‘Pescadoras de plástico’: projeto ambiental recicla e conscientiza através da arte em SC

O que antes era lixo, se transforma em arte e em oportunidade de criar uma geração mais envolvida com o meio-ambiente. É com esse objetivo que duas professoras de Santa Catarina desenvolveram o projeto ambiental “Côza Másh Quírida”, que não só recicla como também educa sobre a importância de preservar os oceanos e a vida marinha.

Exposição do projeto ambiental em uma praia durante atividade com alunos

‘Pescadoras de plástico’: projeto ambiental recicla e conscientiza através da arte em SC – Foto: Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

A inciativa surgiu em agosto de 2022, por meio de um reencontro de duas amigas e professoras na Praia da Saudade, em Penha. A blumenauense aposentada Luciana Águida Zimmermann Philippi e a então professora do Instituto Parque Beto Carrero, Surama Maria de Lima, trocaram ideias sobre iniciativas educativas e encontraram um meio criativo de conscientizar.

Luciana atuou 30 anos como o professora da Rede Municipal de Blumenau com crianças dos anos iniciais, enquanto Surama auxiliou alunos do instituto na transformação de resíduos em arte.

Projeto desenvolve ações educativas em salas de aula e praias

Em entrevista ao portal ND Mais, a blumenauense explicou que o objetivo do projeto ambiental é conscientizar os alunos, seja em escolas, Centros de Educação Infantil ou praias.

“E fazer com que mudanças aconteçam para a preservação, o cuidado, a atenção que os oceanos e w vida marinha merecem ter, pois dependemos dos oceanos para nossa sobrevivência. O futuro está nas mãos das crianças, principalmente dos anos iniciais, que logo vão poder estar fazendo o que nos duas fazemos hoje”, destacou a professora aposentada.

Mascote do projeto exposta em uma das ações

Doca, mascote do projeto Côza Másh Quírida, feita a partir de resíduos encontrados pelo litoral – Foto: Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Conforme Luciana, a dupla já recebeu diversos vídeos e relatos de moradores impactados pelo projeto ambiental, que ressaltaram as mudanças significativas no cotidiano, em suas casas e nas praias.

“O projeto é importantíssimo para a região, pois a educação ambiental deve ser urgentemente inserida como disciplina na grade curricular, fazendo esse trabalho na teoria e na prática”, comentou.

A blumenauense explica que ela e a amiga se declaram como “pescadoras de plástico”, pois tudo o que coletam, transformam em arte, além de fotografar e enviar para diversos países, que também realizam o mesmo tipo de trabalho.

“Mostramos para as crianças que nosso lixo é também o lixo que aparece no mar, na praia de outros países. As crianças criam suas obras de peixes resíduos”, destacou.

Crianças participam de atividades educativas por meio de projeto ambiental - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Crianças participam de atividades educativas por meio de projeto ambiental – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Limpeza das praias é uma das ações desenvolvidas pelo projeto - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Limpeza das praias é uma das ações desenvolvidas pelo projeto – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Materiais, vídeos e conteúdo educativo são apresentados em salas de aula - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Materiais, vídeos e conteúdo educativo são apresentados em salas de aula – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Por meio do projeto ambiental, Luciana e Surama realizam palestras, rodas de conversa, exposições, oficinas pedagógicas e brincadeiras.

“Na sala de aula, iniciamos o trabalho impactando com um curta e depois surge a roda de conversa, palestra, visita e manuseio de itens da exposição. Em seguida, ministramos as oficinas, conforme a solicitação de cada local”, detalhou a blumenauense.

Elas também utilizam literatura para abordar a conscientização ambiental, com livros de duas autoras de Portugal, com quem trocam informações.

“Muitas vezes atuamos nas escolas e depois a mesma segue em direção à praia para as oficinas. Trabalhamos em qualquer município do estado, mas sempre com um maior número de crianças no litoral”, explicou.

Costura, confecção de bolsas e brinquedos são realizados por meio do projeto ambiental - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Costura, confecção de bolsas e brinquedos são realizados por meio do projeto ambiental – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Material reciclado é transformado em arte  - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Material reciclado é transformado em arte – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Além de conscientizar, projeto ambiental proporciona brincadeiras com crianças - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Além de conscientizar, projeto ambiental proporciona brincadeiras com crianças – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

A dupla atua no Programa Bandeira Azul Penha e Piçarras, e também no Programa Projeto Golfinhos, das mesmas cidades.

As duas já atuaram em diversos municípios de Santa Catarina, sendo eles Blumenau, Penha, Piçarras, Florianópolis, Timbó, Pomerode, Porto Belo e Gaspar.

O projeto ambiental também já passou por algumas cidades da Serra catarinense, onde Luciana participa de trilhas e mostra em palestras os resíduos que podem ser encontrados tão distantes do mar, mas que acabam ficando pelas trilhas em alguns momentos.

Materiais recolhidos no projeto ambiental passam por grande transformação

A arte e a conscientização andam lado a lado no projeto ambiental desenvolvido no “Côza Másh Quírida”. Os materiais recolhidos são transformados, doados e vendidos para manutenção da iniciativa, sendo reutilizados de diversas formas. Veja quais:

  • Cadeiras de praia – bolsas e mochilas;
  • Guarda-sóis – bolsas e jaquetas corta-vento;
  • Garrafas pet – bilboquês coloridos , jogos e brincadeiras;
  • Tampinhas – jogos e doadas para a ONG Adote Penha e Agarra Patas (Blumenau);
  • Madeiras – jogos;
  • Roupas – bolsas e porta copos;
  • Brinquedos (em bom estado) – doados para escolas e creches;
  • Parte das cadeiras, guarda-sóis, ferro e alumínio – doados para um morador de Penha que vende os resíduos como fonte de renda;
  • Resíduos em geral – transformados em artes e utilizados em palestras.

Ainda conforme Luciana, elas já chegaram a encontram itens que foram reformados e vendidos, com um retorno financeiro simbólico para o projeto ambiental. As professoras também realizam ações de limpeza, registros e separação de resíduos.

Atividades interativas atraem crianças durante ações do projeto ambiental - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Atividades interativas atraem crianças durante ações do projeto ambiental – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Brinquedos e atividades conectam alunos à educação ambiental - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Brinquedos e atividades conectam alunos à educação ambiental – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Material recolhido e transformado é exposto para alunos - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Material recolhido e transformado é exposto para alunos – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Material recolhido das praias é transformado em cadeiras - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Material recolhido das praias é transformado em cadeiras – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Resíduos viram brinquedos para crianças - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Resíduos viram brinquedos para crianças – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Pintura faz parte do trabalho de arte  - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Pintura faz parte do trabalho de arte – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Criatividade fica em evidência durante confecção dos trabalhos - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Criatividade fica em evidência durante confecção dos trabalhos – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Em todos os trabalhos, a dupla enfatiza a necessidade e urgência de respeitar a restinga.

“Ela precisa ser cuidada, preservada e respeitada. Abelhas procuram as flores das restingas para polinização”, destacou a blumenauense.

As amigas não possuem sede própria do projeto ambiental e atuam sozinhas, com objetivo de sensibilizar e transformar a vida das pessoas, começando pelas crianças.

“Mudanças em adultos e crianças ocorrem e produzem aprendizagens significativas e conhecimentos que transformam”.

Alunos também participam de atividades na praia - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Alunos também participam de atividades na praia – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Trabalhos de arte são realizados com crianças dentro do projeto - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Trabalhos de arte são realizados com crianças dentro do projeto – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Pintura e muita criatividade são aproveitadas nas atividades - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Pintura e muita criatividade são aproveitadas nas atividades – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Arte e reciclagem se juntam no projeto ambiental - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Arte e reciclagem se juntam no projeto ambiental – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Palestras buscam conscientizar alunos em sala de aula - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Palestras buscam conscientizar alunos em sala de aula – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Luciana e Surama dedicaram suas vidas à preservação do meio-ambiente

Luciana atuou como professora da Rede Municipal de Blumenau e recolhe resíduos há mais de 20 anos. Ela os levava para a sala de aula, onde criava projetos pedagógicos com seus alunos e demais professores das turmas. Todas as disciplinas se envolviam nos trabalhos.

Nas aulas, a blumenauense ensinava sobre como os resíduos plásticos impactam a vida de crianças, seja no litoral, ou em regiões mais distantes. Os alunos eram imersos no caminho que os materiais percorriam até chegar às praias.

“Instalou-se um bueiro ecológico inteligente em frente à Escola Zulma Souza da Silva e, por esse bueiro, fazíamos a coleta de dados e a interligação dos resíduos que ali estavam, e os que eu trazia do litoral”.

Idealizadoras do projeto em selfie, utilizando camisas com logo da iniciativa

Luciana e Surama são as fundadores do projeto ambiental “Côza Másh Quírida” – Foto: Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Surama, por sua vez, em suas caminhadas diárias de mais ou menos 10 minutos pelas praias, recolhia uma quantidade de resíduos deixados pelas pessoas ou trazidos pelo mar, diariamente.

Através disso, ela teve a ideia de instalar placas educativas em frente à orla da praia, confeccionadas juntamente com as crianças do Instituto Parque Beto Carrero, com dizeres envolvendo a conscientização ambiental.

“Desde da iniciativa, o número de resíduos deixados pelas pessoas diminuiu muito, e isso fez com que em nosso projeto, após palestras e rodas de conversa, ocorram oficinas de confecções de placas”. Depois de prontas, elas são instaladas na região.

Placas educativas são produzidas por alunos durante atividades - Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Placas educativas são produzidas por alunos durante atividades – Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Itens são espalhados em praias para gerar conscientização - placas Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

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Itens são espalhados em praias para gerar conscientização – placas Divulgação/Côza Másh Quírida/ND

Juntas, as duas geram mudanças dentro das famílias, levando conscientização para os lares através dos alunos, que passam a ter mais cuidado e amor pelos oceanos. As atividades desenvolvidas pelo projeto ambiental podem ser conferidas no perfil do Instagram do “Côza Másh Quírida”.

 

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