Dólar dispara e fecha a R$ 5,85 com incertezas sobre tarifas nos EUA

O dólar fechou em alta de 1,06% nesta segunda-feira, 10, cotado a R$ 5,8515, impulsionado pelo temor de uma recessão nos Estados Unidos.

O mercado reagiu às declarações do presidente Donald Trump, que admitiu a possibilidade de alta nos preços durante a implementação de suas tarifas comerciais.

Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,8710, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, caiu 0,41%, encerrando aos 124.519 pontos.

O aumento das incertezas sobre a economia global e os possíveis impactos das medidas protecionistas de Trump ampliaram a aversão ao risco entre investidores.

Impacto das tarifas de Trump

Em entrevista à Fox News no domingo, 9, Trump afirmou que “detesta” prever o futuro da economia, mas não descartou uma recessão e alertou que suas políticas tarifárias podem pressionar os preços no país.

Segundo ele, a economia norte-americana passa por um “período transitório” até que os benefícios das tarifas se consolidem.

Os investidores temem que o aumento nos preços nos Estados Unidos leve o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a elevar as taxas de juros para conter a inflação.

Se isso ocorrer, o crédito se tornará mais caro, o consumo poderá cair e a economia pode desacelerar, aumentando o risco de recessão.

As incertezas aumentaram após Trump anunciar novas tarifas de importação e, em seguida, recuar de algumas delas.

Na última semana, o presidente dos EUA suspendeu por um mês as tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, após os dois países ameaçarem retaliar as taxas impostas.

Antes, ele já havia adiado medidas semelhantes após acordos sobre segurança de fronteira.

Reação internacional

As mudanças frequentes nas tarifas têm elevado a instabilidade no comércio global.

Nesta segunda-feira, 10), o chefe de comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, afirmou que tentou negociar com Washington para evitar uma guerra comercial, mas disse que os EUA “não parecem interessados” em um acordo.

O impacto também se reflete na confiança dos consumidores nos EUA. Segundo a Pesquisa de Expectativas do Consumidor do Fed de Nova York, a inflação esperada para o próximo ano subiu para 3,1%, acima dos 3% registrados em janeiro.

O Fed tem como meta uma inflação de 2%, e qualquer desvio pode influenciar a política de juros do banco central.

Além dos EUA, os mercados acompanharam dados de inflação da China, que vieram abaixo do esperado, indicando uma possível tendência de deflação no país. Esse cenário reforça a preocupação com o crescimento global.

Cenário econômico no Brasil além da alta do dólar

No Brasil, o mercado monitora a divulgação de dados econômicos ao longo da semana.

Entre os principais indicadores estão os números da produção industrial e do setor de serviços de janeiro, além da inflação de fevereiro.

O relatório Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (10), elevou a projeção da inflação para 2025 de 5,65% para 5,68%, acima do teto da meta de 4,5%. O dado reforça a preocupação com o controle dos preços no país.

No campo político, o governo Lula anunciou medidas para tentar conter o preço dos alimentos. Entre elas, está a isenção da tarifa de importação para produtos como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva.

No entanto, especialistas alertam que essa medida pode impactar a arrecadação federal.

Leia também:

  • Temporal deixa mais de 34 mil imóveis sem luz na região de Blumenau

Um levantamento do economista Felipe Salto, da Warren Investimentos, estima que a isenção pode reduzir em até R$ 1 bilhão por ano os cofres públicos.

O presidente Lula também manifestou preocupação com a inflação dos alimentos e afirmou que o governo já tomou medidas para enfrentar o problema.

Segundo ele, ministros e empresários participaram de uma reunião no Palácio do Planalto para discutir soluções.

Segundo especialistas, com o mercado atento aos desdobramentos da política econômica dos EUA e do Brasil, os próximos dias devem ser de volatilidade, com investidores aguardando novos indicadores e possíveis reações do governo americano às incertezas globais.

 

O post Dólar dispara e fecha a R$ 5,85 com incertezas sobre tarifas nos EUA apareceu primeiro em Misturebas News.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.