Amigos de garçom morto e esquartejado por colega limparam a casa dele após a perícia do crime: ‘Era como irmão’


Antônio Carlos dos Santos Sá foi assassinado e esquartejado dentro da própria casa, em Goiânia. Jovem de 21 anos confessou o crime e está preso. Antônio Carlos dos Santos Sá, de 58 anos, foi morto e esquartejado, em Goiânia
Arquivo pessoal/Rodeval Gonçalves
Imagine receber a notícia de que um amigo de longa data morreu e foi esquartejado dentro da própria casa e, ainda, ter que limpar o local do crime após a perícia. Foi o que aconteceu com Rodeval Gonçalves, amigo do garçom Antônio Carlos dos Santos Sá, de 58 anos, em Goiânia. Um jovem, que diz que é colega da vítima, confessou o crime e está preso.
“Ele era muito especial e querido por nós. Ele era como um irmão”, lamenta Rodeval.
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Segundo Rodeval, assim que recebeu a notícia da morte de Antônio Carlos, foi com o irmão até a casa do amigo, chegando lá por volta de 14h30. Eles passaram toda a tarde acompanhando os procedimentos policiais. Entenda abaixo como o crime aconteceu.
“Ficamos até a noite, quando foi retirado o corpo dele pelo IML. Depois nós lavamos a casa e colocamos as coisas dele para dentro, porque o pessoal da perícia tinha retirado mas não colocaram de volta”, lembra o amigo.
Rodeval conheceu a vítima há mais de 20 anos, quando os dois deixaram a cidade de Ilhéus (BA), onde nasceram, para trabalhar no Tocantins como representantes comerciais na vendas de anéis de formatura. Ele afirma que Antônio Carlos era como um irmão para ele e, por isso, não poderia deixar a casa onde ele morava de qualquer jeito.
“Nós vivemos várias histórias juntos. Uma vez estávamos de moto, eu e ele, e sofremos um acidente. Eu ajudei a socorrer ele. Foram muitos momentos”, lembra o amigo.
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‘Brincalhão, trabalhador e honesto’
Rodeval veio morar em Aparecida de Goiânia em 2012. Oito anos depois, durante a pandemia, Antônio Carlos também veio tentar a vida no estado goiano. Durante essa mudança, foi acolhido pela família do amigo.
“Quando ele veio pra cá ele ficou um ano morando na casa do meu irmão. Depois ele arrumou esse emprego, alugou essa casa e foi morar sozinho, porque ficava mais próximo do trabalho dele”, conta o amigo.
Antônio Carlos não tinha filhos e era solteiro, segundo o amigo. Ele é descrito como uma pessoa brincalhona, trabalhadora e muito honesta. “Ele era amigável, prestativo e zeloso. Gostava de ajudar muito as pessoas. Era brincalhão, trabalhador e muito honesto”, diz Rodeval.
A vítima trabalhava de garçom em vários restaurantes da cidade e costumava indicar outros amigos para os serviços também. Foi assim que conheceu o jovem de 21 anos, que o matou, segundo o próprio investigado.
“Ele ajudar as pessoas foi que gerou a morte dele. Foi ajudar esse cara oferecendo um emprego e aconteceu o que aconteceu. Ele não merecia morrer dessa forma e sem motivo nenhum”, lamenta Rodeval.
Antônio Carlos foi sepultado no Cemitério Vale da Paz, na GO-020, saída para Bela Vista.
Notícia da morte
A chefe de Antônio Carlos foi quem ajudou a polícia a descobrir que ele tinha sido morto. À Polícia Civil, a mulher disse que foi até a casa do funcionário pois estranhou ele não ter ido trabalhar. Lá, encontrou um jovem e um saco de lixo preto dentro da geladeira. A situação levou os policiais a revistarem a casa, fazendo com que o jovem confessasse o crime.
“A mulher entrou no imóvel e saiu rapidamente. Depois, conversou com o soldado em particular (longe do amigo da vítima) e disse ter visto um saco plástico preto, de tamanho grande, dentro da geladeira, e achou estranho. O soldado entrou no imóvel e, quando abriu a geladeira, o amigo da vítima tentou fugir. Os policiais contiveram o jovem, que disse: “perdi, eu me entrego”, e disse ainda que tinha matado a vítima, e que o corpo estava embaixo da cama”, narra o documento.
A chefe de Antônio Carlos foi quem ligou para Rodeval, dando a notícia da morte do amigo. Ele diz que, assim que soube, saiu desesperado para a casa e acompanhou toda ação da polícia.
Relembre o crime
Jovem confessa que matou amigo e esquartejou corpo
O crime aconteceu em uma quarta-feira, 24 de julho, no Setor Jardim Santo Antônio, em Goiânia. No dia seguinte, a Justiça decidiu manter preso preventivamente o jovem que confessou o crime. Em nota, a Defensoria Pública do Estado de Goiás informou que representou o jovem durante a audiência de custódia, mas que não vai comentar sobre o caso.
O rapaz disse em depoimento à polícia que conhecia a vítima de serviços que faziam juntos em restaurantes. Ele também contou que Antônio Carlos estava ajudando ele a encontrar novos trabalhos e que, por morar longe do novo local indicado pelo amigo, decidiu dormir na casa dele.
Em depoimento, o jovem afirmou que acredita que Antônio Carlos pode “ter compreendido a situação de forma diferente”, já que eles dividiram a cama para dormir. Diz também que a vítima o acordou completamente nu, forçando relações sexuais com ele e que, por isso, agiu para “defender sua honra”.
“Eu matei ele porque tentou abusar de mim. A gente veio aqui na amizade e ele achou que ia acontecer mais coisas. Eu não gosto de homem. Ele tentou me oprimir com uma faca”, disse o jovem aos policiais.
Ao g1, o delegado Vinícius Teles disse que ainda não há confirmação de que essa tenha sido, de fato, a motivação do crime. A Polícia Civil está ouvindo testemunhas e aguarda a conclusão de alguns laudos para finalizar a investigação.
Em depoimento, o rapaz disse que pegou uma faca que estava perto de Antônio Carlos e deu um golpe no pescoço dele. Segundo o jovem, a vítima chegou a tentar pegar a faca, mas não conseguiu. À polícia, o jovem disse que se tivesse conseguido cortar todo o corpo de Antônio Carlos, ia colocar em sacos, chamar um carro por aplicativo e descartar em algum lugar.
Corpo debaixo da cama
Após cometer o crime, o jovem planejou esconder os vestígios que pudessem ligá-lo ao crime, limpar o local e “dar um fim” no corpo, conforme o depoimento. Depois, o jovem teria ido a comércios comprar sacolas plásticas e luvas para evitar contato com o sangue e não deixar impressões digitais, de acordo com o relato feito por ele à polícia.
“Utilizou a coberta e o travesseiro para limpar o sangue da vítima que estava pelo local e os colocou na geladeira, para evitar cheiro”, disse aos policiais.
Nota fiscal de produtos comprados por jovem que confessou ter matado amigo em Goiânia, Goiás
Reprodução/PM-GO
Conforme o jovem, ele já teria feito um curso online de necropsia, onde aprendeu sobre anatomia humana e sabia onde fazer cortes no corpo, caso fosse preciso para preparação de um funeral. Ele contou que usou duas facas de cozinha para o crime, uma de serra e uma de lâmina lisa.
À polícia, o jovem relatou que, com esse conhecimento, esquartejou a vítima em um banheiro, para evitar o cheiro de sangue na casa. Ele falou que só não cortou todo o corpo porque vizinhos passaram a bater na porta procurando pela vítima, conforme descreveu o depoimento.
Segundo o jovem, ele escondeu partes do corpo debaixo da cama em sacos de lixo. Outras partes ele alegou não ter dado tempo de colocar. O depoimento apontou ainda que o jovem não usou nenhum produto de limpeza no local, pois limpou o chão com roupas de cama, que foram escondidas na geladeira.
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