Entenda como secar roupas dentro de casa pode afetar sua saúde


Existem várias espécies de mofo, mas os mais comuns em casas úmidas são o penicillium e o aspergillus. Estima-se que respiramos pequenas quantidades desses esporos todos os dias. Secar roupas molhadas em espaços mal ventilados pode aumentar a proliferação de mofo em casa, o que pode prejudicar a saúde e, em alguns casos, até levar à morte.
Pexels
Será que a forma como secamos nossas roupas dentro de casa faz diferença?
Secar roupas molhadas em espaços mal ventilados pode aumentar a proliferação de mofo em casa, o que pode prejudicar a saúde e, em alguns casos, até levar à morte.
Isso porque quando o mofo cresce, ele pode formar manchas escuras ou esverdeadas nas paredes e causar um cheiro desagradável. Esse problema não deve ser ignorado, pois a exposição prolongada ao mofo pode ter sérias consequências para a saúde.
O mofo é um tipo de fungo que libera partículas microscópicas chamadas esporos. Essas partículas se espalham quando encontram condições favoráveis, como temperaturas mais baixas e alta umidade. Por isso, o mofo é mais comum em banheiros ou paredes úmidas, onde há mais água para os esporos se fixarem e crescerem.
Existem várias espécies de mofo, mas os mais comuns em casas úmidas são o penicillium e o aspergillus. Estima-se que respiramos pequenas quantidades desses esporos todos os dias.
Felizmente, nosso sistema imunológico é eficiente em identificar e eliminar esporos de fungos, o que reduz o risco de infecções pulmonares. Células do sistema imunológico chamadas macrófagos ficam nos alvéolos pulmonares e capturam qualquer partícula potencialmente perigosa que inalamos, incluindo esporos de fungos.
Riscos para pessoas com imunidade comprometida
Algumas pessoas, no entanto, não conseguem eliminar esses esporos, o que pode resultar em infecções perigosas ou no agravamento de doenças respiratórias, como a asma.
Pessoas com imunidade debilitada correm maior risco de infecções fúngicas graves. O aspergillus, por exemplo, pode causar infecções pulmonares em pessoas com sistema imunológico enfraquecido ou doenças respiratórias como asma, fibrose cística e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Para quem tem asma, os esporos de fungos podem desencadear uma reação exagerada do sistema imunológico, causando inflamação nos pulmões e dificultando a respiração. Além disso, esses esporos podem agravar alergias e inflamações nas vias respiratórias.
Em casos extremos, os esporos podem invadir as vias aéreas e causar hemorragias pulmonares. Isso ocorre quando os fungos germinam e formam estruturas chamadas micélios, que se agrupam, bloqueiam os brônquios e danificam os tecidos dos pulmões.
Aumento da resistência a medicamentos
Infecções causadas por aspergillus são tratadas com medicamentos antifúngicos chamados azóis, que impedem a formação adequada das células fúngicas. Embora os azóis sejam bastante eficazes, há um aumento na resistência a esses medicamentos, o que é uma preocupação crescente.
Temos uma gama limitada de medicamentos antifúngicos disponíveis para tratar infecções por fungos – e quando ocorre resistência, isso pode reduzir severamente as opções de tratamento para o paciente.
A resistência aos azóis pode se desenvolver em pacientes que os utilizam por longos períodos, mas pesquisas recentes indicam que a resistência está se tornando mais comum no ambiente, onde a maioria dos fungos é encontrada. Isso significa que, mesmo antes de um paciente ser diagnosticado com uma infecção por aspergillus, pode ser tarde demais para que os medicamentos antifúngicos sejam eficazes.

Reprodução/Pexels
O desenvolvimento da resistência a medicamentos em fungos ambientais tem sido associado ao uso de azóis e outros antifúngicos na agricultura. Infecções fúngicas são um grande problema para as culturas, e as plantas precisam de proteção contra essas infecções da mesma forma que nós. Infelizmente, os mesmos medicamentos que usamos nas clínicas são os mesmos que estão sendo usados na agricultura.
As mudanças climáticas também podem estar impulsionando a resistência a medicamentos em fungos ambientais. Foi descoberto recentemente que a exposição a temperaturas altas ajuda os fungos a desenvolver resistência aos antifúngicos mais prescritos. Também houve relatos de pacientes adoecendo devido a espécies de fungos que antes não eram associadas a doenças humanas, em parte porque não conseguiam crescer na temperatura do corpo humano.
Portanto, mais espécies de fungos podem estar adquirindo a capacidade de causar infecções, além de se tornarem resistentes aos medicamentos. Programas de pesquisa e iniciativas de saúde que monitoram essas mudanças são fundamentais para nos prepararmos para um possível aumento nas infecções por fungos.
As visões da experiência de quase morte que mexem na forma como alguém encara a vida
Embora um sistema imunológico saudável signifique que a exposição típica a esporos de fungos não cause problemas de saúde, a exposição a grandes quantidades de esporos pode ser fatal, mesmo para pessoas sem problemas de saúde subjacentes.
Em 2020, Awaab Ishak morreu devido à exposição excessiva a esporos de fungos, causada por umidade excessiva e mofo em sua casa. A morte da criança levou a uma mudança na legislação do Reino Unido (Lei Awaab), que exige que os proprietários de imóveis respondam rapidamente à umidade nas casas que gerenciam, para garantir que os inquilinos não sejam expostos a níveis excessivos de esporos de fungos, o que pode afetar sua saúde física e mental.
Portanto, é importante manter sua casa livre de mofo. A melhor maneira de fazer isso é garantir boa ventilação e tomar outras medidas para reduzir a umidade, como usar um desumidificador ou investir em um varal aquecido para secar roupas no inverno.
LEIA TAMBÉM:
Os canais do YouTube ‘sequestrados’ para promover golpes e remédios milagrosos
Por que crescem casos de câncer de pulmão entre mulheres que nunca fumaram
Dopamina: por que busca desenfreada por estímulos pode tirar satisfação da vida
*Rebecca A. Drummond é professora associada de Imunologia e Imunoterapia na Universidade de Birmingham.
**Este texto foi publicado originalmente no site do The Conversation.
Fantástico traz histórias de crianças que escaparam da morte

Adicionar aos favoritos o Link permanente.