Empresas de transporte teriam contratado motoristas autônomos para tentar driblar a greve de ônibus na Região Metropolitana do Recife. A manhã desta segunda (12) marca o primeiro dia da paralisação dos rodoviários por tempo indeterminado.
Mesmo antes da atuação do Sindicato dos Rodoviários nas garagens para impedir a saída dos ônibus nas primeiras horas do dia, empresários do setor teriam acionado profissionais de fora para não interromper o serviço.
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Com o anúncio da greve, ainda na semana passada, o Grande Recife Consórcio de Transporte determinou que 70% da frota operasse em horários de pico, das 5h às 9h e das 16h às 20h, e 50% dos coletivos circulassem ao longo do dia.
O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) acompanhou o funcionamento de apenas 23% da frota no início da manhã e acusa o Sindicato dos Rodoviários de descumprir a recomendação.
Motoristas de fora
Sem emprego, Estevão José conta que recebeu o convite da rodoviária Caxangá como uma oportunidade. A empresa teria entrado em contato com ele ainda na sexta (9) para substituir motoristas que aderiram ao movimento.
“Eu vim como profissional freelancer. A empresa ligou para mim na sexta-feira para vir para cá hoje para caso de necessidade. Eu preciso trabalhar e eles precisam de alguém para ajudar”, contou o motorista.

Na frente da garagem da empresa desde às 2h40, ele conversou com a reportagem por volta das 10h, mas ainda não tinha saído para rodar.
O profissional conta que apoia o direito do Sindicato dos Rodoviários em reivindicar melhorias, mas não acha justo privar a população de ir e vir. Na sua opinião, é importante buscar um acordo através de diálogo para que a população não saía prejudicada.
A reportagem entrou em contato com a Urbana-PE e o sindicato informou que não tem conhecimento sobre a contratação de motoristas autônomos.
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Trabalhadores falam sobre atuação do sindicato
No Terminal da PE-15, dois trabalhadores explanaram sobre a atuação do sindicato nesta manhã. Eles preferiram não se identificar para preservar os empregos.
“Quando começou a liberar o primeiro carro, chegou a oposição do sindicato e eles fecharam o terminal. Daí em diante nenhum carro saiu e quem chegou ficou. Desde 5h não saiu de nada daqui de dentro”, informou um funcionário do terminal.

Parado no terminal, outro profissional comentou que os motoristas dependem do aceno das lideranças da categoria para retomar o serviço. “Estamos só aguardando o sindicato e a oposição liberar o trecho para que possamos atender à população”, disse um fiscal da empresa Conorte.
Impasse sobre reajuste salarial
A proposta de reajuste do Sindicato dos Rodoviários pede o aumento real de 5% no salário, adicional de dupla função de R$ 500 e o aumento do ticket para R$ 720. A categoria também exige plano de saúde integral e o fim do controle de jornada por GPS. A entidade sindical critica o monitoramento por geolocalização e diz que essa cláusula desconta dos trabalhadores pelo atrasos quando o ônibus quebra.
A Urbana-PE nega o plano de saúde e a derrubada da cláusula do GPS. A proposta dos donos de empresas é de reajuste de 4,2%, com o aumento real de 0,5%, além do acréscimo de R$ 34 no ticket e adicional por dupla função em R$ 180.
Rodoviários responsabilizam Raquel Lyra
Os Rodoviários também cobram uma participação ativa do governo do estado nas negociações para um acordo com a Urbana-PE.
“Desde as primeiras assembleias, a categoria já deixava claro sua insatisfação e que se não houvesse nova proposta iria a greve, no entanto nada, nenhuma nova proposta foi feita! O governo Raquel Lyra, responsável pela gestão do Transporte público de passageiros, por sua vez simplesmente ignora tal situação. Entretanto, somente em subsídios já foram destinados mais de R$348 milhões aos empresários, com a previsão de chegar a R$ 400 milhões até o fim do ano. Entendemos portanto que o Governo do Estado precisa participar das negociações e mediar uma solução, a responsabilidade pela GREVE é do governo doestado e dos empresários. Esperamos que até o início da GREVE esses agentes assumam sua responsabilidade e apresentem uma proposta decente que possa impedir o movimento paredista”, segue o texto.
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