Contorno Viário supera jornada de desafios estruturais em sinergia com preservação ambiental

Contorno Viário; Arteris Litoral Sul

Inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis em 9 de agosto traz melhorias significativas para a mobilidade e economia local – Foto: Arteris Litoral Sul/Divulgação

A inauguração de uma nova estrutura rodoviária é sempre um marco importante para qualquer região, estado e país porque proporciona melhor mobilidade, facilita o transporte de pessoas e bens e impulsiona a economia local.

Com 50 km de pista dupla, 6 acessos por trevos, 4 túneis duplos e 21 passagens em desnível, o Contorno Viário da Grande Florianópolis, maior obra de infraestrutura rodoviária em andamento no Brasil que será inaugurada em 9 de agosto, traz a expectativa de benefícios significativos como desafogar o trânsito no trecho principal da BR-101, atrair novos investimentos, colaborar com o desenvolvimento de empresas locais e fomentar o turismo, promovendo assim um ciclo virtuoso de crescimento econômico.

No entanto, um projeto deste porte, cujo investimento total da Arteris Litoral Sul chegou a R$3,9 bilhões, e que intersecciona cidades populosas e com grande circulação de motoristas, como São José, Biguaçu e Palhoça, traz consigo uma série de desafios técnicos, estruturais, burocráticos e ambientais a serem superados no menor tempo possível. Construir uma obra desta magnitude impõe provocações que vão desde a fase de planejamento até a execução. São necessários estudos detalhados de engenharia para garantir a segurança e a durabilidade da via.

Entre os principais desafios estão a topografia do terreno, as características do solo e do entorno e a necessidade de infraestrutura de suporte, como pontes e viadutos. Cada um desses fatores exige soluções técnicas específicas e um trabalho minucioso para que a obra atenda aos padrões de qualidade e segurança.

A construção de vias também ocasiona impactos ambientais significativos. tais como alterações no curso de rios e impacto sobre a fauna e a flora locais.

Contorno Viário; Arteris Litoral Sul

Medidas ambientais rigorosas garantem a preservação da flora local e a proteção da fauna – Foto: Arteris Litoral Sul/Divulgação

Por isso, é fundamental que projetos deste porte sejam realizados com responsabilidade ambiental. Medidas como a criação de passagens para animais, o replantio de árvores e a preservação de áreas sensíveis são fundamentais para minimizar os danos ao meio ambiente. E devido aos impactos previstos, a obra foi licenciada pelo IBAMA.

Todo o avanço nas obras do Contorno ocorreu em meio a adversidades, superando grandes dificuldades acarretadas pelas características naturais e históricas da região, e pelas condições climáticas e os impactos imprevistos que não poderiam ser planejados pela concessionária.

Um exemplo de situação delicada não prevista, encontrada pelas equipes durante a construção do Contorno, foi a descoberta de sete sítios arqueológicos. Ao todo foram identificados 12 sítios, sendo cinco resgatados antes do início das obras. A novidade demandou o isolamento e a análise aprofundada de toda a área, processo necessário para a continuidade dos trabalhos.

Solo mole e a necessidade de tratamento geotécnico

Em abril de 2024, um marco importante foi conquistado nas obras do Contorno Viário da Grande Florianópolis: o fim do período de adensamento do solo nos trechos que eram remanescentes, em Palhoça.

A característica do solo mole em praticamente toda a extensão do aterro do Contorno Viário foi um enorme desafio encontrado no processo de construção da rodovia. Em todos os 50 km de obra, cerca de 70% são de aterro feito em solo mole de substrato, ou seja, material orgânico saturado que não suporta uma rodovia sobreposta.

Desta forma, a Arteris Litoral Sul não poderia simplesmente aterrar e colocar asfalto por cima, pois toda essa parte de solo mole afundaria e o terreno ficaria irregular, com partes mais afundadas que outras.

Com o objetivo de contornar essa dificuldade natural do solo da região, a concessionária fez um trabalho específico e tecnológico de geotecnia antes de realizar o aterro para corrigir o solo da região, que é extremamente úmido e com baixa capacidade de suporte. O objetivo era evitar o risco de depressões na pista e deixá-la plana, com menos vibração, menor ruído e mais conforto.

“O Contorno foi construído em uma região alagadiça, com solos moles de até 30 metros de profundidade. Ao longo da obra foram executados geodrenos com sobrecarga de aterro para fazer a compressão e retirar a água do solo, garantindo assim o suporte do Contorno para que a rodovia fique totalmente plana e estável para os usuários”, explica Vinícius Henrique Silva, gerente de Engenharia da Arteris Litoral Sul.

O trabalho foi totalmente concluído no mês de abril no trecho Sul B da rodovia, o que permitiu que a concessionária prosseguisse com o aterro e pavimentação até o atual momento, em que a obra está 99% concluída.

Desapropriações, licenças ambientais e compromisso com a fauna e a flora

Contorno Viário; Arteris Litoral Sul

O licenciamento ambiental do Contorno Viário, concedido pelo IBAMA, assegura o cumprimento de rigorosos padrões ambientais – Foto: Arteris Litoral Sul/Divulgação

Questões burocráticas que envolvem a emissão de licenças ambientais, documentações para a obra e desapropriação de terrenos também precisaram ser atravessadas ao longo da execução do projeto. Ao todo foram 1.179 áreas desapropriadas, o que envolve longas negociações.

A construção do Contorno Viário da Grande Florianópolis também passou por um complexo processo de licenciamento ambiental federal, concedido pelo Ibama, órgão que também é responsável pelo acompanhamento periódico do cumprimento de todas as condicionantes ambientais.

Esse monitoramento também é feito pela Funai, responsável por acompanhar o componente indígena do Plano Básico Ambiental, e pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que verifica o trabalho relacionado ao patrimônio histórico e arqueológico da obra.

O Plano Básico Ambiental do Contorno Viário da Grande Florianópolis contempla a realização de 13 programas ambientais, divididos em subprogramas, que juntos são responsáveis por monitorar, controlar e reduzir os possíveis impactos da obra sobre o meio físico, biótico e socioeconômico da região do empreendimento.

Todas as atividades realizadas na obra do Contorno são 100% alinhadas às condicionantes ambientais. Nenhuma rocha é movida de lugar sem que haja o acompanhamento rígido da equipe. A obra foi projetada e executada para minimizar ao máximo os impactos ao meio ambiente.

Contorno Viário; Arteris Litoral Sul

Todas as atividades realizadas na obra do Contorno Viário são 100% alinhadas às condicionantes ambientais, garantindo a preservação do meio ambiente – Foto: Arteris Litoral Sul/Divulgação

Exemplo disso são as técnicas de engenharia utilizadas, como a redução do canteiro central, muros de contenção, estratégias de geotecnia e túneis, que, juntos, reduziram em cerca de 25 hectares a supressão de fragmentos de Mata Atlântica.

Já para os trechos em que não foi possível reduzir os impactos sobre a flora, a concessionária desenvolve planos de compensação ambiental. Um desses planos foi implantado na Baixada do Maciambu, no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em Palhoça. Somente nesta área o investimento foi de R$ 4,6 milhões. Foram reflorestados 166 hectares com mudas nativas, volume muito superior à condicionante, de 39 hectares.

Ao todo, foram plantadas mais de 14 mil mudas de diferentes espécies. Ao mesmo tempo, foram removidos cerca 58 mil exemplares de espécies exóticas, contribuindo para a regeneração da restinga. A espécie com maior incidência encontrada foi o pinus, que é muito agressivo e cobre rapidamente todo o solo, não deixando que a vegetação nativa se desenvolva. Somente de pinus, mais de 57 mil unidades foram retiradas.

A fauna e a flora da região da obra também são prioridades. Ao longo de todo o projeto, foram construídas 25 passagens de fauna, estruturas que permitem o deslocamento dos animais que vivem na mata do entorno sem o risco de atropelamento.Destaque para os cuidados com a fauna local, incluindo a implementação do Programa de Monitoramento e Afugentamento de Fauna, bem como o Programa de Monitoramento de Fauna e Bioindicadores. Esses programas são conduzidos por biólogos, veterinários e técnicos ambientais, resultando no resgate de mais de 2 mil animais e no registro de mais de 45 mil indivíduos durante o monitoramento.

O trabalho de resgate de flora realizado pela concessionária, com o objetivo de minimizar o impacto das obras na flora da região para manter a biodiversidade do ecossistema local, já resgatou mais de 244 mil espécimes em toda a extensão da obra.

Construção dos túneis e mudanças do traçado impactaram prazos

Contorno Viário; Arteris Litoral Sul

Construção dos túneis e mudanças no traçado do Contorno Viário, ajustando-se à expansão urbana e exigências ambientais, impactaram os prazos da obra – Foto: Arteris Litoral Sul/Divulgação

O projeto do Contorno Viário de Florianópolis contempla quatro túneis duplos, nas pistas Norte e Sul, totalizando 8 túneis, cada um com extensão de 800 metros a quase 1 km.

No entanto, nenhum dos quatro túneis duplos fazia parte do projeto original do Contorno Viário. O túnel entre São José e Biguaçu, construído pela concessionária, foi uma condicionante ambiental para evitar o corte da vegetação.

Os outros três ficam no município de Palhoça e foram incluídos no projeto depois da mudança no traçado solicitada pela prefeitura. Nesta região, a obra sofreu uma grande alteração no projeto devido à expansão urbana. O Contorno foi, então, deslocado para dentro do maciço da Pedra Branca.

Essas alterações exigiram a criação e a aprovação de uma nova proposta, além do reequilíbrio do contrato da concessão Litoral Sul, o que impactou o cronograma da obra. Além disso, a construção de túneis implica de maneira direta em desafios de engenharia.

“A execução dos túneis foi um grande desafio do projeto. Sobretudo porque demandou tratamento em solo, em região mista e em rochas. Nas regiões mistas, o avanço era de 50 centímetros por dia. Nossa maior dificuldade foi no túnel 2, onde imaginávamos ter mais presença de rocha, e encontramos bastante presença de solo. Mas conseguimos superar esses mais de 7 mil e 200 metros de escavação e estamos na reta final de testes”, celebra Vinícius.

Compromisso com o futuro

A inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis simboliza mais do que um avanço na infraestrutura local; é um compromisso com o futuro. É um exemplo de como o desenvolvimento pode ser alcançado de forma responsável, integrando a necessidade de progresso com a preservação ambiental.

Os desafios são muitos, mas com planejamento, tecnologia e engajamento firme em sustentabilidade, é possível construir um caminho que beneficie tanto a sociedade quanto o meio ambiente.

Saiba mais informações sobre a conclusão das obras do Contorno Viário da Grande Florianópolis e a entrega da via à população aqui.

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