Ismail Haniyeh: quem era o principal chefe do Hamas, morto no Irã


Haniyeh vivia em exílio no Catar e estava no Irã para posse do novo presidente do país. Hamas acusa Israel, que não se pronunciou. IIsmail Haniyeh, principal líder do Hamas, foi morto no Irã
AP Photo/Vahid Salemi, File
Ismail Haniyeh, morto no Irã nesta quarta-feira (31), era o principal representante político do Hamas desde 2017.
Quando foi escolhido para liderar o grupo, ele vivia na Faixa de Gaza, onde nasceu em 1962, num campo de refugiados.
Em 2019, foi para Doha, no Catar, porque o bloqueio imposto por Israel dificultava sua entrada e saída do território palestino.
A morte foi anunciada em comunicados do próprio Hamas e da Guarda Revolucionária do Irã.
O Hamas acusou Israel, que até a última atualização desta reportagem não havia se pronunciado.
Segundo o grupo palestino, Haniyeh foi morto “em um bombardeio sionista em sua residência em Teerã, após participar da posse do novo presidente do Irã”, Masoud Pezeshkian. O Irã apoia o Hamas.
As autoridades iranianas não deram mais detalhes e disseram que o ataque está sob investigação.
O governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, havia prometido matar o chefe do Hamas em retaliação ao massacre cometido pelo grupo em território israelense no dia 7 de outubro de 2023, quando um bárbaro ataque terrorista deixou cerca de 1.200 mortos e 250 pessoas foram levadas como reféns, algumas das quais seguem em poder do Hamas até hoje.
Desde então, Israel ataca sem parar a Faixa de Gaza com o objetivo declarado de eliminar o Hamas, que controla Gaza. Mas, muitos desses bombardeios atingiram áreas onde viviam civis. Autoridades de Gaza afirmam que quase 40 mil pessoas foram mortas desde então, incluindo crianças e pessoas ligadas a ONGs e entidades presentes no território, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Quando Haniyeh chegou ao poder, era visto como um político pragmático. Naquela época, o Hamas se esforçava para suavizar sua imagem, de acordo com reportagens publicadas na mídia internacional.
Quando Haniyeh deixou Gaza, o Hamas passou ser liderado no território por Yahya Sinwar, que é considerado o arquiteto dos ataques terroristas de outubro.
No Catar, Haniyeh participava das negociações por um cessar-fogo em Gaza, com mediação do Catar, do Egito e dos Estados Unidos.
Em abril deste ano, um bombardeio de Israel matou três filhos e três netos de Haniyeh em Gaza. Eles estavam em um carro atingido pelo ataque aéreo. Foi uma resposta aos ataques terroristas do ano passado.
À época, Haniyeh disse: “O inimigo acredita que, ao atingir as famílias dos líderes, irá pressioná-los a desistir das exigências do nosso povo. Qualquer um que acredite que atacar os meus filhos irá pressionar o Hamas a mudar a sua posição está delirando”.
Haniyeh nasceu num campo de refugiados em Gaza, filho de pais palestinos que em 1948 foram deslocados de uma área que hoje é território de Israel, em Ashkelon, e estudou em escolas administradas pela UNRWA, a agência da ONU para os palestinos. Chegou a ser preso por Israel no fim da década de 1980.
Entre 2006 e 2007, foi primeiro-ministro de um breve governo de unidade palestino, quando Hamas e Fatah, grupos rivais, resolveram se unir.
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