“Liderar é simples, mas não é fácil.” A frase, dita por um almirante norte-americano no livro de William H. McRaven e citada por Francisco Deppermann Fortes, resume bem a essência do que é ser um bom líder. Em entrevista ao Papo Empreendedor, Francisco compartilhou lições de uma trajetória marcada por desafios e aprendizados no comando de equipes .
Com uma carreira consolidada e marcada pela busca constante por conhecimento, Francisco é formado em Engenharia, com especialização na Alemanha, e tem mestrado em Administração pela UFRGS. Também possui MBA pelo Insper, educação executiva em Stanford, Duke, Insead, HEC e Hong Kong University, além de formação como Conselheiro pelo IBGC. É certificado em Coaching pelo Instituto Ecosocial, SixSigma Blackbelt, ScrumMaster, Hogan e LSI Assessment, com domínio de ferramentas de diagnóstico cultural pela Human Synergistics e Barret. Já realizou imersões em inovação e digital no Vale do Silício e em Israel.
Francisco desenvolveu uma sólida carreira na Gerdau, onde ocupou a posição de vice-presidente executivo e foi membro do Comitê Executivo. Lá, liderou globalmente áreas como RH, Gestão, Inovação, TI, Engenharia, Industrial e Backoffice, e conduziu um amplo projeto de transformação cultural e digital que envolveu 40 mil colaboradores em 14 países.
Francisco lembra que começou cedo como líder e precisou impor respeito mesmo sendo jovem. “Eu era muito novo e era chefe de fábrica. Um dia, um operário grandalhão entrou na minha sala dizendo que não ia cumprir uma tarefa. Se eu tivesse fraquejado ali, teria perdido a liderança da equipe. Mas fui firme e expliquei que aquilo era o melhor para a empresa. Quando você luta pela empresa, está do lado certo – desde que a empresa esteja fazendo o bem pra sociedade.”
Ele reforça que liderança não é um concurso de popularidade: “Líder não é ser bonzinho. E também não é só ser popular. É ser justo com a empresa, com a equipe e com o colaborador. O líder é um guardião desses três pilares.”
Mas como equilibrar resultado e humanização? Segundo Francisco, o segredo está em buscar o equilíbrio entre o racional e o emocional. “Meu sonho é que as pessoas coloquem a mente e o coração no que fazem. Quando isso acontece, a gente atinge resultados inimagináveis. É igual no futebol: quando o time joga com o coração, ganha a Copa.”
Ele afirma que é possível construir uma liderança mais humana mesmo em empresas com culturas rígidas. “Se você tiver foco em resultados e não perder isso, não vai parecer fraco. Mas também não pode esquecer de ouvir as pessoas. Tem que ser justo. E, sim, tem gente que vai testar sua liderança e outras que vão se aproveitar. Por isso, não dá pra ser ingênuo.”
Para Francisco, liderar é seguir sete passos simples: contratar as pessoas certas para o lugar certo; deixar claro o que se espera delas; avaliar o desempenho; dar feedback; reconhecer; ouvir e se comunicar de forma transparente; e, quando necessário, desligar quem não compartilha os valores da empresa.
“Se faltar um desses passos, é como um elo de corrente que se rompe. Não funciona mais. Muita empresa peca por não deixar claro o que espera do funcionário. O líder precisa dizer, avaliar e também elogiar, não só reclamar.”
Sobre a chamada “gestão humanizada”, Francisco reconhece que muita gente ainda acha que isso é coisa de escritório, mas rebate com firmeza: “Eu trabalhei em siderúrgica, com calor, pó… A primeira coisa é cuidar da segurança e da integridade física das pessoas. Depois, melhorar condições básicas: ventilação, pausas, água, refeitório. Não adianta querer motivar com discurso se o ambiente é insalubre.”
E completa: “Às vezes, a gente acha que é caro, mas ouvindo os funcionários dá pra ir melhorando aos poucos. Se eles perceberem que você se importa, já é meio caminho andado.”
Para Francisco, o que diferencia um líder humanizado de um tradicional é uma palavra: respeito. “Trate as pessoas como você gostaria de ser tratado. Isso vale muito. Tem gente que vem de culturas empresariais baseadas no medo, mas isso não se sustenta.”
Ser líder não é ocupar um cargo, mas assumir um compromisso. Um compromisso com a equipe, com o propósito e com o desenvolvimento de cada pessoa. Um bom líder se compromete com a construção de um ambiente de confiança, onde os erros não são apenas apontados, mas compreendidos e corrigidos com responsabilidade. E esse comprometimento exige coragem para tomar decisões difíceis e humildade para reconhecer falhas.
Francisco estará presente no Empreende SC nos dias 24 e 25 de abril, participando do Palco Criciúma Talks, no painel “Felicidade dá Lucro: Como Ambientes Saudáveis Geram Resultados Extraordinários”.
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