Coveiro mineiro viraliza ao mostrar rotina em cemitério de maneira leve e descontraída: ‘sou agente de prisão perpétua’


Com humor e descontração, mas também seriedade e respeito, Paulo busca um lado, como ele mesmo diz, ‘menos sombrio’ do cemitério, mostrando história e arte para quem o assiste. O coveiro Paulo Lima mostra a rotina nos cemitérios de maneira leve e descontraída
Reprodução/Redes Sociais
“Agente de prisão perpétua”. É assim que o coveiro Paulo Lima prefere chamar a profissão que escolheu há sete anos. O mineiro viralizou nas redes sociais ao mostrar o dia a dia no cemitério da Boa Morte, em Barbacena, carinhosamente apelidado por ele de “cemit”.
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Com humor e descontração, mas também seriedade e respeito, Paulo busca um lado, como ele mesmo diz, “menos sombrio” do cemitério, mostrando história e arte para quem o assiste, indo além dos procedimentos de rotina, que vão desde a manutenção dos túmulos até exumações.
No cemitério da Boa Morte, por exemplo, há túmulos históricos, como das famílias Andrada e Bias Fortes, e histórias de época, como a de que no passado apenas nobres, barões e baronesas eram enterrados no local, com exceção da escrava Dona Leocádia, que servia à Gabriela Frederica Ribeiro Andrada, filha do diplomata José Bonifácio de Andrada e Silva.
“O cemitério é um lugar que mistura a morte, aquele lugar sombrio que as pessoas falam, mas também obas de arte, histórias e muito conhecimento. Aqui é um museu a céu aberto”, reflete o trabalhador.
Em seus vídeos, Paulo também aborda assuntos como filosofia, teologia e reflexões sobre a vida e a morte.
“Eu falo sobre tudo nos meus vídeos porque a gente nasce sem nada, morre sem nada e a gente briga por uma coisa que não é nossa e nós não vamos levar. Não adianta uma pessoa ser isso ou aquilo sendo que vai feder no mesmo jeito. Aqui é o jardim da igualdade, então o que eu peço é para as pessoas serem mais humanas, serem mais humildades”, conta ele.
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Atualmente, o coveiro tem cerca de 180 mil seguidores no Instagram e mais de 120 mil no TikTok. Recentemente também lançou um e-book de mensagens diárias.
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“Tem dias que você acorda triste, tem dias que você acorda feliz. Tem dias que você vai dormir brigado com alguém, outro não, então tem sempre uma mensagem. Eu coloco Deus na frente de tudo e eu falo que você pode ser católico, evangélico, umbandista, kardecista, o importante é buscar a Deus. Você respeita a minha religião, eu a sua e tá tudo certo”, completou.
Rotina pesada física e mentalmente
Segundo o coveiro, a prioridade do trabalho é realizar o sepultamento de corpos e membros, além da manutenção do cemitério. Mas para Paulo, o mais complicado de fazer é a exumação, que consiste na retirada dos restos mortais da sepultura.
“Às vezes tem que tirar dois, três restos em um túmulo. Pensa em um negócio que é doído, horrível e perigoso porque tem uns que são complicados, o corpo não decompôs. Tem que usar os equipamentos de proteção individual e eu tomo muito cuidado porque eu tenho uma mãe de 92 anos”.
Além do esforço físico, o coveiro conta que a rotina de trabalho gera uma série de emoções e, muitas vezes, ele já se pegou chorando em enterros.
“Eu sou humano, você sente. Um dos enterros mais difíceis foi de um bebezinho e, quando eu peguei o caixão, a mãe pediu para eu não enterrar o filho dela. A mesma dor eu senti ao ver uma senhora enterrando o filho dela de 56 anos. Mãe sofre muito, e a dor de uma mãe me machuca muito. Para mim não é certo uma mãe enterrar um filho”.
Apesar das dificuldades, Paulo segue a profissão com carinho, zelo, sensibilidade e empatia aos que faleceram e às famílias.
“Tem que fazer um trabalho aqui com bastante carinho, tem que tratar o ente querido que se foi como se estivesse vivo ainda porque nessa hora as pessoas estão muito abaladas, muito sofridas, então você tem que dar o seu melhor, tem que ter sensibilidade”.
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