‘Vivendo para o carnaval’: rainha de bateria com doença autoimune rara fala sobre preparativos para desfilar no Anhembi


Carla Prata cruzará o Sambódromo como representante da Acadêmicos do Tucuruvi pela terceira vez. Ela convive com miastenia gravis e lipedema, dois quadros que podem influenciar seu desempenho na avenida. Carla Prata, rainha da Acadêmicos do Tucuruvi
Divulgação/Renata Daniele/Lucas Akio/Emily Furtado
A rainha de bateria Carla Prata vai representar a escola Acadêmicos do Tucuruvi no Sambódromo, pelo terceiro ano seguido, na madrugada do próximo domingo (2). Diagnosticada com uma doença rara que afeta os músculos, a modelo falou ao g1 sobre os desafios de sambar por quase uma hora, ao longo da avenida, e como tem se preparado para isso.
“Eu tenho que respeitar meus limites, ir devagar, mas tem vezes que sou obrigada a descansar. Preciso ficar sempre alerta aos sintomas”, contou.
“Tem vezes que eu tenho que escolher o que eu vou fazer no dia. Então, nesses dois meses antes, eu vivo meio que 90% para o carnaval, deixo de fazer outras coisas para poder dar mais foco para eventos, idas ao ateliê…”
Carla convive com dois quadros capazes de atrapalhar seu desempenho nos desfiles: a miastenia gravis e o lipedema.
A miastenia é uma doença autoimune rara. Ela ocorre quando o sistema de defesa do corpo ataca células saudáveis por engano, atrapalhando o envio de comando aos músculos e causando fraqueza em determinadas regiões. No caso da modelo, o quadro afeta os músculos dos olhos e da garganta.
O diagnóstico foi realizado em janeiro de 2017, semanas antes de Carla desfilar pela Unidos de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Ela conta que procurou atendimento médico depois que acordou sem conseguir abrir um dos olhos, resultado de fraqueza no músculo da pálpebra.
“Teve uma época em que eu escondia essa doença, não queria falar porque as pessoas iam ter preconceito… e têm, algumas pessoas têm. Mas é minha vida. Eu já fiquei dias numa cama, sem conseguir levantar para comer, para ir ao banheiro”, contou a rainha da Tucuruvi.
“É uma doença complicada, que pode levar à morte em casos mais graves [devido à insuficiência respiratória]. Eu tenho que conviver com isso, acho que é bom porque sirvo de exemplo, de alerta.”
Já o lipedema é um quadro que afeta o sistema circulatório, provocando acúmulo anormal de gordura na região das pernas, além de sensibilidade ao toque e tendência a formar hematomas.
“Eu treino, me alimento bem, mas você vê a diferença do corpo todo para essa parte da perna [coxas]. É muito bizarro. Chego em casa com a perna inchadíssima, de afundar o dedo e ficar a marca”, relatou Carla.
Preparativos
Carla Prata, rainha da Acadêmicos do Tucuruvi
Renata Daniele/ Lucas Akio
Para aguentar o ritmo dos ensaios e esforço físico intenso nas semanas que antecedem o desfile no Anhembi, a rainha de bateria conta com alguns procedimentos e técnicas que desenvolveu ao longo dos 15 anos de experiência na avenida:
Reforçar a hidratação;
Descansar bem;
Fazer refeições leves e saudáveis: “Nada de comer coisa pesada, esquece feijoada. É coisa bem leve, peixinho, frango, arroz, salada, legumes, frutas”;
Drenagem linfática: “Nessa época, eu coloco mais sessões de drenagem, porque drenagem pra quem tem lipedema é igual respirar, tem que fazer”;
Meias de compressão: “Se eu faço uma viagem de carro, de avião, tem que colocar”;
Pés para cima: “Todo dia, quando eu chego em casa, coloco o pé para cima e fico ali de 20 minutos a 30 minutos. Isso ajuda muito”;
Procedimentos: estímulo de colágeno e crioterapia.
“Nos primeiros ensaios, 10 minutos, 15 minutos, e eu já estava morta. Mas fui ganhando resistência conforme os eventos foram ocorrendo e fui reforçando a musculação”, contou Carla.
Acadêmicos do Tucuruvi
Com o enredo “Assojaba – A busca pelo manto”, a escola prestará uma homenagem aos povos originários falando sobre o manto Assojaba, do povo Tupinambá.
A rainha de bateria promete uma fantasia com algo inédito. “Tem coisa de praxe que não vai ter e tem coisa que nunca teve. Estouo bem ansiosa, na expectativa… meio que faz menção a outro setor da escola de samba”, adiantou Carla.
Segundo a modelo, o clima entre os integrantes da agremiação está “bom demais”. A missão final é manter os ânimos sob controle, com muita meditação.
Carnaval 2025: Acadêmicos do Tucuruvi fala sobre a importância do manto Tupinambá
Adicionar aos favoritos o Link permanente.