‘Pioneira’: emoção marca formatura da primeira turma de Medicina da UFSC Araranguá

Formandas e formandos lançaram os capelos para cima ao final de cerimônia. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

As pessoas que lotavam o Centro de Eventos Multiuso de Araranguá, no sul do Estado, contaram de forma regressiva em coro: 5… 4… 3… 2… 1… Os capelos, aqueles tradicionais chapéus utilizados por formandas e formandos, foram lançados ao ar na mais tradicional comemoração de encerramento de uma cerimônia de colação de grau. Apesar de o gesto ser usual, essa celebração foi inédita. Já era perto das 21h30 quando o reitor, Irineu Manoel de Souza, deu por concluída a formatura da primeira turma do curso de Medicina do Campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na sexta-feira, 19 de julho. As lágrimas não faltaram para ninguém.

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Nessa noite, 46 estudantes da UFSC tornaram-se profissionais da saúde, por um curso criado junto ao projeto de expansão das faculdades de Medicina proposto pelo Mais Médicos. De toda a turma, 25 ingressaram na Universidade por políticas de Ações Afirmativas. Todos fizeram história na sexta-feira como os primeiros a colar grau no curso de Medicina da UFSC Araranguá. Por isso, vários discursos – quer dos estudantes quer dos professores – chamaram a turma por seu apelido “Pioneira”, ainda que exista um nome oficial. A turma foi batizada em homenagem a uma estudante que não teve a chance de se formar. Priscila Carniel faleceu em 2022, aos 28 anos, quando cursava a 7ª fase de Medicina em Araranguá. Foi vítimas de uma cardiopatia.

>>> Assista à cerimônia completa no canal do YouTube da UFSC Araranguá.

Edson da Silva Santos, orador da turma, foi dos mais aplaudidos. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

O colega de Priscila e orador da turma, Edson da Silva Santos, lembrou dela em seu discurso. “Priscila, esta noite também é sua”. Ressaltando o coleguismo entre os estudantes, disse: “teve gente que só chegou aqui por força dos amigos”. A fala de Edson foi uma das mais aplaudidas da cerimônia de colação de grau. Ele lembrou os atendimentos feitos pelos estudantes em treinamento nas unidades de saúde de Araranguá e no município vizinho de Balneário Arroio do Silva.

Começou o discurso contando a história de seu Luís, um paciente considerado “difícil” por não obedecer às prescrições médicas das receitas que recebia por escrito. Os estudantes passaram a atendê-lo e, depois de algumas consultas, descobriram que seu Luís não sabia ler. “Acolher é tão importante quanto curar”, observou Edson. O paciente passou a ser presença assídua no posto de saúde depois que os estudantes mudaram o jeito de recebê-lo.

“Teve gente que achou que o curso de Medicina em Araranguá não daria certo. Pois, para o seu Luís, ele já deu certo”. E deu tão certo que atualmente (consulta feita em 19/07/24) existem 332 estudantes regularmente matriculados na Graduação em Medicina da UFSC Araranguá, correspondendo ao curso com mais alunos do campus, ou seja, 23,9% do total de 1.391 estudantes. Os dados são da seção Transparência do site do Campus de Araranguá, organizado pela Coordenadoria de Serviços Integrados de Comunicação e Eventos.

O orador Edson também ressaltou, em sua fala, a importância do Programa de Ações Afirmativas e a qualidade da UFSC. Encerrou dizendo: “muito obrigado, meus amigos da Pioneira. E até sempre!”


Muitos estão aqui por conta das Ações Afirmativas da UFSC, uma das melhores universidades do Brasil.

Edson da Silva Santos, orador


Turma de 46 formandos foi apelidada de “Pioneira”. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Centro Multiuso de Araranguá lotou para o evento

A cerimônia de colação de grau da primeira turma do curso de Medicina do Campus de Araranguá da UFSC lotou o Centro Multiuso – cedido pela prefeitura do município para o evento – na sexta-feira, 19 de julho. A cerimônia começou às 19h36, com a chamada para composição da mesa.

Reitor Irineu Manoel de Souza entra para presidir a solenidade. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Ocuparam cadeiras o reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, que presidiu a cerimônia; a pró-reitora de Graduação e Educação Básica da UFSC, Dilceane Carraro; o diretor do Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde – Campus de Araranguá da UFSC, Eugênio Simão; o diretor do Departamento de Ciências da Saúde da UFSC, Carlos Alberto Severo Garcia Jr; a coordenadora do curso de Graduação em Medicina da UFSC Araranguá, Ritele Hernandes da Silva; o delegado regional de Medicina em Santa Catarina, Eloir Ribeiro; o coordenador Regional de Educação (representando o governador do Estado), Luiz Carlos Pessi; e a secretária Municipal de Saúde de Araranguá, Daiane Biff.

Após composição da mesa, a professora Flávia Corrêa Guerra, paraninfa da turma, e a professora Ana Carolina Lobor Cancelier, patronese, receberam os formandos para ocuparem seus lugares. Depois, foi apresentado um vídeo com a história do curso de Medicina no Campus de Araranguá da UFSC.

Victor Seabra Lima Prado Costa recebeu o diploma de mérito estudantil. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Antes de iniciada a chamada nominal para a colação de grau de cada estudante, foi anunciada a entrega do reconhecimento de mérito estudantil. O aluno com melhor rendimento acadêmico, isto é, que obteve as melhores notas, da primeira turma do curso de Medicina da UFSC Araranguá foi Victor Seabra Lima Prado Costa.

Ele recebeu o diploma de honra ao mérito pelas mãos do reitor Irineu. Na sequência, a formanda Michela da Rosa Rodrigues Freitas conduziu o juramento com o restante da turma. Para Medicina, é o chamado Juramento de Hipócrates.

A coordenadora do curso de Medicina da UFSC Araranguá, Ritele Hernandes da Silva, passou a fazer a chamada dos formandos, um a um, para receberem o grau de Médico, sob presidência do professor Irineu.

 


Reitor Irineu outorga grau de médico a formando. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Discursos e lágrimas tomaram a vez na cerimônia

Professora Flávia Corrêa Guerra, paraninfa da turma, deixa correr lágrimas ao falar. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Após a outorga de grau a cada um dos formandos, foram indicados também aqueles que se formaram em gabinete – estudantes que solicitaram tratamento diferenciado por conta de alguma ocorrência especial e tiveram de agilizar a expedição do diploma – e estavam no evento.

Depois disso, passou a falar o orador da turma e, após, foi a vez da paraninfa Flávia Corrêa Guerra fazer o seu pronunciamento. A professora já chegou emocionada ao microfone, após o discurso de Edson da Silva Santos (relatado acima). Mas tomou fôlego e iniciou sua fala.

A professora Flávia destacou que a turma superou dificuldades para chegar à noite de sexta-feira. Lembrou das consequências da Pandemia da Covid-19. Ressaltou também que os estudantes chegaram com muita vontade ao curso. A professora chamou a todos de “a família Pioneira”.


Hoje vocês colhem o fruto da luta que travaram. Voem, colegas e afilhados, o mundo pertence a vocês.

Flávia Corrêa Guerra, paraninfa


Centro Multiuso de Araranguá lotou para a colação de grau. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Dia de celebrar com nomes gravados na história

Pró-Reitora Dilceane Carraro fez pronunciamento destacando cursos de Graduação. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Após a fala da professora Flávia, foi a vez do pronunciamento do diretor do Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde – Campus de Araranguá da UFSC, Eugênio Simão. O professor nomeou várias pessoas que contribuíram com a criação do curso de Medicina em Araranguá.

Agradeceu o empenho de todos, incluindo as pessoas que são parte do quadro de servidores da UFSC e membros da comunidade, bem como autoridades envolvidas. Resumiu com a frase: “hoje é dia de celebração”.

O coordenador Regional de Educação do Governo do Estado, Luiz Carlos Pessi, também agradeceu à comunidade pelo empenho para criação do curso. Ele destacou o pioneirismo para a região e congratulou a UFSC e seus professores. Pessi falou logo após o professor Simão.

Na sequência, foi a vez da pró-reitora Dilceane Carraro fazer uso da palavra. Ela destacou que a Universidade mantém 120 cursos de Graduação. “Todos nos são muito especiais”. Porém, conforme a pró-reitora, era a noite de destacar o pioneirismo da Graduação em Medicina da UFSC Araranguá.


O nome de vocês estará gravado daqui e até sempre na história.

Dilceane Carraro, pró-reitora


Empenho dos estudantes foi lembrado em diferentes falas da noite. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Reitor destacou valorização do Campus de Araranguá

Reitor Irineu Manoel de Souza convidou estudantes a conhecerem os cursos de Pós-Graduação. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Como é usual em colações de grau, o reitor Irineu Manoel de Souza foi o último a fazer pronunciamento antes do encerramento da solenidade, logo depois de prestadas homenagens dos formandos a professores e técnicos administrativos da UFSC. O reitor parabenizou todos os formandos, destacando a superação de possíveis dificuldades que cada um possa ter enfrentado para chegar até aquela noite.

O reitor também agradeceu o empenho dos professores, técnicos administrativos em educação e funcionários terceirizados da UFSC para que a Universidade possa cumprir seu papel.

Irineu lembrou as ações de valorização do Campus de Araranguá, apesar de reconhecer as dificuldades orçamentárias que a UFSC vem enfrentando nos últimos anos. Mas lembrou também que a Universidade é a quarta melhor do país, buscando sempre excelência no que faz e entrega à comunidade.

Destacando que o momento de colação de grau é quando a “UFSC presta contas à sociedade”, o reitor não quis se despedir dos estudantes. Ele lembrou que a Universidade oferece cursos de Pós-Graduação em diferentes áreas e convidou todos a conhecer essas ofertas.


  A UFSC fará, para sempre, parte da vida de vocês.

Irineu Manoel de Souza, reitor


Composição da mesa da cerimônia de formatura. Foto: Salvador Gomes/Agecom/UFSC

Após o pronunciamento, o reitor Irineu Manoel de Souza encerrou oficialmente a colação de grau. A mestre de cerimônias, Samira Bellettini Borges, secretária-executiva da Coordenadoria de Serviços Integrados de Comunicação e Eventos do Campus de Araranguá da UFSC, convidou a todos os presentes para a contagem regressiva. 5… 4… 3… 2… 1… Foi depois disso que os capelos voaram.


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Fotos: Salvador Gomes/Agecom/UFSC























































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