Justiça aceita denúncia do MP e torna coronel do Exército réu por explosão em apartamento de Campinas


Para a Promotoria, Virgílio Parra Dias deve responder por posse ilegal de arma e por causar incêndio. Defesa alega que os crimes citados pelo MP não foram cometidos. Apartamento com munições que pegou fogo em Campinas e armas de coronel
Defesa Civil e Arquivo Pessoal
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e tornou réu o coronel reformado do Exército Virgílio Parra Dias, pela explosão de um apartamento em Campinas (SP), no dia 24 de fevereiro de 2024. Segundo o inquérito, ele guardava dentro do imóvel um arsenal de armas e munições.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
A decisão da Justiça foi assinada na última sexta-feira (21) pelo juiz Abelardo de Azevedo Silveira, da 2ª Vara Criminal de Campinas. A denúncia da Promotoria foi feita no dia 5 de março. De acordo com o MP, o coronel reformado deve responder pelos crimes de incêndio e posse irregular de arma e munição de uso permitido, além de porte ilegal de arma e munição de uso restrito
Em outubro do ano passado, a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o coronel, mas o documento foi devolvido à delegacia para que fossem incluídos mais depoimentos.
Segundo a investigação, o incêndio no imóvel começou após a explosão de um artefato que estava no cofre, localizado em um cômodo ao lado da cozinha, onde o coronel armazenava grande quantidade de pólvora e um arsenal de armas, incluindo pistolas, revólveres, espingardas e fuzis.
Vigílio Parra Dias, coronel do Exército, é internado no Hospital Doutor Mario Gatti
Reprodução
Denúncia do MP
No documento da denúncia oferecido à Justiça, o Ministério Público afirma que, no apartamento, foram encontradas 145 armas, incluindo armas de uso permitido sem a devida regulamentação e armas de uso restrito.
Além disso, o documento aponta que o coronel Virgílio Parra Dias mantinha artefato explosivo ou incendiário, cartuchos, máquina para manufatura de munições, prensas, estojos de munição, diversas peças de arma de fogo e ferramentas utilizadas para recarregar e reciclar munição, sem autorização.
Para os promotores, o fato de armazenar o arsenal faz com que o coronel tenha provocado o incêndio, “afetando o patrimônio dos vizinhos e colocando os moradores em risco”.
O que diz a defesa
O g1 tenta contato com a defesa sobre a decisão da Justiça de tornar o coronel réu. À época da denúncia do MP, os advogados afirmaram que não há ligação entre a conduta de Parra Dias e o resultado do dano causado pelo incêndio, e que a questão do porte das armas seria apenas uma infração administrativa.
Além disso, alega que o coronel não cometeu os crimes descritos da denúncia feita pelo Ministério Público. Confira a posição na íntegra:
“Iremos nos pronunciar oportunamente no processo. No entanto, lendo a denúncia, por primeiro e sem fazer juízo de mérito mais aprofundado, me parece que o MP deixou de considerar conclusão pericial que asseverou que não há nexo de causalidade apto a ensejar o crime de incêndio. Sobre a questão dos armamentos, também me parece que estamos diante de mero ilícito administrativo. Deste modo, creio ser absolutamente possível concluir que o Coronel Parra não cometeu qualquer dos crimes descritos na denúncia.”
O caso
Uma explosão seguida de incêndio atingiu, no dia 24 de fevereiro de 2024, um apartamento do primeiro andar do condomínio Fênix, na Rua Hércules Florence, em Campinas (SP).
No dia seguinte à explosão (25), a perícia concluiu que o incêndio começou após um artefato explodir dentro do cofre do imóvel de Parra Dias.
Ao todo, 44 pessoas que estavam em andares superiores foram retiradas do prédio, parte delas por meio de cordas, em uma manobra semelhante à técnica de descida em rapel.
Trinta e quatro pessoas que inalaram fumaça precisaram de atendimento médico e foram encaminhadas para o Hospital Casa de Saúde e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José — nenhuma em estado grave.
Armas encontradas em meio aos escombros de apartamento de coronel do Exército em Campinas (SP)
Arquivo pessoal
O que as investigações apontaram?
De acordo com a Polícia Civil, o coronel construiu uma espécie de paiol para armazenar armas, granadas e “incontáveis” munições dentro do imóvel.
De acordo com o boletim de ocorrência, o arsenal estava na área destinada à despensa de mantimentos e era, “no mínimo inapropriado para tal armazenamento”, pois, além de expor a risco o interior do imóvel, o cômodo fazia divisa com as áreas comuns do prédio. Como resultado, a explosão atingiu as escadas, o corredor e o elevador do primeiro andar.
Ainda de acordo com a corporação, também chamou a atenção a grande quantidade de pólvora para manufatura de munição. No boletim de ocorrência atualizado, constam 25 embalagens plásticas com o material.
A pólvora também estava em outros cômodos e em maior quantidade em um quarto, que teria sido transformado em oficina para tal atividade.
VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.