Caso Thamily: polícia responsabiliza motorista de app por tiro de agente que matou aluna em SC

A morte de Thamily Venâncio Ereno, de 23 anos, foi confirmada na madrugada deste domingo (23). A jovem foi atingida, na última sexta-feira (21), durante uma operação da Polícia Civil em Criciúma. A corporação responsabilizou um motorista de app pela abordagem a tiros dos agentes. O caso Thamily segue repercutindo.

Caso Thamily Venâncio Ereno, que foi atingida por um tiro durante operação policial em Criciúma, segue repercutindo

Caso Thamily: estudante de odontologia foi baleada em operação da PCSC – Foto: Arquivo pessoal/ND

Os policias civis cumpriam um mandado de prisão, na data em questão, contra um jovem, de 20 anos, companheiro da vítima, envolvido com crimes de tráfico de drogas e com organização criminosa. No momento da abordagem, o foragido estava dentro de um carro de aplicativo.

Ainda conforme a Polícia Civil, o condutor do veículo não obedeceu à ordem de parada dos agentes e acelerou, em marcha ré, na direção dos policiais. Um disparo foi realizado e atingiu a cabeça da jovem, que recebeu atendimento médico no local. Posteriormente, a vítima foi encaminhada ao hospital.

Na tarde de sábado (22), por volta das 13h, o delegado regional da Polícia Civil, André Milanese, informou que a unidade hospitalar divulgou que a jovem apresentava quadro de morte encefálica, mas continuava respirando. A morte foi confirmada, oficialmente, neste domingo.

Caso Thamily: delegado-geral fala sobre tiro de agente

Em uma nota, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, disse que “a grande responsabilidade pelo caso foi o condutor do veículo e de quem misturou a jovem com o mundo do crime”. Ele explicou, ainda, que o foragido, que se escondia, teria entrado sozinho no veículo.

Ulisses Gabriel, delegado-geral de Santa Catarina, fala sobre tiro de agente que matou estudante em Criciúma

Ulisses Gabriel, delegado-geral de Santa Catarina, falou sobre o caso Thamily – Foto: Divulgação/Câmara de Vereadores de Blumenau/Reprodução/ND

“Com a voz de prisão, o motorista deu a ré em cima da viatura e dos policiais civis, ocorrendo legítima defesa com disparo de arma contra a agressão injusta, tendo o disparo acertado uma mulher que já estava no carro quando o foragido entrou”, ressaltou o delegado-geral.

Ulisses frisou que esse foi um caso de “aberratio ictus”, ou seja, quando há um erro na execução e o agente atinge uma pessoa diferente da que deveria. “Somos duros na apuração de condutas de policiais, levando vários a perder os cargos, mas no caso em exame, pelas provas, a situação é clara”, declarou.

Defesa do motorista de aplicativo diz que houve “articulação policial”

A defesa do acusado, em nota, enfatizou que ele realizava uma viagem para um casal. “Ao chegar ao destino, foram surpreendidos pelo que acreditaram ser um assalto, já que dois homens armados desceram de uma viatura descaracterizada e partiram em direção ao carro”, diz um trecho do texto.

Viatura da Polícia Civil de Santa Catarina

Polícia Civil realizava uma operação no bairro São Sebastião, na última sexta-feira, em Criciúma – Foto: Divulgação/Polícia Civil

A defesa ainda argumentou que o motorista, após ser encaminhado até a Delegacia de Polícia para prestar depoimento, “se viu envolvido em uma articulação policial que buscava colocar sobre si a responsabilidade de uma infundada tentativa de homicídio contra os agentes policiais”.

Situação teria causado “estranheza”

Os advogados ressaltaram que os envolvidos foram ouvidos, “exceto a policial que efetuou o disparo fatal contra a jovem”. A defesa do motorista também citou outra situação que teria causado “estranheza”.

“Uma testemunha, que não só presenciou os fatos, como registrou em seu celular, ter sido abordada por um agente policial, que o obrigou a entregar seu telefone, sendo devolvido apenas sob a condição de apagar toda e qualquer imagem relacionada a trágica ocorrência”.

O delegado regional, no entanto, rebateu a informação e disse que “a tal testemunha que teve o celular apreendido foi um suposto repórter de um site que chegou no local bem depois, quando, inclusive, a ambulância já tinha levado a mulher baleada”.

Motorista está preso preventivamente

O motorista de aplicativo, de 42 anos, está preso preventivamente. A Polícia Civil informou que o homem respondia a outro processo pelo crime de lesão corporal e de dano. Ele também teria jogado um carro que dirigia em cima de outra pessoa, de forma proposital.

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