“Na dúvida, arremeta”

Caro(a) leitor(a),

Ano Novo! Lá vamos nós, decolar para mais um voo. E você? Já está pronto para o que vem pela frente? Já está com seu plano de ação, como muitos coaches indicam, para alcançar seus objetivos pessoais e profissionais? Já pensou sobre o seu destino? Onde será seu pouso ao final deste ano que acabou de começar?

Confesso minha inabilidade para viver uma vida tão programada. Não consigo enxergar dados, informações, experiências e conhecimento que me façam traçar um plano e segui-lo como um míssil balístico — aquele tipo com trajetória pré-determinada, que não pode ser alterada. Não sei se é pelo começo de ano, pelo embalo do verão ou até mesmo pela idade e a tal maturidade, que nos permite mais leveza e flexibilidade, mas estou mais para Zeca Pagodinho:

“Só posso levantar as mãos pro céu

Agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu

Se não tenho tudo que preciso

Com o que tenho, vivo

De mansinho lá vou eu.”

Sim, caro(a) leitor(a), nem tanto ao céu, nem tanto ao mar, como diria minha avó, mas “Deixa a vida me levar”. Sei que vou viajar, mas quem disse que a viagem é única? Quem sabe se será uma ou várias viagens? E o destino? Posso mudar o rumo, a rota, o percurso, a data, o horário… Porque, afinal, na vida, somos os pilotos da nossa própria aeronave.

arremeta

Onde será seu pouso ao final deste ano que acabou de começar? – Foto: Getty Images/ND

Mas uma coisa é certa: haverá turbulência pelo caminho. Inevitável, é fato que faz parte da vida. A turbulência, é provavelmente a principal causa do medo que muitas pessoas têm ao viajar de avião. Sou uma delas. Deixo de voar? Claro que não! Aprendi que, na turbulência, o avião vai para cima e para baixo, mas isso não causa perda de altitude. Esse fenômeno, causado pelas trajetórias irregulares do fluxo de ar, com velocidades instantâneas e flutuações aleatórias, é mais inconveniente do que perigoso. Turbulência não derruba avião!

Essas analogias me fazem refletir e acabam sendo fonte de inspiração e formas de enxergar a vida.

Ao escrever a coluna, me deparei com algo fascinante sobre aviação que serve como um conselho para o nosso voo deste ano: na dúvida, arremeta.

Na aviação, a arremetida, diferente do que muitos pensam, não é um sinal de fracasso, mas de sabedoria. Ao arremeter, você, piloto(a) da sua aeronave da vida, está tomando a decisão de abortar um pouso, ganhar altitude e tentar novamente, com mais segurança e visão clara do que está à frente.

Veja bem, os pilotos arremetem por diversos motivos: condições climáticas adversas, pista obstruída, aproximação desestabilizada ou qualquer outro fator que comprometa o pouso. A arremetida é uma medida planejada e treinada, porque a prioridade na aviação é preservar vidas e tomar decisões que garantam o melhor desfecho.

Não é assim na vida? Muitas vezes passamos por situações em que o plano não sai como esperado. O caminho que parecia fácil se torna turbulento e algo nos impede de “pousar”. Pois é, mas, assim como no cockpit, temos a chance de arremeter, repensar, ajustar o curso e tentar de novo.

Desistir não é a solução, mas ARREMETER É UM ATO DE CORAGEM, saber reconhecer que ainda não é o momento certo, e que podemos nos preparar melhor para o pouso é sabedoria. Começo de ano, trace seu plano de voo, mas não tenha medo de que se em algum momento algo não der certo, arremeta e recomece. Lembre-se: “Decolar é opcional, pousar é obrigatório”. Quem sabe na segunda tentativa o seu pouso pode ser mais suave?

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