Musk x OpenAI: juíza barra pedido do bilionário, e batalha jurídica tem novo capítulo


Empresa comandada por Sam Altman busca adotar um modelo com fins lucrativos. Dono do X, que ajudou a fundar a startup, tenta impedir transição. Sam Altman e Elon Musk
Fotos: Reuters
A Justiça norte-americana negou um pedido de liminar de Elon Musk que buscava barrar a transição da OpenAI, dona do ChatGPT, para um modelo com fins lucrativos, no novo capítulo da batalha jurídica entre as duas partes.
Na decisão, a juíza distrital Yvonne Gonzalez Rogers, de Oakland, na Califórnia, escreveu que Musk não tem “o alto ônus exigido para uma liminar” que bloqueie a conversão de status da OpenAI.
Ela, no entanto, manifestou que buscará resolver o processo rapidamente, considerando “o interesse público em jogo e o potencial de dano caso ocorresse uma conversão [da OpenAI] contrária à lei”.
A disputa judicial entre Musk, que foi um dos fundadores da OpenAI (leia mais abaixo), e o CEO da empresa, Sam Altman, já dura um ano.
O dono do X acusa a startup de se desviar de sua missão de fundação: desenvolver inteligência artificial para o bem da humanidade, não para o lucro corporativo. A OpenAI e Altman negam as alegações.
Musk x Altman: a origem da rivalidade entre o homem mais rico do mundo e o dono do ChatGPT
OpenAI e defesa de Musk comentam decisão
A OpenAI comemorou a decisão da juíza, dizendo que o processo de Musk, que lançou a startup rival xAI em 2023, “sempre foi sobre competição”.
Marc Toberoff, advogado de Musk, disse que a defesa estava satisfeita com o fato de o juiz “ter oferecido um julgamento acelerado sobre as principais reivindicações que motivam este caso”.
“Esperamos que o júri confirme que Altman aceitou as contribuições filantrópicas de Musk sabendo muito bem que elas deveriam ser usadas para o benefício do público, e não para seu próprio enriquecimento”, disse Toberoff.
A rixa entre Musk e a OpenAI
Hoje membro do governo de Donald Trump, Elon Musk foi um dos cofundadores da OpenAI como uma organização sem fins lucrativos, em 2015, mas se desvencilhou da startup três anos depois – antes de ela se tornar mundialmente conhecida pelo ChatGPT, o que só aconteceu no final de 2022.
Em 2023, Musk dono do X, SpaceX e Tesla, criou sua própria empresa de inteligência artificial, a xAI. Ela é a responsável pelo recurso de inteligência artificial do X, o Grok.
Fora da OpenAI, o dono da xAI passou a fazer críticas à startup e a Altman.
Musk e Altman bateram boca em janeiro por causa do projeto bilionário de construção de infraestrutura para IA que Trump anunciou dias após a posse. O Stargate é financiado pelo banco Softbank e conta com apoio da OpenAI, entre outras empresas de tecnologia.
Musk respondeu a um post da OpenAI sobre o projeto dizendo que “eles não têm o dinheiro, na verdade”. “O SoftBank tem bem menos de US$ 10 bilhões garantidos. Tenho isso de fonte confiável”, acrescentou o dono do X.
Altman, então, respondeu: “Errado, como você certamente sabe”.
Os dois entraram novamente em conflito em fevereiro, quando um grupo de investidores liderado por Musk fez uma oferta de US$ 97,4 bilhões (cerca de R$ 550 bilhões) para comprar a controladora da OpenAI.
Sam Altman respondeu no X, agradecendo a oferta e provocando o dono da rede social: “Obrigado, não. Mas compraremos o Twitter por US$ 9,74 bilhões (R$ 55 bilhões) se você quiser”.
Musk retrucou com um post onde fez um trocadilho com o nome Sam e a palavra “scam”, que, em inglês, significa fraude, golpe.
O bilionário comprou o antigo Twitter em 2022, por US$ 44 bilhões (R$ 250 bilhões na cotação atual), e mudou o nome para X.
A OpenAI, por sua vez, é uma das empresas mais importantes no setor da inteligência artificial e é avaliada US$ 157 bilhões (cerca de R$ 750 bilhões). Ela deve passar por uma nova rodada para receber fundos que deverá ampliar seu valor.
Transição de modelo
A OpenAI conta com a Microsoft como um dos principais investidores atualmente. Sua estrutura mistura entidades sem fins lucrativos, caso da controladora que foi alvo da oferta, e com fins lucrativos.
Segundo o jornal Financial Times, a distinção entre sem e com fins lucrativos da OpenAI era um “aceno idealista” para garantir que a IA fosse gerida de forma responsável e “para o benefício da humanidade”.
Atualmente, ainda de acordo com o FT, a startup vive uma negociação complicada para fundir esses dois tipos de entidades em uma única estrutura. Isso seria importante para atrair, com promessas de lucro, mais dezenas de bilhões de investimentos.
Uma próxima rodada de captação de recursos poderá avaliar a OpenAI em US$ 260 bilhões (R$ 1,4 trilhão), ainda segundo o FT.
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