Carol Saboya lança em agosto o álbum ‘Outro Tom’, em que canta músicas bem menos famosas do pai, Antonio Adolfo


Antonio Adolfo participa de duas faixas de ‘Outro Tom’, álbum em que Carol Saboya dá voz a músicas do compositor na fase 1977 / 1980
Leo Aversa / Divulgação
♪ O título do álbum que Carol Saboya lançará em 9 de agosto, Outro Tom, é engenhoso. Pode sugerir numa leitura apressada que trata-se de um tributo menos óbvio a Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994), o Tom da música soberana do Brasil que ganhou o mundo.
Mas basta olhar o subtítulo do disco, Canções de Antonio Adolfo, para entender que o Tom de Carol é outro. Trata-se de Antonio Adolfo Maurity Saboia, pai de Carol.
Esse outro Antonio é compositor, pianista, arranjador e produtor musical carioca projetado em escala nacional na segunda metade da década de 1960 por conta do sucesso do cancioneiro composto por Adolfo entre 1967 e 1970 em parceria com o letrista Tibério Gaspar (1943 – 2017).
Genericamente rotulada como “toada moderna”, a obra da dupla de compositores embutia bossas e harmonias de jazz, entranhadas em canções bafejadas por belezas melódicas e poéticas. O Brasil cantou músicas como Sá Marina (1968), Teletema (1969) e BR-3 (1970).
Só que Carol Saboya se desvia desse repertório popular no disco que entrará em rotação dois dias antes do Dia dos Pais. A cantora apresenta a obra de um outro Antonio Adolfo, bem menos conhecido, pois o repertório do álbum está centrado na produção musical registrada pelo compositor entre 1972 e 1980, com ênfase no período 1977 / 1980, quando Adolfo desbravava o mercado fonográfico independente.
Com acesso às partituras originais do cancioneiro de Adolfo, a cantora – que se apresenta como pianista em cinco das dez faixas do disco – selecionou somente músicas com letras escritas pelo próprio Adolfo. A exceção é Alegria de Carnaval (1967), uma das primeiras parcerias de Adolfo com o letrista Tibério Gaspar.
Ainda assim, a referência de Carol é a gravação de Alegria de Carnaval feita por Adolfo em 1979 para o disco Viralata. Esse fonograma gerou inédita reunião de três gerações da família Saboya na faixa que encerra o álbum Outro Tom.
É que a cantora pegou o toque do Fender Rhodes de Adolfo na gravação de 1979 de Alegria de Carnaval e o juntou com outros instrumentos captados em 2024 – com os toques de músicos como o baterista Renato Massa e o violonista / guitarrista Gabriel Quinto – e com as vozes das duas filhas de Carol, Amanda Saboia e Joana Nunes, e a voz da própria Carol Saboya.
Com o baixista e produtor musical do disco, Guto Wirtti, Carol Saboya buscou sonoridade mais pop e leve para abordar músicas como Até que venha o amor, A cada dia que passa, Deixa a fonte despejar, Já é hora e Outro tom, composições gravadas por Antonio Adolfo no álbum Continuidade… (1980), sendo que A cada dia que passa trazia a voz aveludada de Emilio Santiago (1946 – 2013) no registro original enquanto Outro tom foi lançada com a voz de Regininha, intérprete do sucesso Teletema.
Silêncio da aldeia se diferencia no repertório por ser a única música do álbum Outro Tom jamais gravada por Antonio Adolfo. Até então, o único registro fonográfico oficial de Silêncio da aldeia era o feito por Erasmo Carlos (1941 – 2022) no álbum Pelas esquinas de Ipanema (1978).
Já Acalanto (1977) aparece no disco de Carol Saboya pela primeira vez com a letra que já existia na época da gravação original feita por Adolfo para o álbum Feito em casa (1977), mas que não foi cantada por Adolfo naquela ocasião. No tributo de Carol, Acalanto aparece em medley com Carola (1978) em gravação feita com a adesão de Antonio Adolfo, que compusera os dois temas em homenagem à filha então ainda criança (Carol nascera em 1975).
A única música mais conhecida do disco Outro tom é Aonde você vai, gravada por Adolfo em 1977 no álbum Feito em casa e amplificada, quatro décadas depois, na trilha sonora da série High maintenance (2016 – 2020), da HBO.
A gravação de Aonde você vai por Carol Saboya foi feita com a participação de Renato Teixeira, compositor com quem Antonio Adolfo vem firmando parceria na busca incessante por outros tons.
Capa do álbum ‘Outro Tom’, de Carol Saboya
Leo Aversa
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