar o nível de socialização.
Ver a vida de uma forma mais ampla: o médico orienta a não pensar na vida como um curto espaço de tempo e seguir focado nos objetivos, ao ser mais tolerante e evitar metas irreais e pressão.
“Muitas vezes, a gente vai perceber que muitas das coisas que a gente se preocupava e causava ansiedade e gatilhos para episódios depressivos, não necessariamente são tão importantes assim. Ou seja, a gente pode viver melhor com uma vida mais simples, com menos atribuições”, aponta o especialista.
Avaliar a real necessidade de estar em alguns lugares: o médico aponta que ambientes familiares com conflitos podem desencadear depressão e ansiedade, uma vez que, neste período, podem ocorrer reuniões, mesmo que a relação entre as pessoas não seja harmoniosa.
“Uma maneira de prevenir isso é, uma vez conhecido esse padrão de funcionamento com pessoas, mesmo que sejam familiares, você ponderar se é o caso de você estar junto. O que deve vir em primeiro lugar é a preservação da saúde mental e de relacionamentos saudáveis. Mesmo que para isso tenha que deixar de frequentar alguma reunião social neste final de ano Isso vale também para a vida como um todo, não somente nesta fase”, diz o médico.
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