Empresários temem que, desta vez, previsões mais conservadoras e até negativas se confirmem em 2025


Nos dois primeiros anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), previsões negativas no início de 2023 e 2024 não se confirmaram.
No primeiro ano, as previsões indicavam um crescimento abaixo de 0,5%. Fechou em 3,2% do Produto Interno Bruno (PIB).
Especialista fala sobre o que esperar da economia brasileira para 2025
No segundo ano, os economistas apontavam para uma alta do PIB na casa de 1% a 1,5%. O ano passado deve ter fechado com um crescimento de 3,5%.
Lula costuma lembrar essas previsões erradas para destacar pontos positivos de seu governo.
Agora, as previsões apontam para um crescimento de 2,1% em 2025. Mas já se fala numa desaceleração neste ano e até um risco de recessão.
Se nos anos anteriores o país foi surpreendendo positivamente ao longo dos meses, agora, com um dólar pressionado e uma taxa Selic em alta, as surpresas podem ficar no campo negativo neste primeiro semestre.
Por isso, empresários defendem que Lula, mesmo não gostando do mercado, faça sinalizações concretas de que vai parar de brigar com “especuladores” e buscará apaziguar os ânimos entre os dois lados para que os investidores voltem a aplicar no Brasil.
Real e dólar.
Getty Images via BBC
Especialistas não acreditam em recessão
Empresários ouvidos pelo blog neste fim de 2024 e início de 2025 não acreditam em uma recessão, mas avaliam que, infelizmente, há uma tendência de desaceleração neste terceiro ano do mandato de Lula.
A avaliação entre empresários é que o presidente da República ouça mais o setor e indique concretamente, não só em discursos, que vai garantir o cumprimento das metas fiscais nos dois últimos anos de seu mandato.
Nesta quinta-feira (2), o dólar caiu no primeiro dia útil de 2025, num dia de movimento fraco, recuando de R$ 6,1797 para R$ 6,16. A equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera um resultado fiscal melhor em 2024 do que o previsto para sinalizar compromisso com a meta fiscal.
O não-pagamento de emendas parlamentares e o “empoçamento” natural de recursos no fim do ano — pela falta de execução de despesas por alguns ministérios — pode trazer um resultado melhor do que o esperado, que era de um déficit de 0,25% do PIB, sinalizando compromisso com a meta fiscal.
O governo espera que isso ajude a acalmar o mercado aos poucos, auxiliando a reduzir o movimento de alta do dólar.
Com uma tendência de desaceleração, a volta do desemprego é um dos maiores temores do governo Lula neste ano.
O desemprego ficou em 6,1% em novembro e deve fechar 2024 abaixo de 6%. Pode ter fechado em 5,8%, a menor taxa da série histórica, um sinal de mercado de trabalho forte e resiliente, tudo o que um governo petista deseja.
Só que, para 2025, há um risco de desaceleração da economia, com aumento do desemprego. Por enquanto, não está nas previsões uma queda forte do emprego. Alguns economistas falam em uma taxa ainda em 6%, perto de 7%, neste ano.
Mas só esse fato será ruim para o governo Lula, porque irá representar uma reversão do cenário observado até agora durante o governo, de queda gradual e constante do desemprego no país, a ponto de alguns setores enfrentarem atualmente dificuldades na contratação de mão-de-obra.
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