Eleições na Venezuela: após vitória de Maduro, protestos têm mortos e líder de oposição preso

Os protestos violentos que atingem a Venezuela já causaram, ao menos, quatro mortes no país. As manifestações ocorrem após a controversa eleição de Nicolás Maduro para o terceiro mandato como presidente.

Onda de protesto toma conta das ruas após resultado das eleições na Venezuela

Onda de protesto toma conta das ruas após resultado das eleições na Venezuela – Foto: Reprodução/ Redes Sociais/ ND

Ao menos quatro mortos em protestos na Venezuela

Segundo a AFP, a ONG Foro Penal relatou a primeira morte no Estado de Yaracuy, no noroeste do país. Logo depois, a Encuesta Nacional de Hospitales — rede que monitora a crise hospitalar — informou mais três mortes e 44 feridos, a maioria por arma de fogo. O Ministério da Defesa venezuelano relatou 23 militares feridos.

A vitória de Nicolás Maduro na Venezuela foi confirmada pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) no domingo (28), com 51% dos votos. Desde então, milhares de pessoas saem às ruas para protestar. Na segunda-feira (29), a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

Oposição reivindica vitória de eleições na Venezuela

O candidato opositor, Edmundo González, usou as redes sociais para denunciar fraude no processo eleitoral. “Lamentavelmente, nas últimas horas tivemos relatos de pessoas mortas, dezenas de feridos e de detidos. Instamos as forças de segurança a respeitar a vontade expressada em 28 de julho e a parar a repressão às manifestações pacíficas”, escreveu no X.

Liderada por María Corina Machado, a oposição diz ter provas de que venceu o pleito, enquanto a comunidade internacional pressiona para transparência e recontagem dos votos. Machado convocou “assembleias de cidadãos” nesta terça, em frente à sede das Nações Unidas em Caracas e também em todas as cidades do país.

Por outro lado, Maduro denuncia um golpe de Estado “de caráter fascista e contrarrevolucionário”. Ele convocou “uma grande marcha até Miraflores” — o palácio presidencial — “para defender a paz”.

As Forças Armadas, que são a principal sustentação do governo, expressaram “lealdade absoluta e apoio incondicional” a Maduro. A declaração foi feita pelo ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de um golpe contra o governo.

Líder da oposição e manifestantes são presos

O líder opositor, Freddy Superlano, também foi detido pelas autoridades militares. O partido Voluntad Popular, do qual Superlano é coordenador político, caracterizou a medida como um “sequestro” em meio à “escalada repressiva da ditadura de Maduro”.

Um vídeo mostra o momento da prisão, que foi efetuada por agentes vestidos de preto e armados. “Minha filha é menor de idade, tem 16 anos, está com uma amiga que tem 25 anos, elas saíram ontem por volta das 11 ou 12 horas para dar uma volta e foram detidas (…) não estavam participando de manifestações”, relatou uma mulher de 50 anos, em anonimato, à AFP.

Segundo o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, 749 pessoas foram detidas durante os protestos contra a reeleição de Maduro. O número pode crescer nas próximas horas.

Populares registram prisão de Freddy Superlano, líder do partido oposicionista Voluntad Popular, em Caracas, na Venezuela – Vídeo: Reprodução/ Redes Sociais/ ND

“Manipulação aberrante”, diz OEA

A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou que as eleições presidenciais de domingo sofreram “a manipulação mais aberrante”, segundo comunicado do secretário-geral Luis Almagro.

Machado afirmou na segunda-feira que tinha em sua posse cópias de 73% das atas de apuração que comprovariam a suposta fraude, projetando uma vitória de González com 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões de Maduro.

A divulgação das atas de votação também é uma exigência da comunidade internacional, que questiona a reeleição de Maduro, incluindo Colômbia e Brasil, além dos Estados Unidos.

O governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao que considera “ações intervencionistas” desses países.

Biden e Lula discutem protestos na Venezuela

O presidente norte-americano, Joe Biden, e o presidente Lula têm um telefonema marcado para esta terça-feira, a fim de discutir o impasse sobre as eleições na Venezuela. Segundo o R7, a reunião foi solicitada pela Casa Branca.

O Brasil ainda não se pronunciou sobre o resultado do pleito no país vizinho. O Itamaraty afirmou que o governo brasileiro só vai se manifestar sobre o resultado após a publicação dos dados por parte do CNE. Enquanto isso, os Estados Unidos pediu que as informações sejam divulgadas “imediatamente”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.