Brumadinho: bombeiros encontram fêmur e prótese em área de buscas por vítimas


Tragédia deixou 270 pessoas mortas, das quais três seguem desaparecidas. Ainda não há informação se segmentos encontrados pertencem a uma das pessoas não localizadas. Tenente Henrique Barcellos, do Corpo de Bombeiros de MG, explica operação de buscas em Brumadinho
TV Globo/ Reprodução
Os segmentos encontrados na área de buscas pelas vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, nesta quinta-feira (6), incluem um fêmur com prótese. Ainda não há informação se eles pertencem a uma das três vítimas que seguem desaparecidas mais de seis anos após a tragédia.
“O de maior interesse é um segmento de fêmur, de um membro inferior direito, e esse segmento contém uma prótese. […] Os segmentos têm alta probabilidade de serem de um corpo humano, mas essa informação final vem da perícia da Polícia Civil. A gente precisa esclarecer que podem ser de vítimas já encontradas”, afirmou o tenente Henrique Barcellos, porta-voz do Corpo de Bombeiros de MG.
Segundo ele, no entanto, a localização da prótese tem “uma altíssima relevância do ponto de vista da probabilidade da identificação de uma nova vítima”.
“A Polícia Civil mantém um banco de dados com diversas imagens radiográficas, diversas informações que podem trazer esse comparativo. […] Os colegas da PC estão envidando todos os esforços para conseguir, no menor tempo possível e seguro, trazer uma informação oficial se, de fato, trata-se de um segmento corpóreo humano e também se trata-se do segmento de uma nova vítima, ou seja, uma vítima ainda não encontrada”, disse Barcellos.
A tragédia da Vale em Brumadinho deixou 270 pessoas mortas, das quais três nunca foram localizadas. São elas:
◾ Maria de Lurdes da Costa Bueno, de 59 anos, que passava as férias com a família em uma pousada soterrada pela lama;
◾️ Nathália de Oliveira Porto Araújo, de 25 anos, estagiária da Vale que estava no horário de almoço, conversando com o marido por telefone, no momento do colapso da estrutura;
◾ e Tiago Tadeu Mendes da Silva, de 34 anos, engenheiro mecânico recém-formado que tinha sido transferido para a mina em Brumadinho cerca de 20 dias antes da tragédia.
Maria de Lurdes da Costa Bueno, Nathália de Oliveira Porto Araújo e Tiago Tadeu Mendes da Silva
Arquivo pessoal
De acordo com o tenente Henrique Barcellos, os segmentos foram encontrados pouco antes das 9h em uma área de buscas chamada “remanso 4”. O local fica a aproximadamente 2 km da Pousada Nova Estância, destruída pela lama (veja mapa abaixo).
“A operação Brumadinho gerou uma mancha de aproximadamente 10 km lineares e mais de 30 km de perímetro. […] O remanso significa aquela área onde o fluxo de lama perde a velocidade e vai mudar de direção”, explicou.
Caminho da lama em Brumadinho
Luisa Rivas – Arte/g1
Em nota, a Polícia Civil afirmou que os “segmentos corpóreos, supostamente humanos”, foram encaminhados ao Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte para serem submetidos a exames.
“A Polícia Civil utiliza as tecnologias mais avançadas em identificação de vestígios humanos buscando determinar, com precisão, a identidade da vítima. Há uma equipe de servidores dedicada à célere análise do caso”, afirmou a instituição.
Faz mais de dois anos desde que uma vítima da tragédia foi identificada pela última vez. Trata-se de Cristiane Antunes Campos, funcionária da Vale que atuava como supervisora de mina. A identificação, por meio de exames de DNA, foi confirmada em dezembro de 2022.
Buscas
Seis anos depois, o Corpo de Bombeiros mantém as buscas pelas vítimas ainda não encontradas.
Os militares atuam com o apoio de estações de busca, que processam o material recolhido por máquinas e separam os fragmentos maiores dos mais finos. Os bombeiros são treinados para inspecionar visualmente tudo o que passa pelas esteiras e, desde o fim do ano passado, contam com a ajuda de inteligência artificial nesse processo.
Ao longo de 2024, a Polícia Civil recebeu 20 segmentos humanos localizados pelos bombeiros na área de buscas.
Bombeiros fazem busca por corpos na região do Córrego do Feijão, em Brumadinho, dois dias depois do rompimento da barragem
Douglas Magno/AFP
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