Correios vai lançar marketplace para espantar de vez o ‘fantasma’ da privatização 

Em visita a Pernambuco, o presidente dos Correios, Fabiano da Silva dos Santos, conversou com o LeiaJá sobre o processo de modernização que a empresa atravessa para alcançar novas receitas já nos próximos anos. Após fechar 2024 com o déficit de R$ 3,2 bilhões, os Correios se propôs a entrar no comércio eletrônico e vai lançar seu marketplace nas próximas semanas para espantar de vez o ‘fantasma’ da privatização. 

A previsão é que ‘marketplace dos Correios’ passe a operar em maio, em esquema ‘soft lounge’, com intuito de realizar possíveis ajustes antes de ampliar o serviço. A empresa se apresenta como mais um player robusto no comércio eletrônico e vai encarar um mercado já ocupado por grandes redes, como Amazon, Mercado Livre, OLX, Magazine Luzia, Americanas e Shopee.

“A gente precisa modernizar os Correios, trazer novas receitas, diversificar as nossas atividades para que a gente garanta a sustentabilidade da empresa”, disse.

“Hoje, as compras via comércio eletrônico no Brasil são em aproximadamente 25%. Se você pegar países assim, o México é muito maior do que o nosso, Estados Unidos, China. Então, tem um espaço de crescimento muito grande”, ressaltou. “A gente entende que não tem uma disputa. O mercado, ele vai crescer e a gente também pode absorver parte desse crescimento”, complementou o gestor. 

Correios vai lançar marketplace para espantar de vez o 'fantasma' da privatização 
Fabiano Silva também comentou sobre a intenção de oferecer um banco digital dos Correios. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Sem antecipar a previsão da receita gerada com o marketplace no primeiro ano, Fabiano também não revelou a empresa que será parceira no novo segmento. No entanto, ressaltou que o investimento não deve ser alto em virtude da capacidade de atendimento que os Correios já detém.

 “Se a gente fortalecer os Correios com marketplace, se a gente conseguir se estabelecer em segmentos importantes da sociedade, como entrega de medicamentos, entrega de insumos na educação, se o correio se consolidar como uma empresa, não tenho dúvida que já não vão falar mais sobre privatização”, afirmou. 

Correios do Futuro

Com viagem marcada à China para buscar recursos junto ao banco do BRICS, o presidente citou outras etapas do processo de inovação da empresa. A ideia é tornar os Correios um ambiente sustentável. Para isso, também está prevista a criação de um banco digital e a entrada no ramo de seguros.

“A gente vai poder ter um meio de pagamento também, a gente está discutindo isso, seria um tipo de banco digital. Também vamos ter a possibilidade de atuar no segmento de seguros, porque essas encomendas geralmente têm seguros. É um processo que vão trazer muitas receitas”, explicou.

Correios vai lançar marketplace para espantar de vez o 'fantasma' da privatização 
Novidades também passam por modernização da operação. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

A atual gestão também promete inserir novas tecnologias na própria operação dos Correios. Dentre elas, Fabiano citou a eletrificação da frota, a criação da rede de autoatendimento com totens para retirar e enviar encomendas aos fins de semana e robotização do processo de tratamento das encomendas.

“São investimentos que são necessários, que já deveriam ter sido feitos. Se eles tivessem feito esse marketplace há 10 anos atrás, 6, 7 anos atrás, certamente a gente estaria em uma outra posição hoje no mercado. Então, a gente está fazendo agora porque é fundamental que se faça para que a empresa tenha novas oportunidades de receita.” 

Contas no vermelho

Dados do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) apontam que os Correios fecharam 2024 com o déficit de R$ 3,2 bilhões. Essa conta se divide em prejuízos na casa dos R$ 2,13 bilhões, que se soma aos mais de R$ 830 milhões de investimentos federais.

O presidente dos Correios disse que não reconhece o valor e apontou que a empresa ainda vai divulgar o balanço do ano passado. Ainda assim, ele credita uma parte considerável da dívida ao volume de precatórios herdados da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na casa de R$ 1,3 bilhão.

“São os fantasmas que ficaram no armário que a gente herdou e que a gente tem que trabalhar […] Eles estavam lá para privatizar a empresa. Eles estavam lá para retirar o direito dos trabalhadores. Porque é fácil, às vezes, você dar um resultado positivo nas costas do trabalhador.”

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Baixa procura para o envio de mensagens impactou nas contas. Foto: Divulgação/Correios

Ainda de acordo com Fabiano, o processo de digitalização em detrimento ao envio de mensagens, como cartas e boletos, também influencia esse resultado. Outro fator que pode explicar o rombo nas contas dos Correios foi a queda nas encomendas internacionais.

Enquanto as encomendas nacionais cresceram em 2024, segundo o gestor, houve uma queda na participação das encomendas de fora do país após o cumprimento da taxação sobre compras de até 50 dólares.

“A gente tinha uma parcela muito relevante do mercado, cerca de 98% era a participação que a gente tinha nesse segmento, que era as compras até 50 dólares. Então, a gente tinha essa participação e com essas alterações que foram feitas, a nossa participação decaiu muito hoje nesse segmento”, concluiu.  

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