“A nossa moeda desvalorizou”, diz professor sobre “invasão argentina” no litoral catarinense

Sabe aquele momento em que você está andando na rua e parece que você está em outro país por conta do idioma diferente? Pois é, acho que esse é um pouco do sentimento que os moradores de Balneário Camboriú e da região estão sentindo desde o final do ano passado. A “invasão Argentina” nas cidades aumentou significativamente, e o fator determinante para isso acontecer está relacionado à economia no Governo Javier Milei.

O professor de Relações Internacionais da Univali, Ricardo Boff, explicou que o principal motivo foi devido à inflação em dólares que ocorreu no país vizinho, já que desde os anos 90, a Argentina vive uma economia parcialmente dolarizada. Ou seja, o dólar é usado junto com a moeda local, mas sem substituir totalmente o dinheiro do país. Com o uso dessa estratégia, também no Governo Milei, ocorreu uma desvalorização do peso argentino frente ao dólar. 

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“O que aconteceu: comprar em dólar na Argentina ficou muito caro, então tudo aquilo que é dolarizado lá ficou mais caro para eles e ao mesmo tempo, o Brasil barateou, porque a nossa moeda desvalorizou. Então houve uma inversão com aquilo que acontecia nos últimos anos, ou seja, para o argentino está muito caro comprar em dólar lá, mas está barato comprar aqui”, explicou. 

Segundo Boff, a economia parcialmente dolarizada na Argentina funciona da seguinte maneira: para compras com valores pequenos, como almoçar e comprar coisas no mercado, são usados os pesos argentinos. No entanto, para compras com valores superiores, como aluguel de casas, trocas de carros, compras de eletrodomésticos ou produtos importados, são utilizados o dólar. 

Problemas com inflação 

A Argentina sempre teve um grande problema com a inflação, e que perdura por muitos anos. O país chegou a uma marca de 200% em inflação, e assim que o Milei assumiu o governo, o objetivo era baixar essa marca, o que de fato aconteceu, já que em janeiro a inflação do país ficou abaixo dos 100%.

De acordo com o professor, para que isso acontecesse, o presidente argentino cortou gastos públicos. “Calculasse que ele passou uma régua de 15% baixando os gastos, cortando gastos sociais, salários, investimentos, obras de infraestrutura, então aconteceu de fato a queda inflacionária”. Porém, Boff explica que esses fatores trouxeram o lado ruim, pois junto à queda houve uma recessão na economia. 

No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) argentino caiu 3,5%, e no acumulado desde que Milei assumiu caiu 5%. Já na produção industrial em 2024 houve uma queda de 10%, e o acúmulo de 15%. Então, conforme afirmou o professor, o presidente de ultra direita segue um caminho meio contraditório, pois de um lado há uma redução na inflação e por outro lado há uma recessão econômica, que gera aumento da pobreza e do desemprego.

“Nesse conjunto de coisas, a economia, o dia-a-dia ficou mais caro em dólar, mas para aqueles que conseguem receber em dólares e vir para o Brasil a coisa melhorou, já que o nosso país está mais barato”, pontuou.

O que esperar para os próximos anos?

Segundo o professor, há uma projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), e do próprio governo Milei de existir uma melhora na economia para este ano. “Não adianta você dizer que melhorou a inflação, mas a vida das pessoas mais vulneráveis não melhorar”, afirmou.

Ele explica que se houver uma melhora na economia, talvez as coisas possam mudar em relação à vinda dos argentinos ao Brasil, mas isso vai depender da economia neste ano. 

Ao ser questionado se vir morar no Brasil pode ser a solução, ele afirma que o país “não está uma maravilha”, pois também existe uma inflação alta no Brasil, porém o índice de desemprego está menor, principalmente na região sul. “O sujeito mais vulnerável devido a essa inflação talvez vindo para cá esteja menos pior, agora, quem ganha em dólar consegue se virar”, explicou.

A tendência é de que a “invasão argentina” continue no Brasil, e principalmente na região do litoral catarinense, que é destino turístico para os Hermanos. 

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