SOS Educação. Por Ana Dalsasso

Há anos estamos acompanhando a deterioração do ensino brasileiro nas instituições públicas. Estamos formando gerações de analfabetos funcionais, embora a produção de estatísticas “fantasiosas” diz que o país deu um salto na erradicação do analfabetismo, porém na hora de uma avaliação o desempenho é desastroso. E contra fatos não há argumentos.

Em 2023 alunos brasileiros, do 4º ao 8º ano, participaram pela primeira vez de um estudo internacional chamado “Trends International Mathematics and Science Study” (“Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências”) sobre desempenho educacional e os resultados divulgados no final de 2024 foram decepcionantes. Dentre 64 países avaliados, o Brasil ficou na 63ª posição em matemática, apontando que 51% dos estudantes brasileiros, já no 4º ano do ensino fundamental, não sabem a tabuada, não realizam as operações básicas, nem interpretam gráficos simples. Decepcionante.

A leitura é outra grande preocupação, aliás a maior, pois é o pilar fundamental para a busca do conhecimento e criatividade. Quem não lê não sabe escrever, não interpreta, não sabe argumentar, não desenvolve pensamento crítico e criativo. É um analfabeto funcional. Estudos mostram que o Brasil vem perdendo gradativamente o número de adeptos à leitura. Nos últimos anos o número de não-leitores  superou ao dos leitores.

O último ENEM trouxe à tona a decadência do uso da língua portuguesa. De 3 milhões e 100 mil jovens, apenas 12 obtiveram nota máxima em redação, e apenas um (1) de escola pública. Nossos jovens estão perdendo a habilidade de escrever à mão e de se expressar com clareza, capacidades que a humanidade desenvolveu e transmitiu por milhares de anos. Não sabem escrever e têm pouca familiaridade na elaboração de ideias complexas em textos.

Os fatos aí estão… É hora de refletir sobre as consequências disso para o futuro. Como mudar esse cenário? É possível reverter essa tendência? Quais as causas dessa tragédia? São perguntas que precisam de respostas, de estudos aprofundados, porque como está é inadmissível continuar.

 Sabemos que a realidade brasileira é assim: a maioria dos alunos estuda só para ir bem nas provas, tirar nota boa e passar de ano. Não estudam para aprender. Junte-se a isso a má formação dos professores, currículos inadequados, materiais didáticos de baixa qualidade, professores doutrinadores, falta de envolvimento da família delegando à escola a total responsabilidade sobre o processo de ensino e aprendizagem.  Quanto mais tempo na escola, menos aprendizagem adquirida. Nossas crianças estão cada vez mais, aprendendo menos.

Enfim, o país está em débito com nossas crianças e jovens. Não está dando a eles a única chance de uma vida melhor: educação de qualidade. Nosso sistema educacional não fracassa por acaso, mas sim porque há interesses intrínsecos para que nada dê certo, pois bem sabemos que quanto menos habilidade o cidadão tiver, mais dificuldade terá para desenvolver seu potencial e buscar seu lugar ao mundo. Precisa-se de uma política de ensino permanente, que esteja acima dos interesses e ideologias dos partidos políticos. É preciso que educação seja prioridade.

0

0

Adicionar aos favoritos o Link permanente.