Guerra comercial entre Canadá e EUA: canadenses boicotam produtos americanos em resposta a tarifas de Trump

O governo canadense reagiu às sanções de Trump e impôs tarifas de 25% a diversos produtos dos Estados Unidos. O impacto já é sentido no bolso dos consumidores. Guerra comercial entre Canadá e EUA: canadenses boicotam produtos americanos
O presidente Donald Trump impôs tarifas a todos os países que vendem aço para os Estados Unidos – inclusive o Brasil. Mas é o Canadá que vive uma onda crescente de nacionalismo desde que ele sobretaxou em 25% o aço e o alumínio canadenses. Mesmo percentual que, a partir do mês que vem, vai ser imposto a quase todos os produtos do Canadá.
O governo canadense devolveu a provocação, anunciando tarifas de 25% sobre uma fatia dos produtos importados dos Estados Unidos. Ainda assim, Trump continua dizendo que o Canadá, em breve, vai se tornar um estado americano. O primeiro-ministro canadense protestou.
A boa relação histórica entre os vizinhos azedou, e o supermercado virou o principal campo de batalha. Estudos apontam que a guerra tarifária pode fazer com que a inflação canadense aumente até um ponto percentual este ano. Mesmo assim, o nacionalismo está pagando para ver.
“Esse mel é americano? Claro que não. Mas esse aqui é canadense, então vai para sacola”, diz Luzana.
Aplicativos que escaneiam códigos de barras para identificar a origem dos produtos ganharam popularidade. Além disso, muitos mercados passaram a usar símbolos do país para destacar mercadorias canadenses.
“Antes vendíamos produtos dos Estados Unidos, mas agora os clientes querem ficar longe deles”, diz um feirante.
Nos corredores, vinhos californianos deram lugar aos rótulos canadenses e europeus. Alguns produtos importados já estão encalhados nas prateleiras.
“Não vamos encomendar de novo se as tarifas entrarem em vigor”, afirma a dona de supermercado Michelle Genttner.
Café ‘americano’ vira ‘canadiano’
A disputa chegou até ao café. A bebida conhecida popularmente como “café americano” na América do Norte agora foi rebatizada no Canadá como “café canadiano”. A ideia foi lançada por uma revista de Toronto e tem se popularizado.
Impacto no turismo
A agência de turismo da Luzana organiza excursões para escolas canadenses. Ela diz que 80% dos clientes que tinham uma viagem marcada para os Estados Unidos pediram para orçar uma opção no Canadá.
“Eu estou refazendo um roteiro para um grupo que ia de excursão para os Estados Unidos. Agora vou mandá-los para Yukon, no Canadá, para ver a aurora boreal. Vai ser mais caro, mas vai valer a pena”.
Desde o mês passado, o movimento na fronteira entre Estados Unidos e o Canadá caiu 23%. Yanick é professor em Vancouver e está de férias. Já tinha reservado tudo para viajar para Vermont, nos Estados Unidos, mas decidiu ficar no Canadá.
“Até as relações melhorarem, vou gastar meu dinheiro aqui, vou ficar aqui ou viajar para outros lugares”.
Um sociólogo destaca que o conflito com os Estados Unidos aproximou o restante do Canadá com a província de Quebec – parte da minoria de língua francesa que já tentou ser um país independente. O Canadá é dividido em províncias que têm muita autonomia, diz ele, quase como pequenos reinos – e que têm barreiras entre si.
“Quando as pessoas se sentem ameaçadas, elas tendem a se unir. As pessoas se juntam porque sentem medo, sentem antagonismo, se sentem desrespeitadas, e estamos sentindo tudo isso no Canadá agora”, comenta Lorne Tepperman, professor emérito de sociologia da Universidade de Toronto.
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