Repasse de verbas da Emasa para a Prefeitura provocou saída de ex-diretor da autarquia

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Emasa ouviu dois novos depoimentos durante a reunião desta segunda-feira, 26. O ex-diretor-geral da Emasa, Carlos Haacke, e o analista químico da autarquia, Caio Cardinali, ficaram à disposição dos vereadores.

Ao ser questionado sobre os motivos de sua saída da Emasa, o ex-diretor-geral, Carlos Haacke, revelou que decidiu pedir exoneração do cargo após o prefeito Fabrício Oliveira (PL) solicitar repasses do caixa da autarquia para a Prefeitura.

“Eu fiz uma consulta ao Tribunal de Contas do Estado, na oportunidade, e eles me disseram que eu não deveria transferir, porque os recursos da Emasa eram vinculados única e exclusivamente ao sistema de tratamento de água e esgoto. Diante disso, eu disse que não ia transferir”, destacou.

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Ainda de acordo com Haacke, durante sua gestão, havia o projeto para um conjunto de obras que acabaram não sendo realizadas, orçadas em mais de R$ 100 milhões. Curiosamente, desde 2017, cerca de R$ 100 milhões foram desvinculados da Emasa para a Prefeitura.

O ex-diretor ainda lamentou o fato de que uma das principais promessas do atual governo era o programa ‘Balneário Camboriú de Águas Limpas’, que acabou não se concretizando.

“Eu espero que um dia nós possamos renovar a expectativa de que a praia seja novamente uma praia limpa. Fiquei muito chateado porque, na época, o nosso mote era Balneário Camboriú de Águas Limpas. Quer dizer, o mote do governo do Fabrício era Camboriú de Águas Limpas, e nós fizemos o contrário. Isso foi ruim para a cidade”, disse.

Para o analista químico Caio Cardinali, que atua desde 2014 na autarquia, os problemas no tratamento preliminar resultaram no acúmulo de areia e outros materiais na lagoa de aeração, o que pode ter sido o ponto de partida para o rompimento da geomembrana, afetando a eficiência do esgoto tratado.

“Observamos também, de imediato, que isso pudesse estar relacionado a algum grid de geração que tivesse entrado por baixo da lona. Então, imediatamente, desligamos os sopradores, o fornecimento de ar, e vimos que a bolha não se desfazia. Nesse contexto, mais uma vez, por relação de causa e efeito, já estava evidenciado ali que havia esgoto sob a lona e lodo. Nessas condições, sem oxigenação, ocorre um processo degradativo que gera dióxido de carbono e metano, que, portanto, pressuriza o local. A partir disso, em ato contínuo, avisei a diretoria técnica para que fossem tomadas as providências necessárias”, afirmou.

Outro momento importante do depoimento de Cardinali foi quando ele admitiu a existência de “ruídos constantes” nos corredores da Emasa sobre um possível processo de privatização.

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Após a reunião, o vereador André Meirinho (PP) disse que o depoimento de Carlos Haacke, citando os pedidos de repasses da Emasa e a falta de investimentos, explica os motivos pelos quais a Estação de Tratamento está enfrentando tantos problemas.

“Existiam estudos dentro da Emasa para realizar investimentos, para modernizar. Esses investimentos não foram feitos, e também ficou claro por que não foram realizados. Um dos motivos é que os recursos foram retirados da Emasa; as pessoas pagaram pela água e esgoto, mas não receberam o serviço de volta. Os investimentos não foram feitos, e o sistema foi se deteriorando. Agora estamos indo para a terceira temporada sem balneabilidade”, avaliou.

O vereador Lucas Gotardo (NOVO) também criticou a atuação do relator da CPI, vereador Gelson Rodrigues (CIDADANIA), alegando que ele vem defendendo nitidamente a Prefeitura durante as oitivas.

“Quem tem assistido às reuniões da CPI consegue notar que ele está fazendo uma defesa incisiva do governo, como se a Emasa não tivesse responsabilidade alguma”, declarou.

A próxima reunião da CPI da Emasa está marcada para o dia 5 de dezembro. Ainda não há confirmação das oitivas com o ex-diretor técnico Sérgio Juk, devido a um problema de saúde, e, conforme o presidente da CPI, Anderson Santos (PL), a Câmara ainda não conseguiu localizar o ex-diretor-geral da Emasa, Douglas Beber.


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