Ato em combate à violência contra a mulher ocupa o centro do Recife

A Avenida Conde da Boa Vista, no centro do Recife, se tornou palco de um ato de combate à violência contra a mulher, em alusão ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado nesta segunda-feira (25). A data faz uma homenagem às irmãs Mirabal, da República Dominicana, ativistas políticas que combateram o regime ditatorial de Rafael Trujillo, entre 1930 e 1961. Patria, Minerva e María Teresa Mirabal foram assassinadas pelo regime em 1960.

No Recife, a ação, organizada pelo Movimento de Mulheres de Pernambuco, teve a articulação de outras frentes sociais, como o Fórum de Mulheres de Pernambuco, e o Movimento Brasil Popular. 

O centro da cidade é o centro de debates

De acordo com Elisa Aníbal, que representa o Fórum e o Grupo Curumim, o ato é significativo, principalmente, pelo local. “A escolha desse lugar é a tentativa de dialogar com a sociedade. Porque a gente entende que eliminar a violência contra as mulheres parte do pressuposto de que a gente precisa enfrentar esse tema na sociedade”, comentou. 

O movimento reuniu três pautas basilares que vêm sendo discutidas frequentemente no Brasil. Além do ponto principal, o combate à violência contra a mulher, o ato reivindicou o direito ao aborto legal e o debate do fim da escala 6×1. “Eu acho que se tem um sujeito que pode juntar todas essas pautas são as mulheres. As mulheres sofrem a violência cotidianamente. As mulheres sofrem o estupro e engravidam em decorrência desse estupro, e não podem acessar o aborto legal, na maioria das vezes. E são as mulheres que são sobrecarregadas pelo trabalho, porque a gente tem dupla ou tripla carga de trabalho. A gente tem um trabalho produtivo, que é aquele fora de casa, que a gente tem que cumprir a carga horária de oito horas diárias, ou mais, e aí a gente chega em casa e tem que cuidar dos filhos, da comida, da casa, é mais trabalho”, destacou Elisa. 

Educação feminista mudando gerações 

A militância feminista se estende, muitas vezes, à educação doméstica. É o que relata a assistente social Maria Josilene Jerônimo, moradora do bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife. Aos 50 anos, ela participa do coletivo de mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), e vê a necessidade de trazer as pautas feministas à tona. “A importância da gente é mostrar a nossa força de luta, de ver quantas mulheres hoje estão sofrendo violência. Que se a gente ver, em minutos, milhões de mulheres são violentadas”, comentou. 

Maria Josilene Jerônimo. Foto: Rachel Andrade/LeiaJá

Como mãe e avó, Maria se orgulha ao falar de como as novas gerações vêm aprendendo a colocar seus limites, e se proteger mais de outras violências. “Minha neta tem três anos, e ela já sabe: ‘não é não, né vovó?’. Ela já sabe. Porque quando uma criança começa a falar ela já tem que ser incentivada, o que é violência? Como é que devem tratar o dela? O que, como é que ela se sente quando ela for violentada, onde denunciar, o que pode, o que não pode pegar. Tudo isso já tem que saber desde criança”, compartilhou. 

As múltiplas formas de violência contra a mulher 

A manifestação levantou as problemáticas da violência contra a mulher das diversas formas. É o que contou Elisa Maria Lucena, do Movimento Brasil Popular. “Eu acho que dia 25 de novembro tem esse sentido bem amplo mesmo, de pensar a violência contra a mulher nas diversas manifestações dessa violência. Então, desde a interdição das mulheres a participarem da vida política pública, com a sobrecarga de trabalho doméstico. E a gente já faz um link com essa pauta dos 6×1. Dizendo que injustiça reprodutiva é violência também. Porque a gente tá faltando aí 6×1, mas a gente tem as mulheres que trabalham 7×7”, relatou. 

O ato teve ainda um momento de vigília, com velas acesas em homenagem às vítimas de feminicídio no Brasil. A militância ainda distribuiu panfletos e houve um jogral, ao final, listando as reivindicações dos movimentos sociais presentes. 

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