Entenda os desafios da perícia para identificar vítimas do avião que caiu no interior de SP

Os peritos ainda não têm uma previsão de quanto tempo vão precisar para identificar todas as vítimas do voo 2283 da Voepass, porém será mais rápido do que em 2007 – no acidente da Tam. Como a perícia identifica as vítimas da tragédia
Em tragédias como a que aconteceu em Vinhedo, no interior de SP, identificar os corpos das vítimas é um desafio. O trabalho de recolhimento e reconhecimento dos corpos das 62 pessoas que estavam no avião da Voepass começou ainda na sexta-feira (9), horas após o acidente.
“O importante disso tudo é que, quando uma família receber o documento de declaração de óbito, vai poder ter o luto pelo seu ente querido e vai ter a certeza absoluta de que é o parente dela”, afirma Vladimir Alves dos Reis, diretor do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.
Segundo Carlos Eduardo Palhares Machado, diretor do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, a posição em que a pessoa estava no avião, pode ajudar na identificação dos corpos.
No entanto, há situações em que os passageiros decidem trocar o assento de última hora. Por exemplo, casais que desejam ficar juntos, ou pais que viajam com crianças.
No local do acidente, um scanner é usado para reproduzir exatamente como o ambiente foi encontrado.
A partir do processamento dessas imagens, as autoridades vão ter acesso aos detalhes de onde os corpos e peças do avião estavam. Os profissionais que trabalham com a identificação dos corpos também têm acesso à lista de passageiros e aos documentos de cada um.
Com os números do RG e do CPF, a perícia consegue identificar a qual estado essa pessoa pertence. Acessando o banco de dados de cada estado, as autoridades podem obter mais dados das vítimas.
“A grande maioria dos estados hoje já tem o sistema chamado AFIS, que é o automated finger print identification system, que faz uma busca no banco de dados”, explica Mauricio José Lemos Freire, diretor do Instituto de Identificação de São Paulo.
“O papiloscopista vai determinar se aquela impressão digital colhida pertence realmente àquela pessoa, de que nós temos a ficha datiloscópica”, afirma Freire. Em alguns casos, explica ele, a identificação é feita visualmente.
Os peritos também fazem identificação por meio de roupas das vítimas, sinais particulates, tatuagens e eventuais próteses. “Nós temos identificação pelo próprio reconhecimento facial. Fotos da risada envolvem os dentes, características do dente e pontos de identificação podem ajudar”, diz Vladimir dos Reis, do IML de SP.
Teste de DNA
O teste de DNA é feito apenas em último caso, quando os peritos já tentaram todos os outros métodos, sem sucesso.
Não há uma previsão de quanto tempo será necessário para identificar todas as vítimas do voo 2283.
Porém, deve mais rápido do que em 2007, quando houve a tragédia do voo da TAM no aeroporto de Congonhas. Lá, foram 199 mortos. Agora, são 62. Além disso, a tecnologia evoluiu e o Brasil adotou protocolos internacionais para grandes desastres.
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